Se você nunca foi vítima de um golpe financeiro, certamente conhece alguém que já caiu ou que passou por uma abordagem suspeita. Só para você ter uma ideia, uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em junho de 2021, 59% dos internautas sofreram algum tipo de fraude financeira em 12 meses. Isso correspondeu a 16,7 milhões de brasileiros. O estudo estima que o prejuízo decorrente dessas fraudes financeiras chegou a R$ 2,7 bilhões neste período, incluídos os gastos na busca de reparação do problema.
“Os golpes acontecem de diversas formas e em diversas áreas. Geralmente criminosos aproveitam da falta de informação do consumidor para aplicar golpes e fraudes financeiras. Por exemplo: tivemos o lançamento do Pix, que acabou ocasionando vários episódios. A falta de conhecimento e as novidades em torno das criptomoedas também têm sido um cenário atrativo para prática desses crimes”, ressalta Caio Mastrodomênico, analista econômico e CEO da Vallus Capital.
Uma pesquisa divulgada pela CVM em julho do ano passado com vítimas de golpes financeiros envolvendo investimentos aponta os principais aspectos que contribuíram para que isso acontecesse: aparência do site transmitindo confiança (39,9%), outros familiares/amigos já haviam feito o investimento (38,8%), bom atendimento por parte dos profissionais (35,4%), pequeno investimento exigido (30,9%) e desconhecimento da modalidade do golpe (24,7%).
Perceber os sinais, portanto, é fundamental para se proteger. Golpistas costumam ser cordiais e passar uma imagem de confiança e simpatia. O discurso quase sempre é de uma oportunidade única e rentabilidade acima do mercado. Ao mesmo tempo, passam poucas informações sobre o produto e a “instituição” financeira.
Por isso, fica o alerta: sempre desconfie de discursos mirabolantes, nunca clique em links suspeitos e pesquise muito antes de investir. Somente instituições autorizadas a operar pelas entidades reguladoras e autorreguladoras, como a CVM e o Banco Central, podem intermediar e distribuir produtos financeiros.
“É preciso estar atento, informado e desconfiado o tempo todo. Os criminosos muitas vezes têm acesso a informações pessoais que facilitam a aplicação de golpes. Frequentemente também acontecem golpes financeiros a partir do roubo do número de celular da vítima, com cadastramento e recuperação de senhas bancárias para desvio de dinheiro e contratação de empréstimos em nome das vítimas”, alerta Caio. Por isso, evite deixar o número de telefone como opção para recuperação de senhas, tanto em redes sociais quanto bancos e aplicativos de compras.
Mesmo se informando e tomando os cuidados, qualquer pessoa está suscetível a se tornar um alvo de criminosos do sistema financeiro. Saber como agir diante de um golpe te ajuda a minimizar os danos. “É importante contatar suas instituições financeiras e informar o golpe, solicitando o bloqueio temporário de todas as contas. Redefinir as senhas de redes sociais e outros aplicativos também é fundamental. Se seu número de celular foi invadido, você deve avisar seus contatos e divulgar o alerta para que outras pessoas não cliquem em links ou sejam enganadas. Procure a delegacia de crimes cibernéticos e dê início a medidas cabíveis”, explica Caio.