Crédito rotativo: 8 dicas para não arruinar as finanças com este tipo de empréstimo

Parece tentador, mas recorrer ao crédito rotativo do cartão pode te trazer mais problemas do que soluções

Como andam as suas finanças?

Se você está com dificuldade para lidar com os boletos, respire, e sabia que não está sozinho. Isso porque, segundo dados do Serasa, só em janeiro deste ano, mais de 600 mil pessoas encontravam-se inadimplentes — e a maioria delas possuía entre 26 e 40 anos.

Ou seja, quase 1 milhão de adultos. 

E entre as principais razões para essa quantidade de brasileiros endividados, segundo Cristiana Nunes, gerente de política de crédito da Provu, estão:

E é sobre esse último que vamos falar. 

Afinal de contas, quem nunca gastou no cartão de crédito como se não houvesse limite? Enquanto que, na realidade, tem limite sim. E acionar o crédito rotativo pode ser mais um problema do que uma solução.

Isso porque, para Cristina, “quando mal utilizado, [o rotativo] é o vilão da vida financeira por possuir os juros mais altos do mercado, podendo se transformar rapidamente em uma ‘bola de neve’ difícil de administrar”, conta.

Mas afinal, o que é crédito rotativo?

Antes de saber como escapar desse perigo, é importante entender o que, afinal de contas, é o crédito rotativo do cartão.

Felipe Piccoli, diretor da área de cartões do Itaú Unibanco, o define como “uma linha de crédito disponibilizada ao consumidor, por instituições financeiras, para financiar a fatura do cartão de crédito quando não há saldo suficiente para o pagamento total até a data do vencimento”.

Por isso, o rotativo é considerado como um empréstimo pessoal de curto prazo. 

Isso significa que você tem a oportunidade de pagar, por exemplo, o valor mínimo da fatura e adiar o restante do pagamento para a próxima fatura, com acréscimo de juros referente ao saldo que ficou pendente da fatura anterior. 

Então, vamos supor que você recebeu o boleto e levou um susto com o valor de R$ 5 mil, já que tem apenas R$ 3 mil para pagar. Ao optar pelo crédito rotativo, você joga os R$ 2 mil restantes para o boleto do mês seguinte.

O porém é que este valor de R$ 2 mil terá incidência de juros, cuja taxa média é de 14,68% ao mês, segundo informações do Banco Central.

Além disso, em janeiro de 2023, a taxa de juros do rotativo alcançou os 411,5% ao ano, maior patamar desde agosto de 2017, quando estava em 428%. Ou seja, não dá para brincar com isso, ok?

E por qual motivo é chamado de rotativo?

“Porque permite que você rotacione seu saldo devedor mês a mês, pagando apenas um valor mínimo. A fatura que sobra é automaticamente transferida para o próximo mês, com juros e outras taxas financeiras”, conta Lai Santiago, educadora financeira.

Desse modo, por mais atrativo que este tipo de empréstimo seja, já que para fazer o pedido é bastante simples e quase automático, a educadora lembra que, caso o rotativo seja acionado, deve ser pago o quanto antes, pois geralmente tem a taxa de juros mais alta do que outras modalidades de crédito, como empréstimos pessoais ou financiamento.

Em quais situações o crédito rotativo pode ser cobrado?

“Sempre que existir um valor não quitado após o vencimento referente a fatura fechada do cliente”, explica Piccoli. Ou seja, se a sua fatura vencer e você não conseguir pagá-la por completo, o rotativo será automaticamente cobrado na próxima fatura, somado a juros altos.

Como evitar o endividamento com o rotativo?

Mesmo entendendo o risco de cair no “deixa para o mês que vem”, às vezes, as contas não fecham e não tem outro jeito, o crédito precisa ser utilizado. Mas, é importante saber que existem outras opções e saídas para você.

Por isso, com a ajuda da Lai, reunimos 8 dicas de como evitar o endividamento com o rotativo. Veja só!

1. Pague sua fatura integralmente

Esse parece meio óbvio, mas é importante reforçar. Por isso, siga este mantra todos os meses. “Pague o valor total da fatura do cartão de crédito até a data de vencimento, evitando assim a cobrança de juros do crédito rotativo”, conta a educadora financeira.

2. Conheça seu limite de crédito

Esteja ciente do seu limite de crédito disponível e evite gastar mais do que esse valor”, ensina Lai. Isso irá te ajudar a ficar dentro do limite e a escapar do uso do crédito rotativo. E mais do que isso, claro, você precisa sempre ter em mente o valor máximo que pode gastar com o cartão de crédito.

Portanto, é muito importante a nossa terceira dica…

3. Tenha um plano de gastos

Sem planejamento, você dificilmente terá sucesso em qualquer área. Por isso, a dica da Lai é valiosa. “Faça um orçamento mensal e planeje seus gastos de acordo com sua capacidade financeira. Isso ajudará a evitar gastos excessivos no cartão de crédito”.

Sabe aquela boa e velha planilha de gastos? Então, esta ferramenta é uma mão na roda para manter o controle e evitar os exageros.

4. Acompanhe a fatura do cartão de crédito 

Lembre-se de ficar acompanhando como está sua fatura e quanto disponível você ainda tem para não gastar além da conta. 

Crie uma rotina de olhar, por exemplo, uma vez por semana o aplicativo do seu cartão. Ou até um período menor, se você for do time que faz todas as compras por meio do crédito.

5. Evite saques em dinheiro

Segundo a educadora, o saque com o cartão de crédito possui taxas altas de juros, além de “não possuir um período de carência para isenção de juros”.

6. Tenha uma reserva de emergência

Separe um montante todo o mês, mesmo que seja pouco, e deixe rendendo em um investimento de liquidez diária, como o CDB, por exemplo. E aí, se a situação apertar, você poderá usar a reserva de emergência, e assim, evitar o uso do crédito rotativo.

E este tipo de ‘cofrinho’ não serve apenas para quando o boleto do cartão vem acima do limite. “Mantenha um fundo de emergência para cobrir imprevistos financeiros, como despesas médicas ou reparos inesperados”, explica Lai.

7. Avalie outras opções de crédito

Já mencionamos aqui como as taxas do rotativo são maiores que as de outras opções de empréstimos pessoais. Mas um bom aviso nunca é demais: estude quais opções você tem antes de ir no que pode ser mais fácil.

Por isso, entre em contato com a instituição financeira responsável pelo seu cartão para entender quais outros tipos de empréstimos mais baratos eles podem lhe oferecer.

8. Não sabe brincar, não desce pro play

Agora, se você recorrentemente se enrola no cartão de crédito, talvez a melhor saída seja eliminar essa forma de pagamento e iniciar um processo intenso de educação financeira utilizando apenas o débito. “Quando usamos o débito e vemos o saldo diminuindo, ativamos a dor do pagamento e temos mais ‘pena’ de gastar nosso dinheiro”, conclui Lai.

Colaboração: Daniel Navas