Ganhos de até 251%: veja quanto renderam as ações mais voláteis da bolsa em 2023

A lista de ações mais voláteis da B3 (a bolsa de valores brasileira) em 2023 tem na ponta – de maneira nada surpreendente – a Americanas. A empresa desidratou no ano passado, enquanto a bolsa de valores teve forte valorização: o Ibovespa subiu mais de 22%.

Porém, nem toda volatilidade significa perdas. Nos casos de C&A e Tenda, por exemplo, a escapada do padrão foi muito positiva. Os papéis, que se valorizaram 241% e 251%, respectivamente, estão entre as altas mais importantes da bolsa.

Veja a seguir a lista de ações mais voláteis da bolsa, organizada e elaborada por Einar Rivero, diretor da consultoria Elos Ayta, a pedido da Inteligência Financeira, e a rentabilidade de cada um dos papéis.

Importante dizer que o índice de volatilidade é utilizado por gestoras e demais agentes do mercado e mede a diferença entre a expectativa para o papel e sua rentabilidade efetiva (para cima ou para baixo).

Americanas e Magalu estão entre as ações mais voláteis de 2023

As Lojas Americanas (AMER3) e o Magazine Luiza (MGLU3) tiveram entre os varejistas as maiores volatilidades da bolsa em 2023. Além disso, a rentabilidade dessas ações foram negativas ao longo de 2023.

A Americanas sofreu ao longo do ano por conta das inconsistências contábeis apresentadas pela empresa, trazidas à tona no início de 2023. As ações chegaram a valer R$ 12 em janeiro, mas despencaram abaixo de R$ 1 no seu pior momento, onde se mantêm.

Já o Magazine Luiza sofreu com as incertezas relacionadas aos juros e balanços negativos, inclusive com erros no balanço do 3T23.

Por outro lado, para o curto prazo, as ações podem ter alta importante. “MGLU3 superou a resistência importante em R$ 2,08 (em novembro). Com este movimento, o ativo inicia uma tendência de alta no curto prazo e tem próximos objetivos em R$ 2,70 e R$ 3,50”, avalia Fabio Perina, estrategista em ações do Itaú BBA.

C&A em disparada

Ainda no varejo, mas na outra ponta da rentabilidade, a C&A (CEAB3) disparou ao longo de 2023, valorizando mais de 240% no período do levantamento. As ações aceleram a valorização principalmente no último trimestre, após balanço positivo relacionado ao trimestre anterior e com a manutenção da queda dos juros.

Dessa maneira, os papéis passaram de R$ 5,50 no final de setembro para mais de R$ 7,83 no fechamento do dia 28 de dezembro. Vale ressaltar que os papéis começaram o ano valendo perto de R$ 2,10.

“A empresa veio entregando resultados e negociando abaixo dos seus pares, como Lojas Renner (LREN3) e Riachuelo (GUAR3) que são listadas em bolsa. Os investidores perceberam esse desconto e a avenida de crescimento e melhora que a C&A pode entregar e passaram a precificar o ativo mais próximo da realidade”, diz Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7.

Com relação à volatilidade, “ativos que em geral negociam a um tíquete médio da cotação abaixo de R$ 10 tendem a ter uma volatilidade maior, já que qualquer variação tem uma representatividade percentual alta em relação ao seu preço de tela”, complementa Fernandes.

Aéreas, turismo e viagem

O setor que compreende companhias aéreas e serviços de turismo e viagem teve um ano positivo na bolsa, com Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4).

O setor foi impactado pela queda dos juros no segundo semestre e pelas iniciativas voltadas ao fomento do setor, como o programa Voa Brasil. Por outro lado, o preço do querosene de aviação, um dos principais custos para as aéreas, segue em patamares altos, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata).

Setor de educação

Decisões políticas também impulsionaram o setor de educação, especialmente as promessas relacionadas à recuperação do Fies, programa de financiamento para ingresso no ensino superior. Com isso, Yduqs (YDUQ3) e Ânima (ANIM3) escaparam do comportamento médio que costumam apresentar na bolsa.

Os resultado das empresas também animaram o mercado. “A partir do segundo semestre, as empresas apresentaram resultados melhores principalmente em captação de melhores alunos. Além disso, preços pendendo para cima mostraram mercado muito mais racional que nos anos anteriores. Nesse sentido, a Yduqs mostrou melhora primeiro”, avalia Bruno Damiani, analista de Varejo da Western.

Além disso, a queda dos juros também impulsiona o valor dessas ações do setor. Vale destacar que a maior parte das dívidas de algumas das empresas do setor está atrelada ao CDI, que acompanha a Selic de perto. A queda da Selic pode impulsionar as companhias do setor de educação em 2024.

Além disso, “é um setor que estava bem amassado, com os ativos do setor sendo negociados bem abaixo do seu múltiplo histórico”, diz Fernandes, da A7.

Veja a lista de ações com a maior volatilidade na bolsa em 2023