Bitcoin dispara a US$ 62 mil, mas tem queda acumulada de 1,6% em 7 dias

Analistas avaliam que dados do payroll bem mais fracos do que se esperava acabam passando a mensagem aos investidores de que o Fed precisará fazer algum movimento de corte de juros

O bitcoin (BTC) opera em forte alta nesta sexta-feira (3) e recupera os US$ 62 mil graças ao Relatório de Emprego dos Estados Unidos mais fraco do que o esperado. Ainda assim, a maior das criptomoedas registra um desempenho negativo no acumulado de sete dias, caindo 1,6%. O ether (ETH) recua 0,9% no mesmo período.

De acordo com dados do Departamento de Trabalho, os EUA criaram 175 mil vagas de emprego em abril, número bastante abaixo das 240 mil projetadas pelos economistas do mercado financeiro. A taxa de desemprego no país subiu de 3,8% para 3,9%, ante expectativa de estabilidade.

Indicadores de emprego mais fracos nos EUA trazem um impacto positivo para o mercado de renda variável, uma vez que um dos fatores que podem fazer o Federal Reserve (Fed) começar a reduzir os juros na maior economia do mundo é a desaceleração do mercado de trabalho. Conforme a criação de empregos se desaquece, a inflação fica menos pressionada, permitindo que o banco central americano possa afrouxar a política monetária e aumentar a liquidez global.

Segundo Rony Szuster, analista do MB, o tom do presidente do Fed, Jerome Powell, após a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) da quarta (1º) foi um pouco mais “dovish” (favorável a flexibilizar a política monetária) ao deixar aberta a possibilidade do banco central americano realizar cortes nos juros este ano condicionados à desacleração da inflação rumo à meta de 2% e a uma piora no mercado de trabalho. “Como o mercado já estava precificando que pudessem não haver cortes ou até mesmo ter aumentos, isso foi dado como uma notícia positiva”, explica.

A próxima reunião do Fomc é em 12 de junho, e 86% das apostas no mercado de juros futuros apontam para uma manutenção dos juros no patamar de 5,25% a 5,5% ao ano. A possibilidade de uma redução dos juros aumenta para 34% a partir da reunião de 31 de julho.

Perto das 18h11 (horário de Brasília) o bitcoin dispara 7,1% em 24 horas, cotado a US$ 62.865 e o ether, moeda digital da rede Ethereum, avança 4,2% a US$ 3.113, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo é de US$ 2,45 trilhões. Em reais, o bitcoin apresenta valorização de 5,85% a R$ 321.000, enquanto o ether registra ganhos de 3,01% a R$ 15.909, de acordo com valores fornecidos pelo MB.

Entre as altcoins (as criptomoedas que não são o bitcoin), a solana (SOL) sobe 4,9% a US$ 143,88, o BNB (token da Binance Smart Chain) tem alta de 4,7% a US$ 587,08 e a avalanche (AVAX) avança 6,1% a US$ 35,66.

Beto Fernandes, analista da Foxbit, avalia que os dados do payroll bem mais fracos do que se esperava acabam passando a mensagem aos investidores de que o Fed precisará fazer algum movimento de corte de juros. “Mesmo que isso deva ocorrer mais para meados do segundo semestre, cresce a esperança de que a restrição monetária irá diminuir ainda este ano”, argumenta.

Entre os fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista nas bolsas americanas, ontem foi o sétimo pregão consecutivo de saldo líquido negativo, mas o fluxo de saída foi bem mais modesto do que a debandada recorde registrada no 1º de maio. Na véspera, os saques deste tipo de fundo superaram os depósitos em US$ 34,4 milhões, movimento que foi impulsionado pelas retiradas de US$ 54,9 milhões no GBTC, trust transformado em ETF da Grayscale. Nenhum outro ETF spot de BTC teve saídas. O ARKB, da Ark Invest, foi o destaque positivo, com um fluxo de entrada de capital de US$ 13,3 milhões.

Do lado micro de cripto, esta semana o destaque foi o anúncio do airdrop do protocolo de restaking EigenLayer, que causou grande revolta no mercado cripto inicialmente, porque a comunidade considerou que os critérios de distribuição dos tokens $EIGEN foram problemáticos. No entanto, ontem (2) a EigenLayer informou uma distribuição adicional de 100 unidades da sua criptomoeda para todos que ficaram elegíveis. “As mudanças favorecem um pouco mais quem se sentiu lesado neste primeiro anúncio”, ressalta.

Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico