Como receber R$ 5 mil por mês com o Tesouro RendA+?

Saiba como funciona e quanto rende o título do Tesouro Direto voltado para a aposentadoria

No início deste ano, o governo lançou um novo título público que tem como objetivo ser uma renda extra à aposentadoria. O Tesouro RendA+ é um título de renda fixa, disponível no site do Tesouro Nacional, que distribui seus rendimentos ao investidor, mensalmente, durante 20 anos.

Ou seja, após você aplicar, durante um certo período, você ainda receberá por duas décadas, um recurso todos os meses, para complementar sua aposentadoria.

Aliás, um estudo do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário) mostra que quase 65% dos aposentados pelo INSS recebem apenas um salário mínimo (R$ 1.320).

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), o salário ideal para uma família de quatro pessoas é de R$ 6.676,11. Hoje o valor máximo de aposentadoria paga pelo INSS é de R$ 7.507,49. No Brasil, cerca de um terço das pessoas continuam trabalhando após a aposentadoria.

Portanto, no site do Tesouro Direto, o investidor encontra opções para planejar sua aposentadoria complementar com mais tranquilidade.

Há alternativas de títulos que começam a distribuir os vencimentos em 2030 até opções para quem pretende se aposentar apenas em 2065.

Com isso, fizemos algumas simulações que você pode conferir no final do texto.

Como funciona o Tesouro RendA+?

Ao longo dos anos, o investidor vai adquirindo os títulos, ou frações do Tesouro RendA+, e acumulando suas reservas. O valor mínimo é de cerca de R$ 30.

No site do Tesouro Direto, você pode fazer várias simulações de qual valor e por quanto tempo precisará juntar em títulos de RendA+ para alcançar o seu objetivo.

Lembrando que quanto maior o prazo, menores serão os valores necessários a depositar mensalmente para garantir os pagamentos futuros. Caso você possa fazer um aporte inicial, uma espécie de entrada, suas parcelas e prazos para o seu objetivo podem ser encurtados.

Aliás, não é obrigatório depositar as quantias mensais. Mas lembre-se: caso você pare de realizar os investimentos, mais à frente você precisará depositar quantias maiores para poder receber o seu valor pretendido.

Lembrando que a rentabilidade do Tesouro RendA+ (inflação + taxa real) é a mesma do Tesouro IPCA+, um dos títulos mais vendidos do Tesouro Direto. A principal diferença está no pagamento futuro. Enquanto o Tesouro IPCA+ remunera o valor total no vencimento do título, o RendA+ paga, mensalmente, ao longo de 20 anos, o valor total investido.

Aliás, a data de início dos pagamentos é chamada de data de conversão, sendo o vencimento do título apenas no último pagamento. Ou seja, 20 anos após o início das mensalidades.

Quais são as vantagens do RendA+?

O Tesouro RendA+ tem algumas vantagens para quem mantêm os seus títulos até a data de vencimento, como a isenção da taxa de custódia, cobrada pela B3 (bolsa de valores brasileira).

Ou seja, quem não realizar resgates antecipados, ou seja, antes do início do pagamento das mensalidades, não paga taxa de custódia.

No Tesouro RendA+, o investimento é constantemente atualizado pela inflação, mais uma taxa fixa (taxa real), mesmo quando você já está recebendo a sua renda extra mensal, após a data de conversão.

No entanto, um detalhe é o período de carência. Investidores do RendA+ precisam aguardar 60 dias para realizar o resgate sobre cada valor aplicado. Portanto, o período de carência se aplica aos valores específicos de cada operação, ou seja, os saldos de compras que já completaram 60 dias não são impactados pela carência de novos investimentos.

Aliás, os impostos sobre o Tesouro RendA+ obedecem as mesmas regras dos demais títulos do Tesouro.

22,5%Investimentos até 180 dias
20%Investimentos entre 181 e 360 dias
17,5%Investimentos entre 361 a 720 dias
15%Investimentos acima de 720 dias
Fonte: Receita Federal

Qual a diferença em relação aos títulos de previdência?

Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital explica que na previdência privada, o investidor tem a opção de retirar o seu dinheiro após a fase de acumulação, a chamada data de conversão no RendA+, e aplicar em investimentos com rentabilidade acima da inflação. 

