Qual investimento você deveria dar para o seu filho?

Com a ajuda de especialistas, selecionamos os ativos financeiros mais interessantes para o futuro dos pequenos e indicamos a melhor idade para as crianças saberem sobre as aplicações

A chegada de uma criança é um momento de muita alegria e transformação para as famílias. Desse modo, além de todo o cuidado com a criança, existe um ponto que ainda não é muito pensado pelos pais: o investimento para filhos.

E quem apontou isso foi a pesquisa ‘Finanças para os Filhos: Dinheiro é Coisa de Adulto?’, realizada pela Serasa e pelo instituto de pesquisa Opinion Box. De acordo com o estudo, que entrevistou cerca de 800 pessoas, 72% dos pais brasileiros não fazem nenhum tipo de poupança ou investimentos para os filhos.

Se você faz parte desse grupo, saiba que é bastante importante pensar em montar o famoso “pé de meia” para as crianças. Afinal de contas, os gastos com educação, por exemplo, costumam ser muito significativos.

“E investir desde cedo assegura maior tranquilidade para o pagamento de faculdade, intercâmbio, residência fora de casa, entre outros”, afirma Marcos Piellusch, professor da FIA Business School, em São Paulo.

Investimento para filhos pode ajudar na educação financeira

Dessa forma, para você entender a importância da aplicação financeira para as crianças, tanto para o futuro delas quanto para a educação financeira, Louise Barsi, economista, contadora e analista CNPI, contou em entrevista para nós, aqui da Inteligência Financeira, que começou a entender a respeito do mercado financeiro muito jovem.

Foto da Louise Barsi para a matéria sobre investimento para filhos
Louise Barsi, filha de Luiz Barsi conta que aos 14 anos ganhou do pai uma carteira de investimentos com ações da Ultrapar, que rendia o valor para usa mesada – (Foto: divulgação)

“Em 2008, quanto eu tinha 14 anos, meu pai [Luiz Barsi, um dos maiores investidores em ações do Brasil] fez uma carteira de investimentos e me deu, com ações da Ultrapar. Essa carteira rendia uns R$ 300 em dividendos, que era minha mesada.” E foi a partir daí, então, que ela passou a ter um interesse maior sobre o mundo dos ativos financeiros.

Importância do investimento para filhos

Mas além da educação e moradia, montar uma carteira de ativos financeiros pensando no futuro da criança possui outros tantos pontos positivos. E quem lista para a gente é Lai Santiago, planejadora financeira e economista comportamental. Então, segundo a especialista, investimento para filhos pode ser importante para:

  • Fornecer uma base econômica sólida, garantindo que eles tenham recursos para enfrentar desafios financeiros no futuro;
  • Ajudar a criar um patrimônio que eles possam utilizar quando atingirem a idade adulta, seja para comprar uma casa, iniciar um negócio ou para a aposentadoria;
  • Ensinar sobre educação financeira. Isso porque, ao envolver os filhos no processo de investimento, os pais acabam preparando os pequenos para tomar decisões financeiras sábias no futuro;
  • Contribuir na realização de sonhos e projetos de vida dos seus filhos, como viagens, empreendimentos ou carreiras.

Tipos de investimento para filhos

Viu só quantos pontos positivos o investimento para filhos pode trazer no futuro? Então, bora saber quais são os produtos financeiros mais indicados para os pequenos? Claro que os ativos podem variar dependendo dos objetivos financeiros, do horizonte de tempo e do apetite por risco.

Desse modo, no contexto brasileiro, considerando a segurança e a diversificação, os investimentos mais recomendados segundo Lai Santiago e o professor Marcos Piellusch são:

  • Tesouro Direto;
  • Previdência privada;
  • Certificado de Depósito Bancário (CDB);
  • Fundos de investimentos;
  • Fundos de investimentos imobiliários (FIIs) e Fiagros;
  • Ações;
  • ETFs.

