Copom: mercado aposta em queda na Selic com mudança no tom do comunicado

Para instituições, trecho em que BC sinaliza novas quedas idênticas para a Selic deve sair do comunicado, abrindo caminho para corte de 0,25 p.p. em julho

Em um período de poucas convicções no mercado financeiro, ao menos um movimento é dado como certo.

O de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) irá cortar 1% da taxa de juros Selic nas próximas duas reuniões do colegiado. Sendo a primeira queda já nesta próxima quarta-feira (20). E a segunda em maio, no dia 8.

Para o mercado, a Selic perderá 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira, o que vai levar a taxa básica para o patamar de 10,75% ao ano.

E vai perder outros 0,50% em maio, passando a balizar os juros locais à taxa de 10,25% ao ano.

A opinião é corroborada por nove instituições financeiras, diretamente consultadas pela reportagem da Inteligência Financeira ou que publicaram relatório nesta última semana sobre o assunto.

A lista consultada contempla ASA Investments, de Alberto Safra, a agência de classificação de riscos Austin Rating, e os bancos BNP Paribas e Bank of America. Além do BTG Pactual, Citi, Itaú Unibanco, Santander e XP Investimentos.

Copom: comunicado deve vir com alteração para Selic

Sem dúvidas sobre a decisão em si, há uma questão que envolve a próxima reunião do Copom nesta próxima quarta. É sobre a comunicação que os técnicos do BC irão adotar para a Selic.

Assim, há quem acredita que permanecerá no texto o trecho em que o BC sinaliza outras quedas de igual magnitude para a taxa Selic. Essa seria uma sinalização clara de que, ao menos, outros dois cortes de 0,50 ponto percentual, em junho e também em julho, irão acontecer.

Mas a maior parte do mercado vê uma alteração no guidance, como o mercado chama as projeções que orientam as alocações financeiras.

Nesse caso, o Copom irá retirar o trecho, abrindo a caixa de especulações para uma possível queda de 0,25% em julho, com a Selic acomodada em 9,50% ao ano.

É o que espera o economista-chefe do BTG Pactual, Claudio Ferraz, em relatório publicado nesta semana.

Segundo ele, haveria vantagens em um ajuste da comunicação, mesmo que parcial. Mas ele pondera que “os sinais emitidos desde a reunião de janeiro não foram conclusivos a esse respeito, a nosso ver”.

O Citi vai na mesma direção. “A mensagem chave do Copom de que ‘os membros preveem com unanimidade uma redução na mesma magnitude nas próximas reuniões’ parece inconsistente com nossa expectativa para as previsões para a inflação e o balanço de riscos do Copom”, pontua.

Assim como o Bank of America (BofA). “(Nossa) leitura apoia uma redução continuada dos juros em 0,5 ponto porcentual por reunião, com um último corte de 0,25 ponto, atingindo a taxa terminal de 9,5% em julho”, afirma o economia-chefe para Brasil e América Latina, David Beker, e Natacha Perez, economista do banco.