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Tesouro Direto: quais títulos públicos devem render mais em 2025?
A renda fixa brilhou em 2024, com destaque para os títulos públicos do Tesouro Direto. Em novembro, as vendas desses títulos superaram os resgates em R$ 2,462 bilhões. De acordo com dados divulgados no dia 26 último pelo Tesouro Nacional, este foi o segundo maior valor da série histórica. Ficou atrás apenas do recorde do mês de outubro último, quando as emissões líquidas de títulos atingiram R$ 2,528 bilhões. E para 2025, será que os títulos do Tesouro Direto seguem em alta? E quais seriam as melhores opções diante do cenário econômico atual? A seguir, confira o que dizem os especialistas consultados pela Inteligência Financeira.
Tesouro Direto em 2025: tendência de alta e novos recordes
Assim como ocorreu em 2024, a expectativa para o ano que vem é de taxas recordes no Tesouro Direto. De acordo com Luis Guindo, planejador financeiro CFP pela Planejar, a tendência positiva para os títulos públicos deve se manter em 2025 “por conta da política monetária que o Banco Central tem adotado devido a algumas complicações fiscais e ao aumento nos gastos do governo”.
“O BC tem visto a necessidade de aumentar a taxa de juros para que consiga controlar uma inflação crescente. Então, isso tem feito com que os títulos de renda fixa, de modo geral, tenham também elevado a sua taxa de pagamento. A gente viu recentemente, por exemplo, o Tesouro IPCA+ pagando a inflação mais quase 8% ao ano e o Tesouro Prefixado chegando a 15% ao ano. São taxas que a gente poucas vezes viu nos últimos anos”, destaca o especialista.
Desancoragem fiscal
Para Gustavo Faria, gestor de recursos CGA do Grupo Fractal, o Tesouro Direto esteve em alta em 2024, com taxas recordes. Isso, segundo ele, se deve principalmente à desancoragem fiscal e ao aumento da percepção de risco sobre a sustentabilidade das contas públicas.
“Esse cenário elevou os prêmios exigidos pelos investidores para financiar o governo. Em 2025, a continuidade dessa tendência dependerá de fatores como o avanço das reformas fiscais, a execução do novo arcabouço fiscal e as projeções para a dívida pública. Caso o governo consiga sinalizar maior controle das contas públicas, é possível que as taxas recuem ao longo do ano”, pontua Faria.
Rafaela de Sá Silva, planejadora financeira CFP pela Planejar, avalia que essa política restritiva deve se manter em 2025, podendo, inclusive, se intensificar. A especialista cita o boletim Focus, que trouxe, na sua última publicação, uma expectativa de que a Selic chegue a 14% ao final do ano que vem.
“Isso reflete preocupação com a inflação e questões fiscais no país. Então, podemos, sim, esperar que esse ciclo de restrição, de aperto na taxa de juros, continue para 2025”, ressalta ela.
Tesouro Direto: onde investir em 2025?
Entre os títulos públicos recomendados pelos especialistas, o Tesouro Selic e o Tesouro IPCA+ se destacam.
Tesouro Selic
Para Rafaela, em um cenário de juros subindo e risco de inflação, o Tesouro Selic se sobressai, sobretudo para investimentos de curto prazo, porque acompanha a tendência da taxa básica de juros da economias.
“Se o juro vai subir e a gente está posicionado nesse título, acompanhamos essa alta. Além disso, é um título super seguro. Tem baixo risco de oscilação e pode ser resgatado a qualquer momento, o que dá flexibilidade para o investidor”, ressalta a planejadora financeira.
Tesouro IPCA+
Entre as opções disponíveis no Tesouro Direto, os títulos públicos Tesouro IPCA+ com vencimentos entre 2029 e 2035 são boas oportunidades para 2025.
Segundo Gustavo Faria, eles oferecem proteção contra a inflação e retornos reais elevados, com taxas que permitem travar uma boa rentabilidade no médio e longo prazo. “Vale considerar a exposição a esses papéis com uma parte do portfólio. Especialmente para quem busca objetivos de longo prazo, como aposentadoria ou construção de patrimônio”, pontua o gestor do Grupo Fractal.
Já Luis Guindo ressalta que títulos atrelados à inflação de curtíssimo prazo não são uma opção tão atraente agora, “justamente porque esses títulos têm uma chance de perder para o CDI nesse início”.