“O investidor pode escolher por diversos fundos de investimentos de diferentes riscos na previdência, e esses podem ser alterados sem cobrança de imposto dentro do plano. Um benefício da previdência, não visto no RendA+, é a alíquota de imposto de renda que cai até 10%”, diz.

Pedro Lafraia, sócio e diretor da área de wealth management na L4 Capital diz que objetivo da criação deste título foi democratizar o planejamento para aposentadorias.

“É uma forma a complementar temporariamente a renda recebida via INSS. Mas vale ressaltar que enquanto o novo título prevê pagamento por 20 anos, a aposentadoria pelo INSS é vitalícia”, lembra.

Desvantagens do RendA+

Pedro também elencou outros pontos que o investidor deve avaliar na hora de optar por um plano de previdência privada ou pelo RendA+

1. Forma de resgate

A previdência privada oferece uma flexibilidade que o RendA+ não contempla. De acordo com Pedro, da L4 Capital, restringir resgates a um período de 20 anos acaba limitando o produto, pois vai contra a ideia de continuidade do benefício.

“Isso é particularmente relevante quando se trata de aposentadoria, principalmente considerando o aumento da expectativa de vida da população”, diz. 

2. Sucessão Patrimonial

O analista explica que, ao contrário do que ocorre nos planos de previdência, o investidor não tem a possibilidade de designar beneficiários no Tesouro Renda+.

Portanto, caso ocorra o falecimento do investidor, sua conta será bloqueada e não poderá ser movimentada até que o inventário seja concluído.

“Ao contrário do Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) – que tem natureza securitária e os beneficiários receberiam os recursos em poucos dias sem custos de transmissão causa morte e doação (ITCMD)”, afirma.

3. Tributação

Na previdência privada, ao optar pela tabela regressiva, o IR pode chegar a 10%, enquanto no título RendA+ a menor alíquota seria 15%.

“Porém, vale ressaltar que essa diferença em alguns casos pode ser compensada pela menor incidências de taxas no Renda+ , já que não terá taxa de carregamento e administração, apenas a taxa de custódia que poderá variar 0,1% a 0,5% ao ano, em caso de resgate antes da data de conversão, e isenta, após a data de conversão”, diz Pedro.

Quanto investir para receber R$ 5 mil por mês no RendA +?

Andressa explica que se levarmos em consideração uma pessoa de 40 anos que deseja se aposentar aos 60 anos de idade, com uma renda extra de R$ 5 mil, e sem aporte inicial, a melhor opção seria a escolha do Tesouro RendA+ 2045. Aliás, o título possui uma rentabilidade aproximada de IPCA+5,86% ao ano.

Ela fez as contas e mostra que essa pessoa precisa ter na sua aposentadoria 290,95 título(s) do Tesouro RendA+ para receber R$ 5 mil de renda extra mensalmente. Assim, por 20 anos, ela receberá essa quantia, diretamente do Tesouro Nacional, a partir de 15/01/2045.

“Desta forma, ela precisa comprar 1,12 título(s) por mês até sua aposentadoria. Hoje 1,12 títulos custam aproximadamente R$ 809,98”, diz.

Andressa calcula que se essa mesma pessoa desejar ter uma renda extra de R$ 10 mil, a estratégia seria a mesma, porém haveria necessidade de compra mensal de 2,24 títulos até sua aposentadoria. Hoje, 2,24 título(s) custa(m) aproximadamente R$ 1.619,97.

E uma pessoa com 20 anos?

Pedro Lafaia fez uma simulação considerando um investidor com 20 anos de idade, que pretende se aposentar com 50 anos. Nestas condições, o Tesouro RendA+ 2050 hoje está pagando IPCA + 5,82%.

Aliás, para receber R$ 5 mil por mês durante o período de  20 anos, você deverá acumular aproximadamente R$ 716 mil.

“Para isso, seriam necessários aportes mensais na ordem de R$ 758 por 30 anos. Logo, esta renda mensal de R$ 5 mil poderá poderá complementar a previdência pública – INSS, dos 50 aos 70 anos”, diz.

Já para receber R$ 10 mil, considerando o mesmo título anterior, seriam necessários aportes mensais por 30 anos, na ordem de R$ 1.520 até 15/01/2050.

Ou seja, para um investidor de 20 anos seriam aproximadamente 30 anos de horizonte de acumulação, para receber também até os 70 anos.

Bora planejar a aposentadoria?