“É importante diversificar a carteira de investimentos para reduzir riscos. Além disso, é aconselhável consultar um profissional financeiro, que irá criar um plano de investimento adaptado à situação individual”, fala Lai.

E claro que não deixaríamos você sem conhecer um pouco mais sobre cada um desses investimentos indicados para os filhos. Confira só!

Tesouro Direto

“São considerados seguros do ponto de vista do risco de crédito e liquidez, e oferecem diferentes opções, como Tesouro Selic, Tesouro IPCA, e Tesouro Prefixado”, comenta Lai.

Dentro desse grupo do Tesouro Direto temos também o Tesouro Educa+. “Uma das maiores vantagens desse produto é a proteção contra a inflação. Além disso, a tributação segue a tabela regressiva do IR, com alíquota decrescente com o tempo. Então, o investidor pode sacar os recursos conforme a mensalidade da faculdade, por exemplo”, esclarece Piellusch.

Previdência privada

Oferece benefícios fiscais e para objetivos de longo prazo.

CDB

São títulos de renda fixa emitidos por bancos que podem oferecer taxas de juros atrativas e liquidez. “Basta ficar atento às condições do título que você está comprando”, ensina a planejadora financeira.

Fundos de Investimento

Existem diversos tipos de fundos, como fundos multimercado, fundos de renda fixa, fundos imobiliários e Fiagros. São geridos por profissionais e oferecem diversificação de uma forma mais simples e prática. E dentro desse grupo também

Os FIIs e Fiagros, mais especificamente, são ativos que têm grande flexibilidade e podem ser adquiridos na bolsa por meio de uma corretora. “Para os FIIs, o investidor aplica seu dinheiro em propriedades imobiliárias, galpões, escritórios, empreendimentos imobiliários, shopping centers, e títulos de dívida de crédito imobiliário”, explica o professor da FIA.

Já no caso dos Fiagros, Piellusch conta que o leitor pode investir em propriedades rurais, silos de armazenamento de grãos, títulos de crédito para o setor agropecuário e outros. “Esses fundos distribuem 95% do lucro obtido com os investimentos mensalmente, gerando uma renda passiva interessante e atualmente isenta de Imposto de Renda. Porém, o rendimento é sujeito aos resultados obtidos. Ou seja, não é totalmente previsível, o que aumenta o risco”, acrescenta.

E para investir em Fiagro, basta adquirir as cotas dos fundos na bolsa, conforme a disponibilidade dos recursos, sem periodicidade definida. “Recomenda-se analisar indicadores como o dividend yield, que é a porcentagem de dividendos pagos em relação ao valor da cota do fundo”, afirma o professor.

Ações

Investir em ações de empresas listadas na B3 (Bolsa de Valores brasileira) pode gerar potencial de crescimento a longo prazo. No entanto, as ações podem ser voláteis, então, a diversificação é fundamental.

ETFs

Os ETFs são fundos de índices, que acompanham o rendimento de uma carteira de ações. “Embora no Brasil ainda não haja, por enquanto, ETFs que pagam dividendos, é possível adquirir ETFs estrangeiros que pagam dividendos, como o JEPI (JP Morgan Equity Premium Income ETF), composto por uma carteira de ações norte americanas”, comenta Piellusch.

Ainda de acordo com o professor, em breve é possível que esses ETFs estejam disponíveis na B3. “O funcionamento é semelhante ao das ações ou dos FIIs e Fiagros. A diferença é que no caso dos ETFs, o rendimento depende do lucro de algumas empresas que fazem parte da carteira, e não apenas de uma. Com isso, o risco é diluído devido à diversificação. A tributação também é maior, pois vem do rendimento obtido com lucro de empresas no exterior”, explica.

Qual é o melhor investimento para recém-nascidos?

Qualquer um dos produtos mencionados pode ser direcionado para o seu filho que acabou de vir ao mundo. Por outro lado, como a ideia é que este dinheiro seja usado daqui 10 anos, 20 ano ou mais, é possível pensar em algo mais arriscado mas com um retorno maior. Nesse caso, portanto, boas opções são as ações, os fundos de previdência ou fundos imobiliários (FIIs), os Fiagros e os ETFs.

