Como funciona uma carteira de investimentos administrada?

Gestora aponta crescimento de 90% na demanda por este serviço; mas ele funciona para você?

Com a nova tributação sobre fundos exclusivos o mercado começou uma corrida pelas chamadas carteiras administradas. Em uma gestora ouvida pela Inteligência Financeira o crescimento na demanda chegou a 90% em 2023. O sucesso é resultado de uma combinação recente de fatos, que explicamos a seguir. 

No Brasil, as carteiras administradas não são muito populares, principalmente devido ao perfil de cliente ao qual são voltadas. Mas a conveniência de ter profissionais integralmente dedicados a fazer a riqueza do cliente crescer faz desse serviço uma excelente opção para quem quer investir e não dispõe de tempo integral para acompanhar a dinâmica do mercado. 

O que é uma carteira administrada? 

Uma carteira administrada é um conjunto de investimentos gerido por uma instituição financeira em nome de um ou mais investidores. Por meio dela, o investidor concede à parte gestora a autoridade para escolher e administrar seus ativos de acordo com seu perfil, objetivos, horizonte de investimentos e outras orientações personalizações.  

Assim, a instituição ou profissional contratado fica responsável por selecionar os melhores ativos, gerenciar riscos, buscar e aumento de rentabilidade da carteira. É ideal para famílias com pouco conhecimento do mercado financeiro ou para aqueles que não têm tempo para gerir seu patrimônio. 

Um dos principais diferenciais das carteiras administradas é que o cliente não paga comissão para o assessor quando um investimento é contratado, mas apenas uma taxa de administração da carteira. 

“Isso reduz o conflito de interesse. É um modelo sofisticado no qual tudo o que o cliente pagaria de comissão por produto volta para ele como se fosse um cashback”, diz Alexandre Brito, sócio e gestor da Finacap. 

Quem pode oferecer a carteira administrada?

A maioria das instituições financeiras oferece o serviço de carteira administrada apenas para investidores profissionais. Ou seja, aqueles que possuem mais de R$ 10 milhões investidos e o registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Há dois tipos de perfis principais nos clientes que procuram por este serviço, explica Alexandre.  

Uma parte é daqueles que querem investir o patrimônio, não têm muito conhecimento e necessitam de um serviço que não dê margem para conflitos de interesse – como no caso das aplicações que pagam comissão de venda aos assessores.

A outra é do investidor mais experiente que, acima de tudo, quer um serviço mais customizado. “Ele não quer apenas terceirizar a gestão dos investimentos, mas quer ter uma opinião especializada”, acrescenta. 

Principais características

Veja a seguir as principais características deste produto:

  • Personalização: Altamente customizado, este serviço considera as necessidades, objetivos e tolerância ao risco de cada cliente. 
  • Gestão profissional: Profissionais com dedicação exclusiva tomam decisões de investimento baseadas em análises aprofundadas do mercado. 
  • Diversificação: As carteiras possuem investimentos diversificados em diferentes ativos, selecionados sob diretriz do cliente.
  • Flexibilidade: As carteiras são ajustáveis a qualquer momento para se adaptar às mudanças no perfil do mercado e também do próprio cliente. 
  • Acesso a investimentos exclusivos: Por serem investidores profissionais, os clientes têm acesso a produtos que não estão disponíveis ao público em geral. 
  • Transparência e controle: Mesmo com gestão delegada, o investidor tem acesso a relatórios periódicos sobre o desempenho da carteira. 

Crescimento explosivo na demanda 

A instituições financeiras devem observar uma procura cada vez maior por carteiras administradas. Isso porque as corretoras decidiram permitir que outros perfis de renda passassem a contratar o serviço. 

Alexandre Brito, da Finacap, afirma que a mudança começou em 2021. A XP, por exemplo, passou a permitir que gestoras de patrimônio oferecerem o serviço a investidores com patrimônio a partir de R$ 1 milhão. 

“Esse negócio cresceu 90% aqui no ano passado e neste ano continuamos a observar um crescimento”, diz o especialista atribuindo o sucesso ao que chamou de adaptação ao mercado frente às plataformas digitais de investimento

Outro fator que explica a alta procura é a migração de clientes vindos de fundos exclusivos. Isso porque, desde janeiro, os clientes deste último produto são obrigados a pagar IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte) semestralmente sobre seus rendimentos. 

“Já nas carteiras administradas a gente consegue montar um portfólio com produtos isentos”, explica Alexandre. A ideia é ter um serviço com custo final similar ao que os antigos clientes de fundos exclusivos tinham na regra antiga e com vantagens parecidas. 

Desvantagens das carteiras administradas 

Com as recentes mudanças tributárias e a digitalização das plataformas, Alexandre Brito, da Finacap vê uma orientação das carteiras administradas para o varejo.  

Mas esses novos clientes devem se atentar ao decidir junto à gestora de patrimônio as especificidades do contrato, uma vez que a empresa terá autoridade para decidir as aplicações a serem feitas. 

“No acordo fica decidido, por exemplo, o percentual que será aplicado em renda fixa de longo e curto prazo. Temos um time de risco que controla a carteira diariamente”, frisa ele ao lembrar que o investidor é quem dá a diretrizes principais. 

“O cliente nos dá a autonomia, mas não é um cheque em branco”. 

Com edição de Anne Dias.