Fechar
Empresas estão sendo mais transparentes em relação aos salários
O tabu da transparência em relação à remuneração dos cargos dentro de uma empresa começou a ser quebrado
Nesta edição do Papo de Finanças, Nina Silva vai falar sobre salário e transparência. Você deve estar pensando: e o que uma coisa tem a ver com a outra? Todo mundo sabe que estamos vivendo a “Era da Transparência”. Mas o que significa isso na prática?
Em 2012, o teórico cultural germano-sul coreano Byung-Chul Han, lançou o livro “A Sociedade da Transparência”. A publicação é sobre o quanto os fundamentos morais da sociedade estariam se tornando mais frágeis. Daí em diante, surgiu uma demanda urgente por transparência. Ou seja, nós, enquanto membros dessa sociedade, queremos saber como empresas e marcas se relacionam conosco e se elas fazem sentido na nossa vida.
Dando um exemplo mais claro: milhares de empresas, principalmente, as de cosméticos, testam seus produtos em animais. Por conta dessa transparência exigida por nós mesmos, isso vem mudando, mesmo que muito lentamente. Agora, muitas delas, fazem os testes in vitro, ou seja, no laboratório, sem prejudicar os bichinhos.
Vamos ao que interessa: o seu salário. Sim, porque a empresa que você trabalha precisa ser transparente quando se trata da sua remuneração.
A gente sabe que as coisas não são bem assim. A boa notícia é que o tabu da transparência em relação à remuneração dos cargos dentro de uma empresa começou a ser quebrado. Em junho de 2022, a startup Môre Talent Tech, de serviços e produtos digitais, apresentou as faixas salariais de todos os cargos da empresa – do analista ao diretor – na convenção anual da companhia.
É claro que eles não mostraram os salários de cada um, revelando seus nomes. Porém, esse ato corajoso e disruptivo já rendeu frutos. Logo depois dessa convenção, RH e colaboradores conversaram sobre as possibilidades de aumento salarial e as condições para alcançá-lo.
O mundo já está tentando virar a chavinha nesse quesito. Recentemente, o jornal inglês Financial Times publicou um artigo que falava sobre o crescimento dessa discussão na Europa e nos EUA. Nossa roteirista, a Nic Ramalho, teve uma experiência boa, bem parecida quando morou fora do Brasil.
Nic trabalhou na recepção e no marketing de um salão de beleza, em Nova Iorque, em 2016. Lá, os funcionários sabiam o valor do salário de cada um. Isso porque todos recebiam o mesmo valor pela hora trabalhada: trabalhavam 4 dias por semana, por até 12 horas. Havia um equilíbrio salarial na empresa. E as metas que todos deveriam alcançar, rendiam remuneração extra, o que motivava ainda mais os colaboradores.
A atitude dos fundadores da Môre tem algumas finalidades.
Além de terem mostrado os salários por cargos para todos os colaboradores, os sócios da startup revelaram que conseguiram atrair mais profissionais por conta das práticas inovadoras de gestão, como bônus de permanência na empresa, feedbacks constantes e programa de reconhecimento entre os colegas.
Tudo isso faz com que os funcionários tenham clareza sobre o caminho a trilhar e onde pretendem chegar dentro da empresa. Para que isso aconteça, segundo um dos sócios da Môre, essas práticas precisam vir acompanhadas de iniciativas, como avaliação de desempenho transparente, processo estruturado de gestão de carreira, linha de sucessão clara e possibilidades de movimentação dentro da companhia. Isso, sim, reflete a transparência da empresa e de seus líderes.
Leia a seguir