Credit default swap (CDS) ou Risco-país
O credit default swap (CDS) é uma forma de se trocar o risco de crédito com outra pessoa. Quem empresta o dinheiro compra um CDS como uma forma de seguro. Caso o tomador do empréstimo não pague o que deve, o emissor do CDS reembolsa quem emprestou o dinheiro.
Pode-se fazer um CDS em diversos contextos, mas os mais comuns são de hipotecas e de títulos de dívida de países emergentes, de cidades e de empresas. O emissor do credit default swap arca com a dívida caso eventos drásticos aconteçam, como o banco emissor ir à falência, ou o país declarar moratória. Apesar de extremos, veem estes casos com certa frequência no mercado financeiro.
As características de um credit default swap
Existem diversos prazos de credit default swap, entre um a dez anos, mas os mais negociados no caso de países são os de cinco anos. O preço dos contratos também muda conforme as condições financeiras. A venda é feita no mercado de balcão em negócios que envolvem investidores institucionais e bancos. A remuneração do emissor do CDS varia de acordo com a percepção de risco envolvendo o empréstimo. Caso um calote pareça mais provável, o CDS fica mais caro. Calculam esta precificação da curva de juros do CDS em pontos base, e um ponto base equivale a 0,01%.
Como tudo começou
O credit default swap foi desenvolvido pelo banco americano JP Morgan nos anos 1990 para reduzir o risco de sua carteira de crédito. Tudo começou com um derramamento de óleo no Alasca, em 1989, por um navio da Exxon. A empresa precisou se preparar para pagar os custos de multas e indenização relativos ao acidente ambiental. A petroleira procurou o JP Morgan para conseguir uma linha de crédito de cerca de US$ 5 bilhões.
O problema é que, de acordo com normas financeiras, o banco teria de se proteger caso a Exxon não conseguisse pagar, comprometendo uma grande parte do caixa. Para reduzir a exposição ao risco, o JP Morgan vendeu este risco de crédito ao Berd (Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento). Caso a Exxon não pagasse o empréstimo, o Berd arcaria com o prejuízo. Em troca, o JP Morgan remunerava o Berd com uma taxa. O dinheiro do empréstimo saiu dos caixas do JP Morgan, mas o banco não teve mais que fazer uma reserva para se proteger de um possível calote. Desde então, a operação se popularizou até ser um dos fatores-chave da crise financeira de 2008.
Por que o CDS é importante?
O credit default swap ligado ao título de dívida de um país é tido pelo mercado financeiro como uma forma de medir o risco de se investir ali, pois oscila de acordo com a percepção de risco em torno do seu endividamento e do seu desempenho econômico.
Se a pontuação do contrato sobe, é um sinal negativo para o país, já que investidores estão receosos quanto à saúde financeira local e cobram mais pelo CDS. Se a pontuação cai, é um bom sinal, já que os investidores veem uma maior probabilidade de ele quitar suas dívidas e cobram menos pelo credit default swap.
O credit default swap de cinco anos, também chamado de risco-país, é o contrato mais utilizado para proteção contra calotes. Só para você ter uma ideia, em agosto de 2021, o CDS de cinco anos do Brasil estava em 183 pontos, o que representa uma chance de 3,05% de calote.
Nos últimos anos, o risco-país brasileiro chegou à máxima de 374,9 pontos em março de 2020, depois de uma mínima de 91,8 pontos em fevereiro de 2020.