Após 1 bi de downloads, bancos digitais atingem saturação no Brasil, diz Bofa

Segundo relatório do Bank of America, consolidação está em andamento no setor e vai se aprofundar nos próximos anos

Após 1 bilhão de downloads de aplicativos, o mercado de bancos digitais começou a dar sinais de saturação no Brasil em 2023.

Esta é uma das conclusões do Bank of America a partir de um levantamento da consultoria Sensor Tower.

De acordo com o estudo, o número de usuários ativos do que o Bofa chama de neobanks cresceu 3 vezes nos últimos cinco anos no país.

Com isso, atingiu 180 milhões, representando perto de 80% da população brasileira.

“No entanto, a indústria começa a dar sinais de saturação, com os downloads desacelerando e a base de usuários mantendo-se relativamente estável nos últimos dois anos”, afirmou o banco de investimentos.

Consequentemente, houve uma consolidação do mercado nos 5 maiores bancos digitais: Nubank, PicPay, Mercado Pago, Inter e C6.

Juntos, eles representaram no ano passado 70% da base de usuários do sistema. Dois anos antes, esse grupo respondia por 60% do total.

Mercado desacelera, Nubank resiste

Segundo o relatório, após um pico de cerca de 250 milhões downloads de aplicativos de bancos em 2021, na esteira isolamento social para conter a pandemia, o número caiu para 160 milhões no ano passado.

Essa tendência vem acompanhada de desaceleração também na base de usuários ativos.

Na verdade, 2023 marcou a primeira queda no total de pessoas que acessaram um aplicativo de banco digital pelo menos uma vez por mês.

A exceção foi o Nubank (ROXO34), que não apenas manteve o ritmo de downloads, quanto aumentou a base de ativos.

De acordo com os números da Sensor Tower, o banco fundado por David Vélez fechou o ano passado com 58 milhões de usuários ativos.

Isso significa que o Nubank manteve a trajetória de acrescentar 10 milhões de usuários ativos a cada ano desde 2019.

Dessa forma, o Nubank atingiu quase um terço de todos os usuários ativos do mercado.

InstituiçãoUsuários ativos em dez/2023
(em milhões)
Variação em 12 meses
Nubank58,4+20%
PicPay23,17-11%
Mercado Pago19,2+24%
inter18+2%
C613,2-9%
Fonte: Sensor Tower, Bofa Global Research

Consolidação à vista

Para Mario Pierry e equipe, que assinam o relatório do Bofa, esse cenário tende a fazer com que os bancos digitais mudem de postura.

“O foco dos participantes deve mudar para a conquista de ‘principalidade’ dos clientes, o que provavelmente levará a uma maior consolidação e a uma concorrência mais acirrada”, afirmaram.

Assim, ter uma base robusta de depósitos e vender mais produtos por cliente são métricas que ajudarão a determinar os vencedores nesse mercado.

É justamente o que vem conseguindo fazer alguns dos líderes, como Nubank e inter.

Para o Bofa, ambos “construíram com sucesso bases de depósitos sólidas, validando a ‘principalidade’ das contas”.

Na prática, isso toma espaço dos bancos digitais menores, cuja base de usuários ativos caiu em 2023.

Foram os casos de instituições como AME Digital (-71%), BanQI (-46%) e banco Pan (-27%).

Por outro lado, os bancos tradicionais têm conseguido uma relativa estabilidade

Em 2023, a bases de clientes digitais de Caixa Econômica, Bradesco (BBDC4), Santander Brasil (SANB11), Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) variaram de alta de 5% a queda de 7%.

Corretoras

Já entre as corretoras online de investimentos, os downloads de aplicativos caíram para 11,5 milhões, cerca de 50% abaixo do pico de 2021.

Na mesma direção, a base de usuários ativos no segmento caiu de um pico de 6,3 milhões em 2021 para 5,7 milhões em 2023.

Segundo o levantamento, a queda foi liderada pela fraqueza em aplicativos focados em negociação, como a Clear.

Contudo, o desempenho das líderes no setor foi distinto.

Enquanto a base da XP no ano passado cresceu 16%, para 1,66 milhão, a do BTG Pactual encolheu 15%, a 1,225 milhão.