Taxa Selic: O que esperar ao longo de 2023?

A decisão de reduzir ou aumentar os juros depende de aspectos internos e externos

Hoje é dia de estreia! Este é meu primeiro artigo na Inteligência Financeira e eu estou muito feliz por isto, pois há um match mais que perfeito entre meu propósito de “Desmistificar a economia” com o da IF que é ser um guia para você que quer começar a investir e não sabe como e também uma bússola para orientar você que já investe a tomar melhores decisões, usando linguagem simples, moderna e democrática.

Não é de agora que eu admiro e consumo os conteúdos da IF e a partir de hoje passo a fazer parte deste time incrível e a contribuir com meus artigos sobre inteligência financeira, demonstrando como a economia está presente no dia a dia, impacta a vida das pessoas e, consequentemente nos investimentos.

Para começar minha coluna escolhi um tema em alta: a taxa Selic e as expectativas em torno dela. A divulgação na ata do Copom (Comitê do Política Monetária) na semana passada deu um pouco mais de tangibilidade a tão falada possível queda da Selic que, apesar da expectativa e pressões do governo para que fosse reduzida, foi mantida em 13,75% pela sexta vez consecutiva e por unanimidade do Comitê de Política Monetária do Banco Central no início do mês.

Seguindo fiel o meu propósito de “Desmistificar a economia”, pois o conhecimento, assim como as pessoas é plural e diverso, resgato de forma breve o que é a taxa Selic, bem como seu papel na economia e os principais impactos no bolso das pessoas.

A Selic e seu papel na economia

A Selic é o principal instrumento de política monetária do país e é a taxa básica da economia brasileira, sendo a referência para as demais taxas no país.

Sua definição é feita pelo Banco Central, pelo Copom e o principal objetivo é alcançar a estabilidade de preços, ou seja, o controle da inflação.

A decisão de reduzir ou aumentá-la dependerá tanto de aspectos internos (do Brasil), quando externos, principalmente da perspectiva de crescimento da economia e inflação.

Principais impactos da Selic

  1. Na inflação: a Selic está diretamente ligada ao controle da inflação que é a variação de preços em um determinado período de tempo e que em alta desvaloriza o dinheiro, reduzindo o poder de compra.
  2. No crédito: a Selic em alta reduz a oferta de crédito, pois sobe também a taxa de juros de créditos e empréstimos (empréstimo pessoal, limite da conta, rotativo do cartão de crédito, capital de giro e etc) e demais financiamentos, reduzindo os investimentos nos negócios e em infraestruturas, por exemplo.
  3. Nos investimentos: a Selic alta é favorável aos investimentos de renda fixa, que oferecem uma remuneração baseada em juros, como títulos públicos do governo federal, CDBs, letras de crédito, das debêntures, entre outras opções.

As taxas de juros altas também atraem investidores estrangeiros´, que procuram o melhor retorno do seu dinheiro, aumentando a demanda pela moeda do país. Logo, uma taxa elevada atrai investimentos.

Já uma taxa menor afasta os investidores. Isso porque ela faz com que os investidores prefiram aplicar em economias mais consolidadas que a brasileira, como é o caso dos Estados Unidos – considerado a “meca” dos investimentos. É por isso que os EUA atraem mais investidores, mesmo oferecendo uma taxa de juros menor que a dos países emergentes.

Por que a Selic foi mantida em 13,75%?

A manutenção da Taxa Selic foi, sem dúvida alguma, causada pela incerteza que ronda tanto a economia brasileira quanto a economia mundial.

No cenário interno, a principal incerteza é como ficará o desenho final do Arcabouço Fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e, consequentemente a condução da política monetária por parte do governo federal, a trajetória da dívida pública e da inflação.

Já o cenário externo, a taxa de juros aumentou pela décima vez consecutiva nos Estados Unidos. A inflação continua elevada e o Federal Reserve (Fed), Banco Central americano manteve o aperto monetário por lá.

Além dos EUA, os episódios com outros bancos no exterior têm elevado a incerteza. A inflação mundial continua em alta e os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência entre inflação e metas.

O que esperar do futuro?

É importante salientar que economista não faz previsões e sim, projeções de cenários a partir da análise de tendências e comportamentos.

Então, projetando um cenário futuro para a Selic, é possível concluir que a taxa já alcançou o patamar máximo e que é muito improvável outras elevações neste ano, considerando a permanência do cenário econômico atual.

Esta afirmação é possível, através da leitura e o entendimento da ata do Copom divulgada na terça-feira (9). Ainda que no início deste mês a decisão tenha sido unanime em relação a manutenção da Selic pela sexta vez consecutiva, a ata deixa praticamente nítida que nas próximas reuniões do Copom que acontecem, aproximadamente, a cada 45 dias podem haver novas manutenções da taxa básica de juros e também leva ao entendimento de que é possível descartar novos aumentos na taxa de juros. Além disso, o Copom sinaliza um horizonte para que seja iniciado o esperado ciclo de cortes.

Logo, a Selic deve permanecer no atual patamar até que a inflação volte à meta de 3,25% para 2023 e de 3% para 2024. Lembrando que, a meta inflacionária é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e não pelo Banco Central.

O que cabe ao BC é adoção de medidas necessárias para alcançar a meta. Contudo, obviamente soma-se a esta condição, as variações do cenário externo.

Ou seja, mais doses de “paciência e serenidade” são necessárias…