Com queda da Petrobras veja quais ações de petroleiras o mercado está de olho

Ações de petroleiras júnior ganham protagonismo; veja as melhores segundo especialistas

A recente queda da Petrobras (PETR3;PETR4) no Ibovespa, de mais de 10%, levou alguns investidores a procurarem ações de petroleiras privadas dentro da bolsa de valores brasileira em busca de um retorno maior sem o risco político da estatal.

Analistas do mercado financeiro dizem que Prio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3), PetroReconcavo (RECV3) e Enauta (ENAT3) ganharam destaque principalmente entre investidores locais e absorveram parte dos investidores que pularam fora da Petrobras.

As ações das petroleiras conhecidas como ‘júnior’ se valorizaram e operam acima do Ibovespa desde a queda da Petrobras, em 8 de março. Mas especialistas consultados pela Inteligência Financeira têm como consenso que uma empresa leva o caneco de melhor ação do setor.

Ações de petroleiras júnior sobem depois de crise na Petrobras

Desde a baixa de mais de 10% no valor de mercado da Petrobras, as ações das petroleiras no Ibovespa seguiram um movimento inverso.

A ação da Prio, com destaque no setor, subiu 9,77% na bolsa de valores. Logo atrás, estão os papéis da 3R Petroleum (7,54%), Enauta (5,19%) e PetroReconcavo (4,54%). Os dados vão desde o dia 8 de março até meados o pregão desta sexta-feira (22). Todas performam acima do Ibovespa, que acumulou queda de 0,46% no período.

Analistas dizem que as ações capturaram parte dos investidores que fugiram da estatal sob o temor de maior ingerência política na petroleira. O movimento vem, principalmente, dos investidores de varejo e institucionais locais que preferem continuar comprados em empresas de óleo e gás.

A procura é na verdade provocada pela aversão do risco político da Petrobras, que se tornou mais “explícito” ao mercado depois da decisão de reter dividendos extraordinários da empresa, afirma Luís Moran, chefe de research da EQI Investimentos.

A Petrobras confirmou que vai propor o pagamento de R$ 76 bi em dividendos ordinários na Assembleia Geral Ordinária (AGO), prevista para 25 de abril.

“A decisão sobre os dividendos foi política e não técnica. Isso torna cálculos de valuation para a Petrobras mais complicados, porque é um risco imprevisível”, afirma Moran. “Até para o investidor estrangeiro as maiores ações das petroleiras nacionais se tornaram alternativas”, continua o analista.

E quais as melhores ações de petroleiras para investir agora?

O mercado, de forma quase unânime, aponta que as ações da Prio (PRIO3) são as favoritas para quem quer investir no setor de óleo e gás com menor risco e maior liquidez.

A petroleira júnior recentemente anunciou a recompra de 89 milhões de ações, 94% acima do primeiro programa deste tipo feito pela companhia e anunciado em 2023.

No curto prazo, destaca Rafael Lage, analista de Investimentos da CM Capital, a Prio tende a ser a melhor ação entre as petroleira porque a companhia deve colocar em operação o campo de Wahoo, o que deve incrementar a produção de barris por dia. O novo polo deve elevar a extração de 100 mil para 140 mil unidades por dia.

“Acho que a ação que no curto prazo tende a crescer mais é PRIO3”, diz Lage.

Contudo, a greve do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) é uma pedra no caminho para a perfuração e exploração do campo de Wahoo. E também do polo de Albacora Leste, um dos principais ativos da Prio (PRIO3).

A preferência do mercado pelas ações da Prio também leva em conta possíveis dividendos.

“A Prio vai gerar bastante daqui para frente. E tal como o caixa, o retorno será mais interessante à medida em que a empresa encontrar formas de se consolidar. Acredito que ela vai virar uma grande pagadora de dividendos.”

A projeção de fluxo de caixa livre da Prio para este ano é de uma margem de 10% sobre as ações, destaca Larissa Quaresma, analista da Empiricus. “A Prio negocia a patamares baixos de EV/Ebitda, de 4,1 vezes, principalmente considerando o atual preço do petróleo”, diz.

