Santander (SANB11) divulga balanço do 4º tri sob o olhar desconfiado do mercado

Mediana das projeções coletadas pelo IF aponta para perda anual de 30% no lucro líquido recorrente; 'Cenário já estava ruim antes da Americanas', disse um analista

O banco Santander Brasil (SANB11) divulgará seus resultados financeiros do quarto trimestre de 2022 nesta quinta-feira (2), antes da abertura das negociações na B3. As previsões do mercado são pessimistas, pois os analistas projetam margens mais apertadas pela maior exposição à inadimplência somado ao efeito Americanas (AMER3).

“Esperamos que os lucros do Santander Brasil caiam consideravelmente no quarto trimestre em uma combinação de margens fracas, despesas com perdas com empréstimos ainda altas, gestão ruim de ativos e passivos (ALM) além das maiores despesas operacionais e de impostos”, apontou o UBS-BB, em relatório.

De acordo com a mediana das projeções coletadas pela Inteligência Financeira, o lucro líquido recorrente do Santander deverá ser próximo de R$ 2,7 bilhões no trimestre, configurando uma queda de cerca de 30% na comparação anual, com a média do Retorno sobre Capital (ROE) em torno de 12%, ante 20% anotada um ano antes. O IF examinou as projeções do Itaú BBA, Banco Safra, UBS-BB e Genial.

Americanas

O escândalo da Americanas também afetou a projeção para os resultados do Santander. Os analistas, no entanto, não são unânimes em dizer se o banco fará o provisionamento das perdas com a varejista no quarto trimestre ou se apenas a partir de 2023.

O Itaú BBA diz que as provisões com inadimplência já seriam altas mesmo sem a fraude da Americanas.

O banco espera, no entanto, que um provisionamento de 50% seja lançado já nos resultados do quarto trimestre como um evento subsequente.

Com esse evento, o Itaú BBA trabalhou com dois cenários. O primeiro, sem provisionamento das perdas com a Americanas, daria ao Santander um lucro líquido recorrente de R$ 2,93 bilhões. Com o provisionamento, o lucro líquido recorrente ficaria em R$ 1,75 bilhão, perda de 54% em um ano.

“Isso evoluirá de acordo com o desenrolar das expectativas de renegociação e recuperação. Sozinho, o evento não é relevante para nenhum dos ganhos do ano fiscal ou índices de capital do banco. Tememos por maiores impactos indiretos”, completou o relatório do Itaú BBA, assinado por Mateus Raffaelli e William Barranjard.

Amanhã vai ser pior…

A Genial Investimentos divulgou neste domingo um relatório rebaixando as units (SANB11) para venda, justificando que 2022 foi um ano de redução nas receitas com empréstimos, tesouraria negativa e provisões só aumentando, com a tendência de piorar em 2023 com o agravante da Americanas.

“Em 2023, esperamos um ano difícil para o Santander com uma queda no lucro em mais 5,5% ano a ano. Dado o cenário macroeconômico desafiador, o banco deve continuar sua trajetória de aperto, com alíquotas de impostos maiores, aumento da inadimplência e expansão mais lenta da carteira de crédito”, disse a corretora.

A Genial espera que o quarto trimestre do Santander seja fraco, com ROE de 12,2%, bem abaixo de alguns pares como o Itaú e Banco do Brasil. A corretora acredita que o banco não irá provisionar os efeitos da Americanas no quarto trimestre.

Safra

O Banco Safra, por meio de relatório assinado pelos analistas Silvio Dória e Gabriel Pucci, também acredita em resultados mais fracos do Santander no quarto trimestre, que, segundo eles, o banco deve sofrer com pressões sobre a margem diante de seu mercado e qualidade do crédito.

“Isso deve levar a última linha do resultado do banco a recuar na comparação com o mesmo período do ano anterior“, diz o relatório.

“O Santander deve apresentar resultados mais apertados no próximo ano devido à margem financeira menor de cliente e do mercado, além das maiores despesas com provisões e com aumento da inadimplência”, completou.