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É possível viver de dividendos, como faz o mega investidor Luiz Barsi? A resposta é…
Muitas pessoas têm cogitado a possibilidade de investir em empresas de capital aberto para viver de dividendos, a exemplo do mega investidor brasileiro Luiz Barsi. Mas será que isso é viável para todo mundo?
Primeiramente, é preciso entender o que é dividendo. Em resumo, ele nada mais é do que o lucro da empresa dividido entre seus acionistas.
Sendo assim, o investidor ganha duas vezes: quando recebe o dividendo e quando vende a ação – no caso de ela ter sido valorizada, obviamente. A seguir, veja alguns caminhos possíveis para tornar realidade o sonho de viver de dividendo.
É possível viver de dividendos?
Sim, é possível investir para viver de dividendos.
Para atingir esse objetivo é necessário, entretanto, muito planejamento e disciplina. Em resumo, viver de dividendos é aplicar recursos e periodicamente receber parte dos ganhos como renda em conta corrente, para pagamento das contas e custos de vida.
Para receber dividendos é preciso adquirir ações na bolsa de valores. Quem adquire determinada ação de uma empresa passa, então, a ser acionista dela. Por conseguinte, quando esta fecha o balanço e reporta lucro líquido, parte desse valor é distribuído entre seus acionistas.
Além disso, o investidor deve sacar apenas o lucro sobre o capital aplicado, ou seja, não deve mexer ou alterar o capital investido, o que vai permitir a recorrência desta renda.
Viver de dividendos, portanto, só é possível apenas quando há uma quantia mínima de dinheiro que não será mexida pelo investidor.
Os riscos de investir em dividendos
É fundamental ter consciência de que dividendos não caem todo mês na conta, como um salário. São as empresas que definem se as ações se enquadram na distribuição de lucro, quando será o pagamento e qual o valor.
Tudo isso é feito de maneira transparente. A média é pagar uma, duas ou até três vezes ao ano.
O segundo ponto a se atentar é que, normalmente, quando a empresa usa essa estratégia, ela mostra que não tem muito mais para onde crescer. Por isso ela paga dividendos: para atrair investidores.
Isso não quer dizer que a empresa é ruim. Ela pode até ser líder de mercado, mas sinaliza que está praticamente no auge do seu potencial.
Dessa forma, o contrário de uma empresa que paga dividendos é uma small cap. Uma companhia “pequena”, mesmo que já lucre milhões, quer crescer muito, expandir, investir no crescimento e, de fato, tem espaço para crescer.
Quem é o mega investidor brasileiro Luiz Barsi?
Nascido em uma família simples, Luiz Barsi começou a trabalhar como engraxate, mas foi aos 14 anos que seu destino começaria a mudar. Isto é, quando arrumou um emprego em uma corretora de valores.
Incentivado pelos chefes, Barsi começou a estudar contabilidade e anos mais tarde deu continuidade às leituras, então, na faculdade.
Além disso, com mais rodagem no mundo das finanças, decidiu começar a investir em empresas boas pagadoras de dividendos. Foi então criada a carteira Luiz Barsi.
Aliás, entre as ações escolhidas estão as negociadas abaixo do seu valor patrimonial e com perspectivas duradouras. Foi usando esse método que os negócios de Luiz Barsi foram crescendo.
Hoje o megainvestidor brasileiro possui uma fortuna estimada pela revista Forbes em R$ 4 bilhões, que leva em conta a quantidade de ações em carteira de cada investidor.
Como Barsi se tornou o rei dos dividendos?
Quem deseja conhecer a história de Luiz Barsi pode ler a sua autobiografia, intitulada “O rei dos dividendos: A saga do filho de imigrantes pobres que se tornou o maior investidor pessoa física da bolsa de valores brasileira”.
De acordo com o site da Amazon, na obra ele expõe sua filosofia para quem deseja aprender a investir com solidez. Além disso, narra sua história pessoal para inspirar quem busca superar adversidades e ser bem-sucedido no mercado e na vida.
Conforme o texto de divulgação do livro, Barsi foi um menino pobre criado sozinho pela mãe num cortiço. Ele começou a investir no final dos anos 1960, passou por sucessivas crises e planos econômicos e prosperou em quase todos os momentos.
Isso só teria sido possível porque criou um jeito próprio de operar no mercado, avesso à especulação e amparado no conhecimento profundo das empresas às quais se associa, sempre de olho nos dividendos pagos.
Após décadas trabalhando com disciplina, Barsi tornou-se um dos poucos bilionários brasileiros – maior acionista individual do Banco do Brasil e dono de parte respeitável de grandes conglomerados, como Unipar e Klabin.
Como Barsi ganha com dividendos?
A carteira de Luiz Barsi tem, basicamente, ações de 14 companhias. Aliás, a cada passo que dá, Barsi analisa profundamente a empresa, seu nível de governança, a gestão, o balanço e, claro, com que frequência a empresa distribui dividendos.
Sendo assim, a carteira Luiz Barsi é formada por empresas sólidas. No portfólio de ações de Barsi estão ações de empresas como:
- AES Tietê (AESB3),
- Banco do Brasil (BBAS3),
- Cemig (CMIG4),
- Eternit (ETER3),
- Grupo Ultra (UGPA3),
- Isa Cteep (TRPL4),
- IRB Brasil (IRBR3),
- Itaúsa (ITSA4),
- Klabin (KLBN4),
- Suzano (SUZB3),
- Taesa (TAEE11),
- Taurus (TASA4),
- Transmissão Paulista (TRPL4),
- Unipar Carbocloro (UNIP6)
Viver de dividendos: como replicar as lições de Barsi?
