Falta dinheiro? Veja 5 comportamentos que sabotam seu bolso
Às vezes falta malícia, controle ou até mesmo conhecimento
Às vezes, a gente não entende o que está dando errado na nossa vida financeira. O colega de trabalho ganha o mesmo que você e consegue viajar, guardar dinheiro e você está sempre sem dinheiro. O seu primo que ganha menos conseguiu comprar uma moto ou carro e você segue na pindaíba. Onde foi que você errou?
Existem alguns comportamentos que podem nos levar ao desequilíbrio financeiro. Às vezes falta malícia, controle ou até mesmo conhecimento. A assessora de investimentos Luciana Ikedo lista cinco coisas que sabotam suas finanças e explica porque você deve evitá-las.
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1. Nunca empreste seu nome
Não se trata de emprestar dinheiro. Não é só isso. É assumir dívidas por outra pessoa. Por exemplo, algo que é bem comum, é emprestar o cartão de crédito. “Ah, vai me avisando quando fecha sua fatura que te passo”. Pense numa desculpa ou seja franco e diga “não”.
Parece inofensivo, mas no caso de a pessoa não pagar você pode terminar com os juros mais altos do mercado. Vira rapidamente uma bola de neve e é seu nome em jogo. No fim, você fica na encruzilhada entre assumir uma dívida que não é sua ou ficar com nome sujo na praça.
“Pode ser a sua irmã, sua melhor amiga, seu cunhado: por mais que a história seja triste, não empreste o seu nome. Esse pedido sempre vem de alguém próximo e que a recusa causa um baita constrangimento. Muitas vezes, para se evitar que o relacionamento seja abalado, o pedido é aceito. Tenha certeza de que, no caso de aceitar, haverá constrangimentos muito maiores a cada vencimento da parcela e que, quando a pessoa parar de te responder no WhatsApp porque não tem dinheiro para arcar com o compromisso, a relação azedará de vez”, afirma Luciana.
Se for uma quantia de que você possa dispor, é até melhor doar do que se comprometer com um crédito por outra pessoa.
Luciana Ikedo, assessora de investimentos
O mesmo vale para outras formas de empréstimo: consignado, crediário, crédito pessoal. O financiamento de carro ou moto também é um perigo, mas ao menos você teria o bem como garantia. Difícil é conseguir pegar de volta se o devedor te der o calote.
“Lembre-se sempre que se a pessoa não zelou pelo próprio nome e chegou a negativação, ela também não zelará pelo seu”, insiste a assessora. A consequência de um nome sujo é que você terá dificuldades de ter crédito, como limite do cartão pra compras parcelas ou, quando conseguir algo, será a juros ruins, altos, que tornarão sua dívida mais cara.
2. Não gaste mais do que ganha
Parece óbvio, mas principalmente em tempos como agora, com inflação nas alturas, fica fácil se perder nas contas. O que antes cabia no orçamento, hoje pode não caber mais e a coisa vai evoluindo até você perceber que está há vários meses com saldo negativo.
Existem três perguntas que você deve se fazer e colocar as respostas no papel:
- Quanto foi a sua renda no mês passado?
- Qual o valor das suas despesas no mês passado?
- Qual o valor da sua próxima fatura de cartão de crédito?
“A maioria das pessoas não consegue responder a estas questões ou fala de valores aproximados que depois constatamos que ficam bem distantes da realidade. Para que os gastos não ultrapassem a receita é preciso ter controle, ou seja, não confiar na contabilidade mental”, diz Luciana.
E mais: não dá pra sair gastando no cartão e calculando depois. Os gastos também precisam ser planejados com antecedência, com valores definidos antes de passar o cartão de crédito. Claro que existe um grande volume de pessoas que não ganha o suficiente para o básico. Mas em outros casos há maneiras de contornar a situação.
“Muitas pessoas argumentam que ganham pouco e que por isso fecham o mês no vermelho. Mas a verdade é que, se não arrumarmos a casa com o orçamento atual, quando a renda aumentar é bem provável que as despesas aumentem na mesma proporção e que as contas continuem no vermelho”, completa a assessora.
3. Converse sobre dinheiro com a família
A transparência é uma amiga do seu orçamento familiar. Conversas sobre dinheiro não devem ser um tabu, principalmente se ele anda em falta. De acordo com especialistas, é importante que a família compartilhe os objetivos financeiros e também os sonhos. Assim, trabalharão juntos, se ajudando para atingir a meta, em vez de um atrapalhar o outro no caminho.
