Juros em níveis elevados levam investidor aos produtos de renda fixa, mostra Anbima

A classe liderou a atração de dinheiro novo, com R$ 109,2 bilhões, no primeiro trimestre do ano

À medida que os juros prossigam em níveis elevados, o investidor tende a dar preferência aos produtos de renda fixa, segundo Pedro Rudge, diretor da Anbima. “[a classe] vai continuar tendo participação importante, lembrando que têm eleições, que de alguma maneira adicionam volatilidade”, comentou ao participar de vídeoconferência sobre os resultados da indústria no primeiro trimestre. “Pode ser que o apetite a risco cresça ou diminua à medida que as coisas fiquem mais claras com o discurso dos candidatos. Isso faz com que os investidores reavaliem a alocação que têm dentro do seu portfólio.”

Um ambiente mais conturbado, naturalmente deixa a renda fixa, os produtos mais conservadores, como principal esteio. Já, se houver um cenário de pré-eleição mais calmo, com discursos mais consistentes, Rudge acha que a propensão a produtos de maior risco vai aumentar, como ações e multimercados.

No primeiro trimestre, a renda fixa liderou a atração de dinheiro novo, com R$ 109,2 bilhões, dando continuidade ao movimento que se viu durante 2021, período em que a Selic teve um rápido ciclo de alta. Os fundos de ações tiveram resgates de R$ 31,9 bilhões e os multimercados, de R$ 41,0 bilhões.

A renda fixa ganhou tração junto com o movimento de alta da Selic e no segundo semestre ganhou reforço extra do aumento da volatilidade do mercado, disse Rudge. “As incertezas aumetaram um pouco com o desempenho da economia, houve mais ruídos políticos, isso tudo faz com que o investidor tenha menor apetite a risco.”

Depois de o investidor incluir na sua carteira fundos globais, neste primeiro trimestre os ativos com exposição direta ao dólar têm sofrido com a variação cambial. “O comportamento do dólar tem esse efeito contundente na atratividade para esse tipo de fundo, na medida em que o investidor vê a apreciação do real e desvalorização, ele vai reduzindo o apetite”, afirmou Rudge.

Ele acrescentou que a pandemia mostrou, contudo, a importância de não ter o risco concentrado num único país. “No mercado americano, as companhias de tecnologia tiveram boa performance, apesar de toda confusão que o mercado e o mundo estavam vivendo. Isso é um indicativo importante para ele ter diversificação geográfica, de moeda, para que se uma classe que ele tem não vá bem, as outras possam se sobressair.”