O valor médio pago por dívida atrasada pelos brasileiros neste ano ficou em R$ 703,59 no primeiro trimestre do ano, conforme levantamento da empresa de cobranças Paschoalotto. O valor é 1,3% maior que os R$ 694,49 observados no trimestre anterior. O número de pessoas que se organizou para quitar suas dívidas aumentou 3,2% nos três primeiros meses do ano, ante o último trimestre de 2021.
A pesquisa foi realizada na base de dados da Paschoalotto, avaliando 3,6 milhões de contratos em todo o Brasil, somando R$ 15,6 bilhões em dívidas. São Paulo representava o maior estoque de dívida, com 21,63% do total, e Roraima o menor, com 0,24%.
Segundo o economista-chefe da empresa, Reinaldo Cafeo, o cenário de inadimplência foi agravado em 2020, em plena pandemia de covid-19, e passou a mostrar melhoras, com a maior quitação de dívidas, a partir de julho do ano passado. “Foi uma mudança positiva do quadro. Mês a mês passamos a ter um número maior de pessoas honrando suas dívidas e, gradativamente, o tíquete médio também subiu”, afirma Cafeo.
De quanto foi o desconto dado às dívidas vencidas?
O desconto médio dado às dívidas foi de 45%, conta o economista, mas há campanhas para acerto de contas que chegam a oferecer até 80% de desconto no total, considerando o valor principal, juros e multas por atraso.
“Uma dívida pendente que retira a possibilidade de compra a prazo devido as restrições de crédito é sempre um trauma para as famílias. Para muitos, o nome sem restrição de crédito é o maior patrimônio que a pessoa possui”, afirma Cafeo.
Segundo ele, a maior parte da população não é devedora reincidente e, justamente por isso, se sente humilhada ao tentar fazer uma compra e ser impedida por estar negativada, o popular “nome sujo”. “Nossa intenção é recolocar o cidadão no mercado de consumo, para reaquecer comércio local”, conta Cafeo, destacando a importância de programas de educação financeira.
O economista explica que o aumento no valor do acerto de contas observado neste ano é decorrente da queda na taxa de desemprego do país, de 3,8 pontos percentuais na comparação com o mesmo trimestre de 2021, para 11,1%. Além disso, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) aponta para um saldo líquido positivo de 615,2 mil vagas de emprego formal criadas no período.
Ainda no primeiro trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1% em relação aos três últimos meses de 2021, sendo que o consumo das famílias, que representa cerca de 70% da demanda agregada do PIB cresceu 0,7% no período.
Mas o segundo semestre parece bem menos auspicioso. Com perspectivas para a economia ganhando contornos de recessão, inflação alta nos Estados Unidos, aumento de juros nos Bancos Centrais em todo o mundo, perda de renda dos brasileiros e eleições presidenciais, Cafeo já espera por uma tendência de queda no número de contas quitadas.