Um título público em baixa (por enquanto)
Os especialistas consultados pela Inteligência Financeira avaliam que, diante do cenário atual, o Tesouro Prefixado, mesmo pagando 15% ao ano, pode não ser uma boa opção. Rafaela de Sá Silva explica que, na hora da contratação, ele fixa previamente a rentabilidade do ativo de acordo com o que o mercado está negociando hoje.
“Como a tendência desses juros é subir, pode ser que você, posicionado nesse ativo, ganhe menos do que se estivesse posicionado num título pagando pós, acompanhando a tendência de alta da Selic e da inflação”, afirma a planejadora financeira.
Além disso, diz Gustavo Faria, do Grupo Fractal, “os títulos prefixados de prazos superiores a cinco anos podem não ser tão atrativos devido à maior incerteza fiscal e econômica no longo prazo, o que aumenta o risco de volatilidade em suas taxas”.
Luis Guindo pontua que, em cenário de alta de juros, como o atual, os títulos prefixados costumam não compensar tanto. “Isso porque podemos fechar um título prefixado, por exemplo, a 14%, e, passados alguns meses, a Selic vai a 15%. Ou seja, está rendendo abaixo da Selic, o que não faz sentido”, compara o planejador financeiro.
Importância da diversificação
Mesmo pensando apenas em títulos públicos do Tesouro Nacional, é preciso ter em mente um conceito central de planejamento financeiro: o de diversificação. Luis Guindo salienta que o investidor que ficar muito preso ao Tesouro Selic, por conta da tendência dos juros, “vai perder a oportunidade de travar grandes taxas para os próximos anos”.
“A Selic está muito interessante, vai chegar a 15%, vai ser mais de 1% de rendimento ao mês. Só que, se você ficar no Tesouro Selic esse tempo todo, pensando em diversificar, quando a taxa começar a cair, você não vai ter essa sorte”, afirma ele.
Guindo exemplifica: “Quando a Selic começar a cair, o título prefixado, por exemplo, vai cair de 15% para 12%, para 10%, 9%, dependendo de como for a taxa Selic, e o Tesouro IPCA+ 7% vai para 5%, 4%, 3%, igual a gente já via em outros momentos. Então, claro que a diversificação é importante. Porém, estar com dinheiro todo líquido em pós-fixado, em Tesouro Selic, não é interessante. É importante a gente aproveitar essas taxas [do Tesouro IPCA+] para travar ali para 2028, 2029, 2035″.
Tesouro Direto: os números de novembro
De acordo com o último balanço do Tesouro Nacional, em novembro, as vendas de títulos atingiram R$ 5,764 bilhões. Já os resgates totalizaram R$ 3,302 bilhões, sendo R$ 3,109 bilhões relativos às recompras e R$ 192,5 milhões aos vencimentos, ou seja, quando o prazo do título acaba, e o governo precisa reembolsar o investidor com juros.
Títulos mais procurados
Os títulos mais procurados pelos investidores foram os vinculados à inflação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA), que corresponderam a 43,4% do total. Já os papéis corrigidos pela Selic – a taxa básica de juros – tiveram participação de 40,4% nas vendas, enquanto os prefixados – com juros definidos no momento da emissão – representaram 16,2%.
Os títulos vinculados à inflação têm atraído os investidores por causa da expectativa de alta da inflação oficial nos próximos meses. O interesse por papéis vinculados aos juros básicos também é justificado pelo alto nível da Selic. A taxa, utilizada para conter a inflação, está em 12,25% ao ano e pode ser elevada a 14,25% ao ano até março de 2025, consolidando um ciclo de contração na política monetária. Com a expectativa de novas altas, esses papéis continuam atrativos.
O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 150,8 bilhões no fim de novembro, com aumento de 2,5%, na comparação com o mês anterior (R$ 147 bilhões), e de 19,5% em relação a novembro do ano passado (R$ 126,2 bilhões).
O que é o Tesouro Direto?
O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 para popularizar esse tipo de aplicação e, assim, permitir que pessoas físicas adquirissem títulos públicos via internet, sem intermediação de agentes financeiros.
Em resumo, a venda de títulos é uma das formas que o governo tem de captar recursos para pagar dívidas e honrar compromissos.
Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver o valor aplicado com um adicional que pode variar de acordo com a Selic, os índices de inflação ou uma taxa definida antecipadamente, no caso dos papéis prefixados.
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