- Home
- Mercado financeiro
- Selic
- CEO do Bradesco (BBDC4): aumento muito maior da Selic não vai adiantar
CEO do Bradesco (BBDC4): aumento muito maior da Selic não vai adiantar
Empresas citadas na reportagem:
O presidente-executivo do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, disse nesta terça-feira (3) não acreditar que um aperto monetário muito mais forte seja uma boa estratégia para combater a inflação.
“Faz mais sentido deixar o juro num nível restritivo por mais tempo”, disse Noronha em encontro anual com jornalistas. A Inteligência Financeira estava presente no encontro.
O executivo citou o último ciclo de alta de juros, em que a Selic ficou estável em 13,75% ao ano no período de 12 meses até agosto de 2023.
Segundo Noronha, a medida ajudou a reduzir a pressão inflacionária e poderia fazer o mesmo agora.
Suas declarações surgem uma semana antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunir para decidir o que fazer com a taxa básica, hoje em 11,25% ao ano.
Nas últimas semanas, com as sucessivas revisões para cima do mercado para a inflação deste ano e dos próximos, as apostas num aumento maior da Selic cresceram.
Após alta de 0,25 ponto percentual em setembro e outra de 0,5 ponto em novembro, muitos agora acreditam em aumento de 0,75 ou mesmo 1 ponto em dezembro.
“Um ponto (percentual) seria demais”, disse Noronha.
Várias instituições financeiras nas últimas semanas também elevaram a previsão para a Selic terminal, nível em que o juro deve parar de subir.
O JPMorgan, por exemplo, na semana passada estimou que a taxa básica fechará 2025 em 14,25% ao ano.
Selic alta terá mais efeito no crédito corporativo, diz Bradesco
Para o CEO do Bradesco (BBDC4), o aperto no juro tende a pressionar mais as empresas do que as pessoas físicas.
“Um aumento de dois, três pontos na Selic não tem impacto nenhum no crédito para o consumo”, afirmou ele.
De acordo com o executivo, o maior impacto sobre a capacidade de pagamento desse público vem dos níveis de desemprego e da inflação.
Nesse sentido, com o desemprego brasileiro em recordes de baixa e a inflação relativamente controlada, a preocupação dos bancos é menor.
“Mas para empresa, isso (o aumento da Selic) pega no capital de giro”, acrescentou Noronha.
Bradesco (BBDC4) ainda se recupera de um ciclo de crédito ruim
As declarações de Noronha vêm no momento em que o executivo completa um ano à frente do banco.
Seu antecessor, Octavio de Lazari Júnior, deixou o cargo meses antes de completar o mandato, após um período de forte queda no lucro do Bradesco.
Isso porque o banco colheu os efeitos de uma safra de crédito ruim, originada no período pós-pandemia, quando o juro estava extraordinariamente baixo.
Com o subsequente aumento de inflação e juros, a capacidade de pagamento de pessoas e empresas diminuiu e os calotes deram um salto.
Dessa forma, o Bradesco (BBDC4) teve que fazer dezenas de bilhões de reais em provisões para perdas com inadimplência.
Os níveis de atrasos, contudo, começaram a cair recentemente. No terceiro trimestre, o índice de inadimplência acima de 90 dias foi de 4,2%. Um ano antes, esse indicador era de 5,6%.
Apesar dessa recuperação, o nível de lucratividade do Bradesco ainda segue inferior aos de rivais como Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú Unibanco (ITUB4).
Noronha vem reforçando o foco de sua gestão em operações de menor risco como forma de recuperar a rentabilidade do banco.
Leia a seguir