Não se engane: carro não é investimento; entenda os motivos

Em geral, veículos têm custos que podem subir conforme o tempo de uso
Pontos-chave:
  • Só de dar uma volta no quarteirão o carro zero perde 20% do valor
  • Se o veículo gasta mais do que 20% da sua renda, é hora de reavaliar a necessidade de ter um

Dos dez carros zero quilômetro mais vendidos no primeiro trimestre deste ano, cinco têm preços que começam com R$ 100 mil. De 2020 para 2021, o preço médio dos carros e comerciais leves teve aumento de 17%, já descontada a inflação. Carro, hoje em dia, está muito mais associado a custo, e, ao contrário do que muita gente possa pensar não é investimento, de um modo geral.

Carro é investimento?

Não. Carro é um bem durável e de uso. Ainda que você compre um carro que nunca foi usado, só de dar uma volta no quarteirão você já perde cerca de 20% se tentar vendê-lo meia hora depois da aquisição. Mesmo quem compra um carro seminovo não conseguirá revendê-lo por um preço superior ao que pagou, até porque o automóvel já terá acrescentado uns quilômetros a mais de rodagem, com mais desgasta para as peças.

Por que o carro não é um investimento?

O conceito de investimento está diretamente ligado à ideia de você obter algum retorno financeiro sobre o montante aplicado, depois de um determinado tempo, aceitando os riscos do ativo. “É o que te dá um retorno futuro”, afirma o planejador fiduciário Tiago Almeida. “Além disso, um investimento, respeitadas as regras do jogo, tem liquidez, ou seja, o dinheiro está na sua mão quando você precisa ou na data em que o ativo vence”. Olhando tudo isso, você chega à conclusão que você até consegue vender seu carro rapidamente, desde que abaixe o valor, o que nem sempre é vantajoso para você. E, em geral, carro carece muito mais de manutenção e de investimento do que ele te dá em retorno financeiro.

Mas o carro pode se tornar um investimento?

Sim, mas, para que isso aconteça, é preciso que você tenha um cenário muito específico. O veículo deve te ajudar a construir uma renda e, a partir disso, ele mesmo começa a engordar essa renda. Como isso seria possível? Com algumas condições, veja:

  1. ele tem que estar quitado: financiamento significa que o veículo ainda depende do seu bolso;
  2. ele tem que gerar dinheiro: é o caso dos veículos utilizados em aplicativo de locomoção ou em transporte de cargas;
  3. se ele está quitado e gerar dinheiro, tem ainda que ser auto sustentável, ou seja: o que ele rende precisa bancar o que ele custa (seguro, combustível, consertos);
  4. depois de passar por essas três etapas, o veículo precisa, então, ajudar seu patrimônio aumentar.

Em geral, um carro de passeio ou mesmo o que é usado em aplicativo de mobilidade é gongado em um desses itens.

O que é preciso considerar?

A primeira coisa que você deve levar em consideração antes de comprar um carro é a real necessidade de você ter um veículo. “Onde a pessoa mora faz toda a diferença. Se é no campo, onde se tem pouco transporte público, pode ser algo mais necessário. Já numa cidade com grande com uma boa oferta de locomoção, um veículo pode não ser tão necessário”, afirma Tiago. É preciso calcular o gasto anual do veículo, com seguro, IPVA, manutenção, depreciação do valor do carro, financiamento, combustível, estacionamento. A lista para você colocar na ponta do lápis é grande, não dá para agir por impulso.

Quando o carro passa a ser uma dor de cabeça?

Existe um ponto em que o veículo deixa de te dar alegrias e passa a ser uma aporrinhação. “Se o custo total do veículo está consumindo mais do que 20% da sua renda, é hora de reavaliar a necessidade de ter um carro na garagem” explica Tiago. Carro é um ponto de alegria, sim. Ele te liberdade e conforto. Mas você precisa ficar atento aos custos envolvidos e entender que, diferente de um fundo de investimento que rende acima da inflação, carro não é um investimento.

Colaborou Anne Dias