Banco do Brasil (BBAS3) registra maior alta do Ibovespa após balanço; veja repercussão

BB cumpriu metas de 2022 e projeta lucro de R$ 33 a R$ 37 bilhões em 2023; Diante dos resultados, analista afirmou que o BB é o banco mais barato do Brasil

A ação do Banco do Brasil fechou em alta de 2,49% nesta terça-feira (14), após o banco divulgar seu balanço do 4º trimestre com números expressivos e metas fortes. O papel BBAS3 que chegou a subir mais de 5%, encerrou negociado a R$ 41,61.

Para a equipe da Ajax Capital, os números vieram fortes, superando as expectativas, com destaque para a carteira de crédito que avançou 13,6% em um ano, impulsionada pelos empréstimos ao agronegócio, que cresceram 24,9% no período.

“Em suma, números positivos, se beneficiando das maiores operações de créditos e receita com serviços, além de sinalizar melhora de eficiência de suas operações. O Banco ainda atingiu sua projeção anual de lucro líquido com R$ 31,8 bilhões e sinalizou forte guidance para 2023, com previsão crescimento de 10% ano a ano”, completou o chefe da equipe da Ajax, Rafael Passos.

“As ações do Banco do Brasil sobem após a divulgação de mais um trimestre com resultados históricos e acima das expectativas do mercado”, apontou um comentário da Ativa Investimentos.

Levante

O analista Flávio Conde, da Levante Investimentos, também citou os números fortes e acima do esperado e destacou o impacto pela contabilização da provisão com Americanas, de R$ 788 milhões, correspondente a 50% da exposição ao ativo.

Sobre o guidance, Conde afirmou ser essa a projeção mais importante para 2023, de lucro líquido ajustado anual entre  R$ 33 bilhões a R$ 37 bilhões. “Esse número é animador porque sugere um crescimento potencial do lucro líquido entre 4% e 17%”, completou.

Após fazer a análise dos múltiplos de Preço/Lucro (P/L) e Preço/Valor Patrimonial (P/VP), Flávio Conde afirmou que o BB é o banco mais barato do Brasil.

“Lucro líquido ajustado de R$ 31,8 bi e se tirar a provisão dos outros 50% que não forma feitos ainda de Americanas seria um lucro líquido ajustado de R$ 31,4 bilhões, com a cotação de R$ 40,6 da ação de ontem, o BB está com valor de mercado de R$ 115,6 bilhões para um lucro líquido ajustado de R$ 31,4 bilhões e a relação Preço/Lucro de 3,7 vezes versus um P/L média histórica de 5,5vezes”, apontou.

E ainda, com valor patrimonial de R$ 153,5 bilhões, o valor de mercado (R$ 115,6 bilhões) do BB equivale 75,3% do Valor Patrimonial versus média histórica de 90%.

Credit Suisse

O banco suíço reiterou a recomendação de compra para as ações dadas as fortes projeções para 2023, incluindo uma provisão de 50% para a exposição da Americanas.

“O banco apresentou boa qualidade de ativos, com inadimplência diminuindo 0,19 ponto percentual no trimestre e indicando sinais positivos de normalização da inadimplência, com boa evolução em cartões de crédito (indicando que medidas de risco estão dando frutos)”, apontou o relatório.

O Credit afirmou ver uma grande desconexão entre o valor da ação e a alta lucratividade de 21%, apesar de um portfólio mais defensivo e um banco melhor capitalizado em relação aos pares do setor privado.

BTG Pactual

Em seu relatório, os analistas do BTG afirmaram entender os riscos e que ainda acreditam que a assimetria é muito favorável, reforçando a recomendação de compra da ação.

“Nos últimos meses, temos reiterado nossa visão positiva sobre o BB, apesar da deterioração das condições macro/fiscais/políticas, entendemos a preocupação dos investidores com o BB, dada a mudança de governo e o possível retorno de algumas das antigas políticas negativas para as estatais. Sentimos que os investidores estão sempre procurando um motivo para não comprar (o novo é que não deveria gerar um lucro tão forte no atual cenário). Mas, como sinalizado em muitos de nossos relatórios, acreditamos que o BB tem seus ‘anticorpos’”, completou.

Os investidores parecem estar precificando uma deterioração do ROE mais rápida/forte do que o próprio BTG estima. E mesmo que as coisas piorem “e provavelmente vão piorar”, o ponto de partida é muito bom.

“O balanço do BB está forte (capital bem melhor do que no passado), tem uma carteira de crédito mais defensiva (que cresceu menos que seus pares nos últimos 5 anos), e ainda é uma ação muito positiva para ganhos no curto praço. Dessa forma, acreditamos que a assimetria ainda é bastante atrativa aos preços atuais, justificando nosso rating de compra”, completou.

Resumo do balanço

Ontem o Banco do Brasil reportou lucro líquido recorrente recorde em 2022, totalizando R$ 31,8 bilhões e superando o Itaú, que reportou R$ 30,8 bilhões no ano passado. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) médio em 2022 foi de 21,1%.

No 4º trimestre, o lucro líquido recorrente somou R$ 9 bilhões, valor que representa um avanço de 52,4% ante o quarto trimestre de 2021, outro recorde do banco. O retorno sobre patrimônio atingiu 23% ao final do período.

O resultado superou as já otimistas projeções do mercado, que esperavam por um número em torno de R$ 8,10 bilhões no 4º trimestre, de acordo com a mediana dos dados levantados pela IF junto aos relatórios de bancos e casas de análise.

“O resultado do Banco do Brasil foi alicerçado no crescimento responsável da carteira de crédito, com inadimplência controlada, no fortalecimento da geração e diversificação de receitas e na disciplina na gestão de custos, tudo isso somado a uma sólida estrutura de capital. Nos destaques patrimoniais, os ativos totais fecharam 2022 acima de R$ 2 trilhões”, apontou o comunicado do banco.

Guidance 2023

A projeção para lucro líquido recorrente é de finalizar este ano com ganhos entre R$ 33 a R$ 37 bilhões.

A expansão da carteira de crédito, que foi de 17% no ano passado, deve ficar entre 8% e 12%, segundo o banco. Os créditos para pessoas físicas e jurídicas crescerão entre 7 e 11%, enquanto os empréstimos para o agro irão avançar entre 11% e 15%. Em 2022, esse segmento cresceu 24,9%.

PDD

As Provisões de Devedores Duvidosos (que o BB chama de PCLD) encerraram o ano em R$ 16,7 bilhões, e devem aumentar em 2023 para uma faixa entre R$ 23 bilhões e R$ 19 bilhões. Esse é o valor que o banco separa no balanço que ele considera que não irá mais receber de seus devedores.

Inadimplência

O índice de inadimplência acima de 90 dias (INAD+90d), atingiu 2,5% em dezembro de 2022, ficando abaixo do Sistema Financeiro Nacional, que encerrou o período em 3%.

O índice de cobertura do BB foi de 227,1% em dezembro de 2022.

O Índice de Basileia foi de 16,65% em dezembro de 2022.