Taesa (TAEE11) paga bons dividendos, mas tem riscos no médio prazo, dizem analistas

Apesar da demanda crescente por energia, empresa depende de novas concessões

As ações da Transmissora Aliança de Energia Elétrica, a Taesa (TAEE3,TAEE4, TAEE11), costumam ser um porto seguro para quem investe esperando dividendos. Afinal, empresas do setor elétrico têm contratos longos e frequentemente são boas distribuidoras de lucros.

A própria Taesa, por exemplo, tem dividend yield (DY) de 13,91%. Assim, em 2022 pagou R$ 365 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio.  

O que faz a Taesa?

A Taesa (TAEE3, TAEE4, TAEE11) é referência no setor de transmissão elétrica, sendo uma das maiores do Brasil. Isso porque a companhia possui 40 concessões em 18 Estados do país.

Aliás, para quem não sabe, a Taesa atua com a implementação, a operação e a manutenção de instalações de transmissão de energia elétrica. No total, são 14.108 km de linhas de transmissão e 101 subestações (12.362 km de linhas em operação e 1.746 km de linhas em construção). 

E mais: tudo isso com boas perspectivas de longo prazo. De acordo com um estudo do Observatório de Mercados de Energia Mundial, a demanda por energia no Brasil promete registrar uma alta de 60% até 2040.

No entanto, há ainda incertezas no curto e médio prazo por conta da conjuntura política e econômica.

Como é o desempenho da Taesa (TAEE11)?

Mas é preciso ponderar.

O lucro líquido regulatório, que é o critério mais usado para avaliação das empresas do setor, chegou a R$ 373,3 milhões no último trimestre, 94,6% maior do que no mesmo período do ano anterior.

Porém, o lucro líquido registrado por IFRS, que são normas contábeis que atendem ao modelo internacional, está em queda.

O IFRS, que é levado em conta para pagamento dos dividendos, registrou R$ 302,5 milhões, queda de 43,7% em relação ao mesmo trimestre de 2021.

Outro ponto a ponderar é que no trimestre houve deflação do IPCA e do IGPM. Com o futuro governo, não se sabe para onde caminharão os índices.

Taesa participará de novas concessões?

Além disso, a remuneração das transmissoras de energia é feita por meio da Receita Anual Permitida (RAP).

O recebimento da RAP depende da disponibilidade das linhas e não do volume de energia transportado, o que torna a receita das transmissoras muito previsível

No entanto, os contratos da Taesa estabelecem redução no valor de 50% da RAP a partir do 16° ano, sendo que um montante deles foram firmados entre 1999 e 2006. 

Por isso, a participação em novas concessões, em função dos altos valores que envolvem as disputas, será um desafio para a companhia.

Como comprar ações da TAESA (TAEE11,TAEE3,TAEE4)?

As ações da Taesa são negociadas na B3 , a bolsa brasileira, e são comercializadas sob os tickers TAEE11,TAEE3,TAEE4.

Portanto, para comprar os papéis você precisa ter conta em corretoras ou distribuidoras de títulos e valores mobiliários cadastradas e autorizadas na B3.

Assim, a negociação pode ser feita de forma eletrônica até mesmo por meio de aplicativos em seu celular.

No vídeo abaixo, te mostramos como negociar ações do seu celular:

Qual é a diferença entre TAEE11,TAEE3,TAEE4?

O final de cada ticker da Taesa é referente a um tipo de ação.

Então, as ações ordinárias – cujo ticker termina em 3, como TAEE3, dão direito a voto a seus proprietários.

Já as preferenciais, que terminam com 4 (como TAEE4) têm preferência no recebimento de dividendos, mas não a voto nas assembleias.

E a TAEE11 se refere a units, que são compostas na proporção de duas ações preferenciais (TAEE4) e uma ordinária (TAEE3). Logo, o dividendo recebido pela unit será a soma dos dividendos recebidos pela três ações que compõe a carteira do investidor.

Vale a pena investir em ações da Taesa?

Antes de tomar sua decisão sobre a companhia – seja pela compra, seja para ficar de fora, é preciso checar o que dizem os analistas.

“A empresa se beneficiou muito com a escalada do IGP-M, especialmente durante a pandemia (dado que a maior parte dos seus contratos é atrelada a esse índice). Com um arrefecimento que já vem sendo observado, é natural observarmos menores resultados e, potencialmente, menores dividendos”, afirma Guilherme Tiglia, sócio e analista de ações da casa de análise Nord Research.

Tiglia diz que, então, a contrapartida para equilibrar a situação é a entrada em novas operações.

Mas para Rafael Dias, analista que cobre a empresa pela BB Investimentos, as perspectivas são positivas.

“O primeiro semestre de 2022 trouxe um crescimento de 41% de Ebitda em comparação com o primeiro semestre de 2021. A margem de Ebitda consolidada no primeiro semestre foi de 84,6%. Esperamos que, após a conclusão dos projetos em construção da atual fase de expansão, a margem consolidada volte a se estabilizar acima dos 85%.”

Comprar ou vender?

O preço-alvo do banco é de R$ 44,10 para 23 de dezembro de 2023. Ou seja, alta de quase 25% sobre o preço da ação com fechamento do dia 7 de novembro (R$ 35,40).

Já para o BTG Pactual, a recomendação é de venda. “Temos um rating de venda na Taesa, pois ainda a vemos como o nome mais caro sob nossa cobertura, sendo negociado a uma TIR real de 5,3%. Os resultados do terceiro trimestre de IFRS mostram uma normalização nos resultados. E após os altos dividendos pagos nos últimos dois anos (com base nos resultados do IFRS), a alavancagem subiu para níveis menos confortáveis ​​(3,7x dívida líquida/ebitda no terceiro trimestre). Como tal, podemos ver uma correção no preço das ações para níveis mais razoáveis.”

E para as agências de risco internacional Moodys e Fitch a perspetiva da companhia está avaliada com rating estável.