Lucro do Santander Brasil (SANB11) no 4º trimestre cai e fica abaixo das projeções

Impactado pela crise da Americanas, o banco elevou em quase 20% as provisões para devedores duvidosos

O Santander Brasil (SANB11) obteve lucro líquido gerencial de R$ 1,689 bilhão no quarto trimestre de 2022, o que representa queda de 45,9% na comparação com o terceiro trimestre e de 56,5% ante o mesmo período de 2021. O resultado veio abaixo das projeções dos analistas consultados pela Inteligência Financeira. O desempenho do Santander Brasil para o último trimestre do ano também veio abaixo das projeções coletadas pelo Valor, que apontavam um ganho de R$ 2,605 bilhões.

O lucro societário do Santander ficou em R$ 1,609 bilhão entre outubro e dezembro, com queda de 47,1% no trimestre e 57,6% em 12 meses.

O Santander teve lucro gerencial de R$ 12,900 bilhões em 2022, com queda de 21,0% sobre o ano anterior.

O terceiro maior banco privado do país em ativos contabilizou margem financeira bruta de R$ 12,517 bilhões no quarto trimestre, com queda de 0,6% na comparação trimestral e 11,5% em um ano.

As despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 7,364 bilhões, com alta de 18,6% ante o trimestre anterior e 99,4% em relação ao quarto trimestre de 2021. O banco diz que as despesas foram impactadas por um evento subsequente no segmento de atacado. Apesar de não citar, é bastante provável que esteja relacionado ao caso Americanas. O banco tem uma exposição de R$ 3,7 bilhões à varejista.

As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias atingiram R$ 5,075 bilhões, com alta de 7,2% no trimestre e 1,9% em 12 meses. Já as despesas gerais totalizaram R$ 6,049 bilhões, com alta de 6,3% no trimestre e 7,7% em um ano.

O retorno sobre o patrimônio (ROE) ajustado ficou em 8,3% no quarto trimestre, de 15,6% no terceiro e 20,0% no quarto trimestre do ano passado. O índice de Basileia ficou em 13,9%, de 14,5% e 14,9%, na mesma base de comparação.

Avanço da carteira de crédito

O Santander encerrou dezembro de 2022 com R$ 489,687 bilhões na carteira de crédito. O saldo aumentou 1,1% ao longo do quarto trimestre e cresceu 5,8% na comparação com dezembro de 2021. Descontado o efeito da variação cambial, a alta em 12 meses foi de 6,5%.

O saldo de operações com pequenas e médias empresas estava em R$ 66,080 bilhões no fim do quarto trimestre, alta de 2,4% em relação a setembro e de 7,5% na comparação com dezembro do ano anterior.

A carteira de pessoas físicas, que é a mais relevante para o Santander, cresceu 2,7% no trimestre e 8,4% em 12 meses, para R$ 226,302 bilhões no fim de dezembro. O segmento foi impulsionado pelas linhas de cartão de crédito (+5,4% na margem), agro (+4,6%) e consignado (+3,7%).

O financiamento ao consumo teve expansão de 0,1% em relação a setembro e de 1,8% na comparação com dezembro do ano passado, totalizando R$ 67,970 bilhões.

A carteira de grandes empresas era de R$ 129,336 bilhões no fim de dezembro, apontando queda de 1,6% em relação a setembro e alta de 2,9% frente a dezembro do ano anterior. A linha de crédito rural caiu 6,0% na margem, enquanto capital de giro/outros recuou 2,5%.