De acordo com Luciana Ikedo, é muito comum que um casal discuta antes de “juntar as escovas de dentes” sobre qual será a cor da parede, os nomes dos filhos. Mas a conversa sobre quem pagará a conta de luz, como serão investidos os recursos do casal e se as contas serão divididas igualmente ou proporcionalmente não acontece. Ela ressalva ainda que dá para se casar por amor sem deixar de lado as questões financeiras.
E será que vale a pena ter conta conjunta? No vídeo abaixo, respondemos tim tim por tim tim:
“A falta de diálogo leva a sobrecarga do provedor da família ou ônus exagerado daquele que tem menor renda no casal. Também leva a criação de filhos sem letramento financeiro, que, quando adultos, podem não saber como lidar com as próprias financeiras e sofrerem com a dificuldade em alcançar a própria independência financeira”, aponta.
Dizer o quanto ganha é um problema para algumas pessoas. Mas é importante que os cônjuges saibam da renda um do outro para dividir de maneira equilibrada as contas, sem que ninguém fique sobrecarregado ou corra risco de endividamento.
Para a assessora financeira, também é necessário abrir o jogo sobre o que se gasta, para evitar a infidelidade financeira.
“Para os filhos, devemos adequar a educação financeira à idade. A partir dos três anos de idade podemos começar a educá-los financeiramente, utilizando a literatura infantil ou a gamificação. À medida que forem crescendo, podemos introduzir a semanada e, posteriormente, a mesada. Não é preciso abrir o quanto se ganha (para os filhos), mas não podemos ter medo de negar os pedidos dos filhos quando o orçamento não comporta os gastos”, afirma a especialista.
4. Faça escolhas conscientes e autônomas
De acordo com Luciana Ikedo, um grande problema nas finanças comportamentais é o ser “escolhido” ao invés de “escolher”. Ela explica que levar a vida financeira no modo automático, utilizando todo o recurso que entra na conta sem nenhum controle, acessar o limite do cheque especial, receber a fatura do cartão de crédito e ficar chocado com o valor são exemplos de ser escolhido ao invés de escolher.
“Trazendo o Daniel Kahneman, autor do livro Rápido e Devagar para a conversa, ser escolhido em vez de escolher é acreditar que estamos tomando decisões racionais quando na verdade estamos no modo automático”, elucida.
Existem estratégias para lutar contra o seu sabotador. Por exemplo: se você não consegue ir ao shopping sem gastar, ou vá sem o seu cartão de crédito ou escolha passear em outro lugar, como num parque, onde não haverá tantas tentações.
Faça a sua escolha e não se deixe levar pela maré do momento. Antecipe as decisões que podem levar para o abismo, antes que elas aconteçam. “Se nunca sobra dinheiro para investir, eu posso programar uma transferência automática da minha conta corrente para a conta da corretora antes de gastar. Estes são exemplos da arquitetura de escolha sendo usada para o bem da saúde financeira”, diz Luciana.
5. Pagar todas as dívidas antes de investir pode ser furada
Um dos principais caminhos para o endividamento é não ter uma reserva de emergência. Por isso, é importante que você priorize a construção de uma reserva, em vez de se apressar para terminar logo o financiamento do carro. Esse dinheiro da reserva deve ficar à disposição, em investimentos com alta liquidez, que podem ser resgatados com facilidade, como CDBs de bancos menores e títulos públicos, como o Tesouro Selic.
“Muitas vezes, ao receber o 13º salário, a PLR ou um recurso inesperado, a pessoa se apressa para quitar duas ou mais parcelas de uma única vez, utilizando a totalidade do recurso. Isso pode ser um erro”, afirma Luciana.
Isso porque até as dívidas merecem ser divididas por grau de prioridade. As mais caras, sim, devem ser quitadas com urgência, mas aquelas com juros mais baixos e prestações mais suaves podem esperar até que você forme um investimento básico o suficiente para evitar se enrolar no cheque especial ou no juro rotativo do cartão de crédito.
As primeiras na lista a serem evitadas e em relação às quais se deve fazer de tudo para se livrar são as dívidas de crédito pré-aprovado, como limite do cheque especial, o parcelamento da fatura do seu cartão de crédito ou empréstimo contratado direto no aplicativo do seu banco de forma automática.
“Some tudo, negocie um empréstimo com uma boa taxa e com uma parcela que caiba no seu orçamento e se livre logo disso”, afirma Luciana.
Já o financiamento de um imóvel ou um empréstimo consignado podem ser exemplos de dívidas de melhor qualidade, que podem ser suportadas no longo prazo, desde as parcelas não extrapolem o tamanho do bolso. Lembre-se de que as emergências sempre vão acontecer, só não se sabe quando. Ter um colchão de reserva para esses momentos evita que você tome empréstimos sem ter condições de pensar nas taxas altas e que podem virar uma bola de neve.