Dólar sobe 2% e fecha a R$ 5,10 com guerra na Ucrânia

Juros futuros também encerraram o pregão em alta; investidores do mundo todo a buscam ativos de segurança

A invasão da Ucrânia pela Rússia levou investidores do mundo todo a buscarem ativos de segurança. O principal deles é o dólar, que se valoriza no mundo todo. No Brasil, a moeda americana fechou em alta de 2%, a R$ 5,1037. O dólar turismo teve alta de 2,23%, a R$ 5,2960.

“Estamos no olho do furacão, é bem normal este movimento. Se acompanha o movimento da moeda no exterior”, afirma Vanei Nagem, responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos.

O euro acompanha o movimento e subiu 0,95%, a R$ 5,7119. O euro turismo está R$ 5,9481, alta de 1,10%.

“Eu não acreditava que isso fosse acontecer da forma como aconteceu. A ofensiva da Rússia foi muito forte, apesar de aparentemente os focos serem militares. Não sabemos quando esse conflito acaba e como proteção, o mundo corre para dólar, títulos americanos e ouro”, diz Fabio Foccacia, sócio e estrategista de investimentos da Santa Fé Investimentos.

Os juros futuros brasileiros também se valorizam nesta sessão. No fim da sessão regular, às 16h, a taxa do contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 12,37% no ajuste anterior para 12,445%; a do DI janeiro de 2024 escalou de 11,84% para 11,97%; a do DI janeiro de 2025 avançou de 11,27% para 11,39% e a do DI janeiro de 2027 anotou alta de 11,17% para 11,295%.

Enquanto o dólar sobe por mais investidores buscando comprar a divisa, os juros refletem a expectativa de uma inflação maior. Ontem, o IPCA-15 de fevereiro veio acima das expectativas, em 0,99%, após alta de 0,58% em janeiro. Junta-se a esta alta persistente de preços no Brasil o cenário global de commodities mais caras por conta do conflito na Ucrânia.

“O preço de energia e alimentos estão muito altos, especialmente de grãos e petróleo. A Rússia é uma grande produtora de alumínio, níquel e fertilizantes e pode pressionar o preço das commodities como um todo”, diz Foccacia.

No Brasil, a inflação dos últimos 12 meses foi de 10,38% e se espera uma alta de 5,56% do IPCA neste ano. O índice é pressionado principalmente pela alta no diesel e na gasolina.

“Petrobras deve fazer um reajuste, o barril de petróleo saiu de US$ 80 para US$ 100, o que abre espaço para a empresa aumentar o preço dos combustíveis”, diz Foccacia.

A dica dos especialistas para os investidores é aguardar e acompanhar a situação. Em momentos de grande estresse do mercado, o recomendado é não operar.

“Pelo fundamento em si, não há espaço para o dólar subir muito. É preciso esperar e ver qual será o posicionamento do G7 em relação a sanções econômicas, se a Rússia continua o ataque e qual a posição da China”, afirma Foccacia.

(Com Valor Econômico)