Copom deve elevar Selic nesta semana, mas ritmo de aumento da taxa básica é incerto

Especialistas consultados pela IF afirmam que Copom não deve acelerar o ritmo de aperto monetário na próxima reunião
Pontos-chave:
  • Reunião nesta semana define a nova taxa básica de juros da economia
  • Perspectiva de inflação maior no ano abre a chance de aperto monetário mais forte

O Copom anuncia na próxima quarta-feira (16) a nova taxa básica de juros da economia brasileira. Além da expectativa de alta, o mercado financeiro espera pela sinalização dos próximos passos da autoridade monetária, diante das perspectivas de uma inflação maior em 2022. Em razão da guerra entre Rússia e Ucrânia, a disparada do petróleo e o reajuste dos preços de combustíveis, várias instituições financeiras subiram a previsão para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) no final do ano.

Em suas três últimas decisões, o Copom promoveu elevações de 1,5 ponto percentual na Selic, mas sinalizou que, no encontro desta semana, deveria diminuir a magnitude da alta. Com o juro básico em 10,75%, a avaliação de especialistas consultados pela Inteligência Financeira é que o Copom não deve acelerar o ritmo de aperto monetário nesta reunião.

“A comunicação em relação ao último encontro deve ser mantida. A expectativa é de um aumento de 1 ponto percentual, para 11,75% ao ano”, diz Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter. A instituição financeira revisou a projeção para a inflação de 5,4% para 6,7% – e aguarda o tom da mensagem do BC para ajustar o cenário para a Selic.

“A nossa previsão atual é de uma taxa básica de 12,25% ao ano no final do ciclo. Antes da guerra existia a visão de que o BC poderia começar a baixar os juros ainda em 2022, mas o viés agora é de alta. A indicação é de que teremos juros altos por um bom tempo”, destaca a economista.

Para as próximas reuniões, a certeza de uma pressão inflacionária mais intensa e prolongada abre a chance de uma Selic ainda maior do que as expectativas anteriores, avalia Matheus Peçanha, economista do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

“A guerra gera uma inflação via custos, que é um pesadelo para toda autoridade monetária. No momento, o caminho que o Banco Central tem é continuar subindo os juros para conter o aumento dos preços”, comenta .

Há uma incerteza no patamar em que a Selic pode chegar. O economista aponta que a evolução do IPCA deve influenciar os rumos da decisão do BC. “O que se monitora é que o Banco Central deve manter o juro real no patamar de 7%. Ou seja, se a inflação chegar na faixa de 7,5%, podemos ver uma subida da Selic até a casa de 14,5% ao ano”, diz.

As discussões políticas em torno de propostas para conter a alta dos combustíveis também viram foco de atenção, segundo a economista-chefe do Banco Inter. “Dar subsídio para controlar os preços sem nenhuma contrapartida abre mais um buraco fiscal”, alerta Rafaela Vitória. “Traz preocupação porque vai jogar o problema para frente e prejudicar a inflação no ano que vem. Além de gerar uma desconfiança no mercado e refletir em juros maiores”, completa.