Arcabouço Fiscal: conheça os investimentos que podem render mais com a aprovação da nova regra

Analistas avaliam as aplicações em renda fixa e variável que podem ser beneficiadas - e evitadas

Com certeza, você já deve ter lido muitas notícias sobre o Arcabouço Fiscal. E é muito importante ficar de olho nesta nova regra que está por vir, afinal de contas, um ponto fundamental é saber se existem investimentos que podem render mais com a aprovação. Afinal, como você pode ganhar dinheiro com a nova regra? É possível?

Antes de listarmos as opções indicadas pelos analistas, vamos pincelar alguns pontos do que significa essa expressão.

O que é o Arcabouço Fiscal?

O Arcabouço Fiscal nada mais é que um plano do governo que estabelece regras para o controle de seus gastos. A ideia é sinalizar ao mercado que não haverá gastanças e que manterá o equilíbrio entre arrecadação e as despesas.

Entre os principais pontos do projeto, o crescimento anual das despesas fica restrito a 70% da variação da receita primária dos últimos 12 meses

A proposta prevê ainda que o atual teto de gastos passe a ter banda com crescimento real da despesa primária entre 0,6% a 2,5% a.a. Além disso, o governo visa zerar o rombo nas contas públicas em 2024 e gerar um superávit primário de 1% do PIB em 2025. 

Traduzindo: o governo vai flexibilizar o teto de gastos criado durante o governo Michel Temer e abrir espaço para a queda da taxa Selic. Ou seja, assim é possível colocar mais dinheiro na economia e incentivar o crescimento por meio de menores taxas de juros.

Quando o Arcabouço Fiscal começa a valer?

O governo quer votar o projeto na semana do dia 15 de maio.

A ideia era mandar o projeto ao plenário na Câmara dos Deputados já no início de maio, mas como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai estar em viagem ao Japão e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) estará nos Estados Unidos, a votação foi adiada.

A expectativa do governo e do presidente da Câmara é que o projeto seja aprovado sem dificuldade.

Depois, segue para deliberação no Senado onde o governo acredita que também não haverá muita resistência. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) já manifestou apoio ao projeto.

Quais investimentos podem render mais com a aprovação do Arcabouço Fiscal?

Então, vamos ao que interessa. Quais produtos financeiros ficam mais atraentes com a aprovação do Arcabouço Fiscal?

Em caso de um possível êxito do Arcabouço e redução progressiva dos juros, de acordo com Idean Alves, educador financeiro, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, os investimentos em renda fixa prefixados tendem a se destacar.

“Em um patamar ainda elevado graças a Selic em 13,75%, é possível se encontrar retorno de 14% a 15% por ano. Além do prefixado, o IPCA+ pode ser vantajoso também, principalmente considerando o nosso histórico de inflação elevada”, diz.

Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, diz que a expectativa é que a queda de juros venha no segundo semestre. Com isso, também aponta os prefixados como uma boa opção.

“Um título de longo prazo na Selic, de 8 anos, você triplica seu dinheiro. É uma ótima aposta para quem pode esperar esse tempo. É claro que você não deve colocar todos os ovos na mesma sexta, mas eu já estou com um terço do meu dinheiro no prefixado”, afirma.

E na renda variável?

Pedro Schettino Campos Assumpção, analista de investimentos do Banco Daycoval, diz que com a queda dos juros no horizonte, a bolsa de valores deve voltar a ficar atrativa após um período de desvalorização. 

“Juros mais baixos faz com que as empresas consigam apresentar resultados operacionais melhores, principalmente pela redução no custo das dívidas. E a gente sabe que a bolsa se encontra em patamares bastante depreciados”, diz.

Segundo ele, no entanto, mesmo com a aprovação do Arcabouço Fiscal, no curto prazo, a volatilidade deve perdurar. Com isso,  os fundos que possuem algum tipo de proteção, como os fundos long biased, podem ser uma boa alternativa neste momento.

Já Ricardo Gava diz em quais empresas não investir na bolsa, caso a queda de juros se confirme: “Seguradoras ganham muito dinheiro com taxas de juros altas. BB Seguridade (BBSE3), Caixa Seguridade (CXSE3) e Sulamérica (SULA4) talvez não sejam boas apostas”, afirma.

Arcabouço mexe com impostos e afeta ações de alguns setores

De acordo com uma análise do banco BTG, para o cumprimento da meta primária do Arcabouço Fiscal, o governo precisaria reajustar a carga tributária nos próximos três anos entre 1,8 ponto percentual (pp) e 2,3 pp do PIB (Produto Interno Bruto).

Aliás, essa é a preocupação para ações de alguns setores, como explica Marcus Zanetti, portfolio manager da Kinea Investimentos.

“Essa receita que faz a conta do Arcabouço fechar vem com aumento de impostos. Tem a questão do ICMS nas varejistas (incentivos dados pelos estados que podem ser removidos), JCP (atualmente isento, pode passar a ser tributado) nos bancos e tributação de dividendos”, diz.

De acordo com ele, boas opções no momento são investimentos ligados a shoppings, financeiras – que não sejam bancos – , varejistas de alta renda e empresas de capital intensivo. 

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