A cartilha Barsi não é para todos. Trata-se de uma tese boa para iniciantes, focada em longo prazo, mas requer uma certa experiência do investidor. Além de um estudo sobre os ativos mais seguros da renda variável, ou seja, aqueles que estão menos sujeitos ao risco.
Ademais, algumas das teses de Barsi que ficaram famosas, como a de que todas as empresas de varejo devem quebrar e de que o setor é “manco”, têm exceções.
As ações favoritas da cartilha Barsi são, principalmente, as de companhias da bolsa de valores que distribuem dividendos.
Para o megainvestidor brasileiro, o investidor comum deve focar em papéis que paguem um rendimento sobre dividendos (ou dividend yield) a partir de 6% — ou seja, a divisão do total recebido pelo total investido.
O que é a cartilha de Luiz Barsi?
A cartilha do megainvestidor tem princípios semelhantes aos de bilionários estrangeiros, como Warren Buffett, e foca na construção de uma renda passiva de milhares de reais com base em investimentos em empresas de alto “value investing”.
No dicionário de Luiz Barsi, portanto, o value investing é uma técnica para analisar quais empresas estão mais descontadas na bolsa. O método avalia indicadores de rentabilidade por ação em relação ao preço dos papéis no índice.
Também analisa a saúde financeira de uma empresa e o quanto ela pode construir de valor nos próximos anos, elevando indicadores como lucro e caixa.
O foco da cartilha Barsi é voltado para empresas de “ciclos perenes”. São companhias listadas na B3 cujas ações não são tão afetadas pela volatilidade do mercado.
O bilionário tem preferência por empresas que não estejam sujeitas aos indicadores econômicos, como a inflação ou a taxa de juros.
Não à toa, um dos setores favoritos de Barsi é o setor energético, porque “mesmo quando você não consome luz em casa, no final do mês terá uma conta a pagar”.
Viver de dividendos: tese de Barsi é boa para todo perfil de investidor?
A obsessão por dividendos e empresas com estabilidade nos ciclos da bolsa faz com que a cartilha de Luiz Barsi seja ideal para quem pensa em dar o primeiro passo na renda variável.
Para o bilionário, o mercado de ações pode ser mais rentável e, ao mesmo tempo, seguro que a renda fixa. O megainvestidor costuma recomendar os papéis de bancos.
Os analistas explicam, entretanto, que os ensinamentos de Barsi requerem algum grau de experiência e estudo. Mesmo o investidor iniciante deve analisar as companhias indicadas, e não apenas pelos dividendos cheios a ser pago aos acionistas.
A empresa poderia inflar os dividendos, por exemplo, porque se desfez de uma parte de seu patrimônio, como uma companhia de energia elétrica que vende redes de transmissão ou usinas.
Viver de dividendos: como você os recebe?
Em relação às ações, a distribuição de dividendos é feita aos acionistas de acordo com a quantidade de papéis que eles possuem. Por lei, uma companhia de capital aberto deve distribuir seu lucro aos acionistas, ao menos, uma vez por ano.
No entanto, a condição essencial para que ocorra o pagamento é a apuração de lucro no período. Ademais, a companhia fica livre para decidir o percentual de distribuição – essa informação pode ser encontrada em seu estatuto.
É comum encontrar no mercado empresas que distribuem 25% de seus lucros, mas podem ser encontrados percentuais menores e maiores.
O pagamento de dividendos é feito diretamente na conta do acionista. Sendo assim, não é necessário fazer nada, já que a distribuição dos lucros é feita automaticamente.
Porém, para saber quando os dividendos vão cair na conta, é importante verificar a agenda de pagamentos dos investimentos que você possui. Você pode conferir essas informações no site da B3.
Por fim, vale ressaltar que, além dos dividendos, uma companhia pode distribuir outros tipos de proventos. É o caso dos JCP (juros sobre capital próprio), do direito de subscrição e da bonificação em ações. Contudo, o dividendo costuma ser o mais buscado, especialmente porque é isento de Imposto de Renda (IR).
Quanto é preciso investir para viver de dividendos?
Não há um valor fixo para viver de dividendos – ele varia de caso a caso, pois as necessidades financeiras são diferentes. O montante necessário para o investimento de quem quer viver de dividendos vai depender do padrão de vida. Sendo assim, o primeiro passo é saber qual é o custo de vida mensal.
Um cálculo possível é o seguinte: se o seu custo de vida é de R$ 10 mil por mês (o equivalente a R$ 120 mil por ano), para viver de dividendos é necessário realizar a conta do valor anual necessário e dividir pela rentabilidade de, no mínimo, 6% ao ano. Ou seja: R$ 120 mil / 0,06 = R$ 2 milhões.
Em resumo, o investidor que precisa de R$ 10 mil por mês deve ter R$ 2 milhões em ações de empresas com um dividend yield de 6% ao ano para viver de dividendos. Já quem precisa de R$ 20 mil mensais terá de investir R$ 4 milhões, e assim por diante.
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