Ariel Frankel, CEO da Vitacon: empresa quer chegar ao primeiro bilhão em vendas com Selic em queda e novo plano diretor de SP

Venda de imóvel por inteligência artificial, condomínio a custo zero. Conheça as estratégias do executivo para levar a Vitacon ao primeiro bilhão

Você moraria em um apartamento de 20 metros quadrados, um imóvel com banheiro, cozinha e quarto? Até nos anos 1990, ele recebia o nome de quitinete. O apartamento de pequenas proporções foi rebatizado e agora se chama “estúdio”. Tem ares modernos, gente descolada e uma ampla área compartilhada, que vai de horta a espaço para treinamento de drones. Mas ainda sim, o local onde você mora tem apenas 20 metros quadrados. Funcionaria para você? Talvez, sim; talvez não. Mas fato é que esta é a grande aposta do CEO da incorporadora Vitacon, Ariel Frankel.

A Vitacon, que ganhou reputação de ser uma incorporadora de imóveis compactos, deve chegar neste ano pela primeira vez à marca de R$ 1 bilhão em vendas. A companhia vem colecionando números grandes: tem 25 mil clientes e já desenvolveu 100 projetos.

Detalhe: 70% dos lançamentos de imóveis em São Paulo são de apartamentos com até 40 metros quadrados. A empresa tem unidades em bairros como o Jardins e o Itaim. Seu público-alvo são os investidores, que compram o imóvel e o alugam para ter renda extra.

A companhia, no entanto, ficou famosa mesmo quando lançou um edifício com unidades de 10 metros quadrados. É o menor imóvel residencial em toda a América Latina. Veja imagem logo abaixo:

Para compensar o espaço minúsculo, a Vitacon coloca em seus projetos espaços compartilhados que considera inovadores, como hortas, terreno para treinamento de drones e lavanderias compartilhadas.

E tudo isso tem dado resultado? Segundo Ariel, sim. “A meta para este ano é superar R$ 1 bilhão em vendas”, contou o executivo neste Visão de Líder, que você assiste na íntegra no vídeo logo acima, ou lê os principais trechos editados logo abaixo.

Ariel é graduado em administração de empresas pelo Instituto Mauá de Tecnologia e tem 15 anos de experiência no mercado imobiliário brasileiro e dos Estados Unidos. Ao lado do irmão Alexandre Frankel, é um dos fundadores da Vitacon, incorporadora que existe há 14 anos.

Primeiro bilhão em vendas

Nossa meta para este ano é superar R$ 1 bilhão em vendas. Mas tudo depende do momento de mercado no ato do lançamento. Trabalhamos com crescimento de 30%, 40% ao ano. O ticket médio é de R$ 500 mil. São quase 200 unidades comercializadas todos os meses.

Queda da Selic

Desde o segundo trimestre a gente vem percebendo um movimento bastante forte dada a queda da Selic. Os juros têm um impacto fundamental na nossa indústria e na economia como um todo. Eles interferem desde o custo de oportunidade do lado empreendedor até no valor do empreendimento para o consumidor final. Conforme a Selic cai, o financiamento fica menor e o crédito, mais acessível.

Fundo imobiliário ou alugar um imóvel?

Os fundos imobiliários já ultrapassaram 2 milhões de investidores. Isso é muito positivo, porque o mercado carece com boas estruturas de capital, principalmente para empreendimentos também atípicos, que são pensados no longo prazo.

Logo, na incorporação, que engloba compra e venda, o ciclo termina em três, quatro anos. Já o fundo imobiliário é mais perene. E a gente entendeu também, ao longo do tempo, que o brasileiro tem uma cultura ainda muito forte, muito enraizada em ter escritura, em ter o imóvel e se sentir com mais controle, inclusive para as próximas gerações.

Muitos fazem isso pensando também numa divisão patrimonial futura. E a nossa ótica é que tem bons investimento, pontos de ambos os lados, dependendo do ciclo econômico de taxa de juros.

O futuro do investimento em imóveis

No mercado imobiliário a volatilidade é menor. Todavia, isso não quer dizer que é um mar de rosas. Há prós e contras em relação a outros investimentos, mas a gente acredita que por bons anos vai continuar assim. Além disso, está chegando a tokenização imobiliária, que vai ser uma outra forma de comercialização. Vamos ter cotas menores, desburocratizar o acesso a investimento.

Mas eu acho que a gente tem bons anos ainda para para surfar e depois ter uma divisão cada vez mais diversificada, equilibrada dentro do setor. Aliás, vale a pena investir em imóveis ainda é um bom negócio, um bom investimento.

Imóvel deve ser investimento de longo prazo

Eu invisto em imóveis e em fundos imobiliários. Mas tem muitas pessoas que compram um imóvel para uso sem ter uma clareza de médio e longo prazo. Eu acho que esse é um grande erro, porque a pessoa vai acabar investindo muito dinheiro, reformando e a transação de ida e vinda e inevitavelmente as despersonaliza.

Uma coisa que serve para um tipo de investidor, não serve para outro. Então eu acho que essa clareza entre uso e investimento é fundamental. Porém, olhando para o lado do investimento em si, eu diria que o erro ao investir seria estar com uma expectativa de curto prazo.

Então, os maiores acertos a gente entende que é quando você mirou no longo prazo, traçou alguns cenários hipotéticos dentro do conservador até o otimista, e você consegue navegar cada vez melhor.

O que é ter inteligência financeira?

É guardar riqueza de uma forma constante e ter boas alternativas em cima da mesa. Porque quando você se planeja e traça caminhos, você vai invariavelmente ter uma tomada de decisão em cima de algumas alternativas. E se você pode escolher, obviamente, já está numa vantagem competitiva nas tomadas de decisão colegiadas. Também acho que, tendo pessoas capacitadas e qualificadas que olham aquela decisão junto, é sempre uma agregação de valor. Então, para mim, esse pacote é uma boa inteligência financeira.