Fusão entre 3R e PetroReconcavo pode destravar valor na bolsa

Ao mesmo tempo, analistas dizem que a Prio é a predileta porque as ações oferecem um potencial de alta com risco reduzido. Mas as ações da 3R Petroleum (RRRP3) também estão no radar de preferências entre as petroleiras.

Os resultados do quarto trimestre de 2023 foram mais positivos para a 3R. Isso porque, conforme a explicação de Larissa, houve uma “surpresa positiva no custo de extração do petróleo” pela companhia. A redução do custo de extração foi de 7% entre 2022 e 2023.

Há ainda a possível fusão entre a 3R Petroleum (RRRP3) e PetroReconcavo (RECV3), a ser decidia no final deste mês. A atual proposta, feita pela controladora da 3R, a sueca Maha Energy, implica em uma junção de operações para a exploração de campos de petróleo onshore.

Foto de dois funcionários da 3R Petroleum (RRRP3) usando uniforme verde e capacete branco.
Trabalhadores da petroleira 3R – Foto: Divulgação

A sociedade da nova empresa, a terceira maior exploradora de óleo no Brasil, seria dividida em igual parte – 50% para 3R e outros 50% para PetroReconcavo.

“Acreditamos que o negócio é benéfico para ambas as empresas: para 3R, pelo destravamento de valor ao acionista; para a PetroReconcavo (RECV3), pela redução da dependência operacional de terceiros. Mas, ainda assim, preferimos estar em 3R (RRRP3)”, destaca Larissa.

Já para Thiago Pedroso, head de renda variável da Criteria, a fusão favorece mais a 3R do que a PetroReconcavo. Afinal, caso seja concluída, a operação envolveria os campos maduros e a experiência de exploração da petroleira mais experiente, enquanto a 3R teria como atrativo as operações offshore.

Mesmo acreditando em um desfecho da negociação entre as petroleiras, as ações da 3R (RRRP3) tendem a capturar melhor a operação, cita Pedroso. Mas ele não acredita que a fusão virá em breve.

Petrobras (PETR4): ações ainda são as melhores do setor?

De acordo com o perfil de investidor, mesmo com o risco político compensa entrar nas ações da Petrobras (PETR4).

Na avaliação de João Abdouni, da Levante, as ações da petroleira estatal ainda são as melhores do setor, com Taxa Interna de Retorno (TIR) de 17%.

A métrica usa o fluxo de caixa descontado da Petrobras sobre as operações da companhia e quanto maior, melhor para o investidor.

Abdouni destaca que a operação da petroleira continua como a melhor do setor, por uma ampla margem.

“Nesse momento, se levarmos em consideração modelos de fluxo de caixa descontado, a melhor ação entre petroleiras é a Petrobras (PETR3;PETR4)”, afirma o analista.

Na projeção da Abdouni, a estatal deve terminar 2024 com caixa livre equivalente a R$ 100 bilhões. Vale lembrar que a Petrobras é obrigada a distribuir 45% do montante, conforme a nova política de dividendos.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou a investidores que a companhia pode optar pela distribuição de dividendos “a qualquer momento”. “Essa novela ainda não acabou“, disse Prates recentemente se referindo ao provento extraordinário.

A taxa de retorno da Petrobras é superior à da Prio e da Vibra Energia (VBBR3), mais próximas à estatal, destaca Abdouni.

Por fim, o especialista cita que a maior queda da bolsa no ano elevou a valorização em potencial da Petrobras. “Assim, a melhor petroleira em termos de resultados financeiros também é a Petrobras. A empresa tem o menor lifting cost e operacionalmente a Petrobras é imbatível”, completa.

Mas, para quem busca menos risco na bolsa e não quer sair do setor de energia, óleo e gás, Abdouni cita o papel da Vibra (VBBR3) como melhor opção.

Ações de petroleiras em 2024; confira

AçãoTickerRetorno após 08/03Retorno em marçoRetorno em 2024
Enauta ONENAT3+5,19%+7,97%+36,93%
Petrobras ONPETR3+1,70%-11,84%-6,90%
Petrobras PNPETR4+2,16%-11,34%-4,43%
PetroReconcavo ONRECV3+4,54%-2,78%+2,95%
Prio ONPRIO3+9,77%+6,75%+1,26%
3R Petroleum ONRRRP3+7,54%+8,37%+15,26%
Fonte: B3 e Estadão Broadcast