Como proteger seus investimentos em tempo de guerra?

Especialistas dão dicas do que fazer com o seu dinheiro neste momento

Dólar disparando, Bolsas com forte oscilação, barril de petróleo a US$ 100 e muito medo e incerteza. Em momentos como este, em que o mundo prende a respiração enquanto acompanha os desenvolvimentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, o conselho de especialistas é não mexer na carteira de investimentos. A forte volatilidade dos mercados altera os preços dos ativos e fica difícil uma avaliação mais sóbria sobre boas oportunidades. Além disso, é preciso aguardar qual será o desenrolar da crise nos próximos dias.

“O mais importante é não panicar. Mudar a carteira no momento como esse é muito complicado, há muito ruído, não é hora de tomar grandes decisões. Este é o momento de não fazer nada”, afirma Renato Breia, sócio fundador da Nord Research.

Considerando um cenário de longo prazo, é estratégico ter na carteira ativos em dólar.

“O ideal é sempre ter uma parcela [dos investimentos] diversificada em outra geografias, outras moedas. Mas não adianta ter só ações no exterior porque em dias como hoje as Bolsas estão sofrendo no mundo todo”, afirma Evandro Buccini, sócio e diretor de Renda Fixa e Multimercado da Rio Bravo.

Uma opção de segurança muito procurada nestes momentos são os títulos do governo dos Estados Unidos. Eles podem ser adquiridos no Brasil via ETF, assim como o índice americano S&P 500.

Considerando a alta das commodities e energia decorrente do conflito, ativos atrelados a matérias-primas, como ações da Petrobras, e à inflação, como Tesouro IPCA+, também são bem-vindos.

“O maior risco hoje é uma escalada inflacionária ainda maior e o instrumento para controlar isso é o aumento de juros. Podemos ter mais aumentos de taxa de juros no Brasil”, diz Breia.

A dica do economista é aproveitar os títulos de renda fixa de curto prazo. “Não se deve investir em títulos de renda fixa muito longos para não ficar preso em taxas baixas, tanto prefixados quando indexado à inflação porque eles podem ter prêmios muito baixos.”

Como investir em dólar?

Existem diversas maneira de se investir em dólar no Brasil, tanto direta, quanto indiretamente. Veja a seguir as principais formas:

Moeda em espécie e cartão de débito pré-pago

São as opções sugeridas a quem vai viajar para o exterior. É impossível acertar o ponto em que o dólar muda de trajetória. Por isso, a melhor estratégia nessas duas modalidades, segundo os especialistas, é ir comprando aos poucos. No final, consegue-se um preço médio, não muito alto nem muito baixo.

Conta digital internacional

Algumas instituições financeiras brasileiras estão começando a oferecer contas digitais em dólar (ou euro), com cartão de débito para compras e saques no exterior. O cliente precisa abrir uma conta comum nesse banco, depositar seu dinheiro, habilitar a conta internacional e transferir os recursos. A grande vantagem é que o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) cobrado no momento da conversão é menor do que o que incide sobre o cartão de crédito e o cartão pré-pago: 1,1% contra 6,8%.

Contratos futuros na Bolsa

Por meio de sua corretora, é possível comprar contratos futuros de dólar conhecidos como mini dólar (WDO). Cada minicontrato corresponde a US$ 10 mil e tem uma determinada data de vencimento. Este ativo é extremamente complexo e indicado apenas para quem tem um conhecimento amplo do mercado financeiro.

Fundos cambiais

Fundos cambiais são aqueles que investem pelo menos 80% de seu patrimônio em ativos atrelados a moedas. A maioria aposta no dólar. Para descobrir qual o mais indicado para cada investidor, é preciso entender as características do fundo.

Fundos multimercado

Existem diversos fundos multimercado que investem em dólar. Para encontrá-los, é preciso ler a lâmina dos fundos e identificar aqueles que operam moedas.

ETFs internacionais

São vários os ETFs (fundos de índice)  internacionais na Bolsa de Valores brasileira. Além de acompanhar a variação do índice estrangeiro, eles também replicam a variação do dólar.

Ações

Por meio de BDRs (recibos depositários de ações), também é possível ter uma exposição à moeda americana. Como estes papéis refletem o preço de ações estrangeiras, em dólar, a cotação no Brasil, em reais, embute a variação cambial.

Além disso, ações  de empresas brasileiras também podem refletir o sobe e desce do dólar. É o caso das exportadoras, como Vale, Suzano e Klabin.