Investir no Tesouro Direto aos 20 anos: qual é a melhor opção? E que erro um jovem não pode cometer?

Aplicar em títulos públicos é boa opção para quem está começando a investir, mas é preciso estudar e tomar cuidados

Um jovem de 20 anos, começando a vida profissional, dá seus primeiros passos no mundo dos investimentos. Ao olhar para a renda fixa, se depara com o popular Tesouro Direto. Mas como investir em Tesouro Direto quando se tem apenas 20 anos? Qual é a melhor estratégia para se dar bem nesse mundo e construir um patrimônio?

Para te ajudar nesse caminho, a Inteligência Financeira questionou especialistas a respeito das opções que jovens nessa faixa etária possuem. Também perguntamos qual é o principal erro que quem está nesse momento deve evitar.

O primeiro alerta é saber se você já tem a reserva de emergência, para se proteger em caso de imprevistos. “A reserva de emergência consiste basicamente em possuir aproximadamente o valor de 6 meses do custo de vida mensal alocados em ativos com liquidez”, explica Santiago Schmitt, especialista em renda fixa da Manchester Investimentos.

“Por isso, quando falamos de títulos públicos, para a formação dessa reserva, os pós-fixados (LFTs) podem ser uma ótima opção para novos entrantes no mundo dos investimentos. Priorizar a alocação nos Tesouros Selic mais curtos (até 2026) pode garantir alta liquidez ao investidor e está atrelado à taxa básica de juros (Selic), que hoje paga 10,75% a.a., conferindo previsibilidade e liquidez”, completa.

Como investir em Tesouro Direto quando se tem 20 anos?

Bruno Mori, economista e sócio fundador da consultoria Sarfin, defende uma reserva mais ampla. Para ele, uma vez construído esse colchão de segurança, o próximo foco do jovem investidor deve ser buscar conhecimento.

“Após formar uma reserva de capital suficiente para arcar com os principais custos de vida pelo período de um ano, o jovem investidor deve entender o funcionamento (dinâmica de preços) dos títulos prefixados e indexados a inflação”, afirma.

“É importante que o investidor acompanhe o desempenho do preço dos títulos ao longo do tempo para entender os fatores que fazem com que os títulos mudem de valor”, completa, reforçando que os títulos prefixados ou IPCA+ sofrem a marcação à mercado, o que faz com que possam ganhar ou perder valor ao longo do tempo. Se forem carregados até o vencimento, no entanto, garantem o rendimento informado na contratação.

A opção pelos títulos do Tesouro IPCA+

De acordo com Laís Costa, analista da Empiricus Research, uma opção recomendada para jovens investidores de 20 anos são os títulos do Tesouro IPCA+. “Como se trata de uma pessoa jovem, idealmente, essa carteira deve conter uma maior concentração em títulos indexados à inflação, dado que o objetivo primário dela deveria ser aumentar o seu poder de compra com o tempo”, explica.

Como esses títulos rendem, além de uma taxa prefixada, a inflação oficial o jovem investidor garante o crescimento do patrimônio com poder de compra. “Seguindo a mesma linha, o investidor deve optar pelos títulos que não pagam juros semestrais, uma vez a sua idade é condizente com uma estratégia de acúmulo de capital de longo prazo, e não de renda”, diz Laís.

A analista registra, ainda, que este é um momento favorável para esses títulos. Isso um que estão com a oferta de um rendimento que paga a inflação mais uma taxa acima de 6% ao ano. “O momento é bastante atrativo para os títulos indexados à inflação. Historicamente, comprar Tesouro IPCA+ com juros reais acima de 6% foi uma estratégia muito vencedora”, afirma.

O que considerar ao investir no Tesouro Direto

Laís Costa, da Empiricus, lista quatro fatores que os jovens investidores devem considerar ao aplicar no Tesouro Direto.

  • O tempo de investimento
  • Necessidade de renda ou não
  • Perfil de risco
  • Cenário macroeconômico

“Os três primeiros pontos vão determinar a alocação estratégia da carteira, isso é, os percentuais neutros que o investidor deve seguir. O último ponto é importante para a alocação tática, isto é, para entender qual indexador (pós, pré ou IPCA) está mais atrativo no momento e que merece receber um incremento percentual maior no curto prazo”, afirma a analista.

No caso do cenário macroeconômico, é importante que o investidor observe as expectativas para a taxa básica de juros, a Selic.

“Cada tipo de título tem seu momento mais adequado. Os pós-fixados se destacam quando a taxa Selic está em trajetória de alta, sendo excelentes para reservas de emergência devido à sua liquidez. Por outro lado, os pré-fixados e IPCA ganham destaque quando as taxas de mercado estão em queda. No entanto, é importante notar que esses títulos não são ideais para reservas de emergência, pois resgatá-los antes do vencimento pode resultar em lucro ou prejuízo”, explica Santiago Schmitt, da Manchester.

O principal erro dos jovens investidores do Tesouro Direto

De acordo com os especialistas, um dos principais erros que os jovens cometem diz respeito ao prazo de investimento.

Isso acontece quando não se atentam ao fato de que títulos prefixados ou IPCA+ podem ganhar ou perder valor com o tempo.

No saldo final, muitos investem sem se atentar à necessidade de poder precisar do dinheiro, saem em um momento adverso e perdem dinheiro.

“Não se pode negligenciar os vencimentos e resgates antecipados dos títulos, pois aqueles com prazos muito longos estão sujeitos a flutuações significativas de preço. Por exemplo, um título pré-fixado com vencimento em 10 anos apresentará uma volatilidade de preço muito mais acentuada do que um com vencimento em 1 ano”, explica Santiago Schmitt.

Bruno Mori, da Sarfin, concorda. “O principal erro que um investidor de 20 anos pode cometer é achar que os investimentos de renda fixa não sofrem variações de capital negativas. A falta de entendimento sobre os títulos pode gerar frustração e criar uma barreira psicológica em relação aos investimentos de renda fixa”, diz.