Converse com as crianças sobre os investimentos

Uma dúvida que paira a cabeça dos pais é sobre a necessidade de falar ou não para os filhos que eles possuem investimentos para o futuro. De acordo com os dois especialistas, é válido sim ter essa conversa. E o ideal é que o assunto seja introduzido a partir dos 7 anos de idade, que é quando a criança já tem uma noção de valores de bens. Mas claro que quem deve avaliar o melhor momento são os adultos.

Mas, independentemente do período em que você decidir falar sobre investimento para os filhos, é importante conversar por alguns motivos. E a Lai Santiago lista pra gente:

1. Educação financeira

Ensinar as crianças sobre investimentos desde cedo é uma parte essencial da educação financeira. Portanto, isso ajuda a construir uma base sólida para que eles compreendam como fazer escolhas financeiras inteligentes no futuro.

2. Responsabilidade financeira

“Ao envolver as crianças no diálogo sobre investimentos, os pais estão transmitindo a importância da responsabilidade financeira e do planejamento para o futuro”, pontua a planejadora financeira.

3. Preparação para a vida adulta

Ensinar sobre investimentos prepara os filhos para a vida adulta, onde terão que tomar decisões financeiras importantes, como economizar, investir e planejar a aposentadoria.

4. Consciência do valor do dinheiro

Compreender como o dinheiro pode ser investido e crescer ao longo do tempo ajuda as crianças a valorizar o dinheiro e a pensar de forma crítica sobre suas despesas e prioridades financeiras.

5. Estabelecimento de metas financeiras

Afinal, a conversa sobre investimentos permite que as crianças estabeleçam metas financeiras e compreendam que o dinheiro pode ser usado para realizar sonhos e objetivos.

6. Empoderamento financeiro

Educar as crianças sobre investimentos as empodera a tomar decisões financeiras informadas, em vez de depender exclusivamente de terceiros para cuidar de suas finanças.

Criança pode investir na bolsa?

No Brasil, não há uma idade mínima estabelecida para investir na bolsa de valores. “Menores de idade podem investir em ações e outros ativos financeiros, desde que tenham representação legal de um responsável, geralmente um dos pais ou um tutor legal”, comenta Piellusch.

O professor faz um alerta importante. “De acordo com a legislação brasileira, as transações financeiras envolvendo menores de idade devem ser realizadas com base no seu melhor interesse e visando o benefício do menor. Portanto, é fundamental que os responsáveis legais ajam com responsabilidade e cuidado ao investir em nome de um menor, considerando seus objetivos financeiros e necessidades futuras.”

Além disso, as corretoras de valores e instituições financeiras podem ter políticas específicas em relação a investimentos de menores. Por isso, é aconselhável entrar em contato com a corretora de sua escolha para obter informações detalhadas sobre os procedimentos e requisitos específicos para investir em nome de um menor.

O que é preciso para uma criança investir na bolsa?

Ainda de acordo com Marcos Piellusch, o passo a passo para que o pequeno tenho acesso às ações da B3 são:

  • Representante Legal: um menor de idade não pode abrir uma conta de investimento sozinho. Portanto, é necessário que um representante legal (geralmente um dos pais ou responsável legal) atue em nome do menor.
  • Documentação necessária: o representante legal precisará apresentar documentação que comprove sua relação com o menor, bem como seus próprios documentos de identificação, como RG e CPF. O menor também precisa ter RG e CPF, se aplicável.
  • Autorização judicial: em alguns casos, pode ser necessário obter uma autorização judicial para investir em nome de um menor, especialmente se os valores envolvidos forem significativos.

Investimento para filhos: é com vocês, pais

Bem, agora que você já sabe tim-tim por tim-tim sobre investimento para filhos, que tal começar agora a mesmo a aplicar uma parte do patrimônio pensando no futuro dos pequenos?