Investir no exterior: com este guia, você vai saber por onde começar e por que ter uma estratégia global pode salvar sua carteira

Juliana Benvenuto, especialista da corretora Avenue, mostra como investir em títulos internacionais

Comprar e vender títulos pelo mundo já foi complicado. Hoje em dia, está infinitamente mais simples investir no exterior, além de ainda mais seguro e acessível. Você vai ver nessa entrevista que a especialista no assunto Juliana Benvenuto, responsável pela parte de treinamentos e conteúdo da corretora Avenue concedeu à Inteligência Financeira o quão fácil se tornou negociar papéis fora do Brasil. E você pode fazer isso de duas formas: assistindo à entrevista na íntegra logo acima, ou lendo os principais trechos abaixo.

Investir no exterior ficou mais fácil

A educação financeira no geral é muito importante, mas quando a gente fala de investir no exterior, as pessoas ainda não entendem a real importância. Hoje está muito mais fácil do que um tempo atrás investir no exterior. As corretoras têm facilitado essa abertura aos mercados internacionais, sobretudo os Estados Unidos.

Onde o brasileiro investe?

O Brasil representa só 2% do PIB global, 1% da renda variável e 0,5% da renda fixa. Por outro lado, 99% do patrimônio do brasileiro está no Brasil. Mas a gente representa mais ou menos 1% de todas as possibilidades de investimento global. E quando a gente olha para o mercado americano, por exemplo, a gente está olhando para um mercado que representa mais de 40% de todo o mercado global. E ainda assim, o americano diversifica 20% do patrimônio fora dos Estados Unidos.

Dólar X real

Mercado americano é dólar, moeda forte desde 1786. No último século, por quantas moedas a gente passou aqui no Brasil? Foram várias. Foram nove moedas diferentes até a gente chegar ao real em 1994, com o Plano Real. E o real já perdeu basicamente 80% do seu valor frente ao dólar desde a sua criação. Então, quando a gente fala em investir fora, investir em dólar, a gente também está falando em proteção de patrimônio, porque é moeda forte, não tem jeito. Quando eu falei na questão de investir em diferentes setores, acessar diferentes setores, se eu olhar para o mercado brasileiro de 20 anos atrás e hoje e pegar o top dez ações, as dez maiores empresas na bolsa brasileira, eu tenho um cenário muito, muito parecido, tem bancos, commodities, enfim, não foge muito disso.

Bonds X Tesouro Direto

Os bonds são os títulos mais comuns de renda fixa nos Estados Unidos, tá? Então, quando a gente fala de bonds, a gente está falando de títulos emitidos pelo governo ou por empresas. Então, fazendo paralelo aqui com o Brasil, títulos emitidos pelo governo, a gente tem o Tesouro direto no Brasil, tem títulos emitidos por empresas, a gente está falando de debêntures, então eu consigo acessar títulos do governo americano, títulos do governo de outros países.

Inclusive o governo brasileiro emite dívida nos Estados Unidos. Então, se eu quiser acessar a dívida brasileira em dólar, eu também consigo. O mesmo vale para empresas. Eu tenho empresas americanas emitindo dívida, tem empresas brasileiras, empresas da América Latina, tudo emitindo dívida nos Estados Unidos. Então eu posso investir diretamente num título de renda fixa, que são os bondes, e eu posso acessar a renda fixa também através de fundos de investimento ou de até FC.

A importância de conhecer seu perfil

Tudo vai depender do perfil do investidor, do que exatamente ele está buscando, Porque, querendo ou não, quando eu invisto diretamente num título, eu tenho uma garantia de rentabilidade, se eu levar esse título até o vencimento. Aqui é um ponto importante: renda fixa nos estados Unidos é majoritariamente prefixada. Então, eu já sei exatamente o quanto eu vou ganhar.

Como funciona o Imposto de Renda nos EUA

As pessoas às vezes deixam de investir no exterior por conta da tributação, porque acham que é um bicho de sete cabeças. Mas, muito pelo contrário, é até mais simples do que tributação aqui no Brasil, dependendo do ativo. Preciso declarar imposto nos Estados Unidos? Preciso recolher imposto nos Estados Unidos? E a resposta é não. Sendo residente fiscal no Brasil, a obrigação tributária é toda no Brasil. Então, a declaração é aqui no Brasil, o recolhimento também é feito aqui.

No caso de ganho de capital ao se investir no exterior, funciona da seguinte forma: se eu não passar de R$ 35 mil em vendas de ativos no exterior dentro de um mesmo mês, você fica isento de recolher o Imposto sobre ganho de capital. Então tem uma vantagem tributária, caso não passe desse valor. Funciona muito similar aos R$ 20 mil na bolsa brasileira. Só que a diferença é que vale para qualquer ativo negociado no exterior.

Além disso, dividendos de ativos americanos geralmente sofrem uma tributação na fonte de 30%. O que isso implica aqui no Brasil para a Receita Federal brasileira? A receita ela cobre imposto sobre dividendos recebidos no exterior na alíquota progressiva de IR. Só que Brasil e Estados Unidos tem um acordo de reciprocidade. Então, uma vez que eu já recolhi 30% na fonte e isso é maior do que o máximo que eu pagaria aqui no Brasil, que seria de 27,5%, não preciso recolher mais nada. Aqui no Brasil eu só preciso informar à Receita Federal brasileira que eu tive dividendos e que eu fui tributada na fonte. Problema resolvido.

Títulos americanos

Os bonds são prefixados. E tem um outro detalhe: eles costumam pagar juros semestrais. Porém, tem muito título que você investe hoje, vai só receber o rendimento mais o principal lá na frente. Isso não acontece com os bonds. Você vai receber todo o fluxo de juros semestral na sua conta. Esses juros, eles também são tributados aqui no Brasil, porque não tem retenção na fonte.