Ibovespa desacelera, sobe 0,28% após Fed manter juros nos EUA e perde os 128 mil pontos

Ibovespa devolve ganhos após Federal Reserve manter taxa de juros e descartar corte em março; bolsa de valores tem pior janeiro desde 2016

A bolsa de valores hoje engatou uma forte alta que manteve durante quase todo o pregão. Contudo, os ventos mudaram com a decisão do Fed de manter a taxa básica de juros nos Estados Unidos e, sobretudo, a coletiva de Jerome Powell, presidente do BC americano. Powell descartou novas altas na taxa, mas disse que o Fed provavelmente não vai cortar juros em março, indo contra as apostas de Wall Street.

Assim, o Ibovespa devolveu aos poucos quase toda a alta do pregão, com forte oscilação de queda. O índice, que chegou a tocar 129 mil pontos na máxima, fechou o pregão em alta de 0,28%, aos 127.752,28 pontos, próximo à mínima.

O dólar, por outro lado, caiu hoje, mas teve um repique no final da tarde após o discurso de Jerome Powell. A moeda norte-americana caiu a R$ 4,9374, em queda de 0,16%

Ibovespa hoje

As decisões de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) e do Copom (Comitê de Política Monetária) estiveram no centro das atenções da bolsa de valores hoje. O índice registrou uma alta generalizada de ativos, principalmente de ações do setor de varejo.

As ações do Grupo Soma (SOMA3), em meio a rumores de uma possível fusão com a Arezzo (ARZZ3), subiram 16,8% no Ibovespa. Já o papel de Arezzo engatou alta de 12,1% nesta quarta-feira.

A operação está em fase de negociações, conforme fatos relevantes divulgados pelas duas empresas. De acordo com o comunicado, a possível fusão envolveria união das bases acionárias de Arezzo e Grupo Soma. O atual CEO da marca de calçados, Alexandre Birman, seria o presidente da companhia combinada.

Além disso, entre destaques de ações em alta, a ação ordinária do Magazine Luiza (MGLU3) sobe 5,56%, enquanto o papel da concorrente Casas Bahia (BHIA3) tem alta de 4,08%.

Fora do setor de varejo no Ibovespa, mas ainda no segmento de ações mais sensíveis aos juros domésticos, o papel da MRV (MRVE3) subiu 3,66%. A Locaweb, empresa de serviços de software, tem avanço de 4,19% nas ações ordinárias (LWSA3).

No âmbito corporativo, o Santander Brasil (SANB11) abriu a temporada de balanços do 4º trimestre de 2023 na B3.

O lucro do banco, de R$ 2,2 bilhões, desacelerou 19% na comparação com o trimestre imediatamente anterior e ficou abaixo das expectativas.

Ibovespa recua no mês; IFIX avança

O mês de janeiro registrou baixa generalizada entre os índices da bolsa de valores. Os ativos performaram mal no mês com a realização de lucros de dezembro. O Ibovespa recuou 4,79% em janeiro, a maior baixa para o mês desde 2016.

Dados da B3 mostram que, até segunda-feira, o investidor estrangeiro retirou R$ 4,8 bilhões da bolsa de valores brasileira, frente um saldo positivo de R$ 17,5 bilhões em dezembro.

Confira, a seguir, o fechamento de janeiro do IFIX (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários), BDRX (Índice de Brazilian Depositary Receipts), IDIV (Índice de Dividendos):

ÍndiceVariação do diaVariação do mês
IBOV0,28% -4,79%
IDIV+0,31%-3,51%
IFIX+0,18%+0,67%
BDRX-1,12%+4,78%
Fonte: Estadão Broadcast

Dólar hoje

No mesmo horário acima, o dólar oscilou negativamente, mas ganhou fôlego após o discurso de Powell. Assim, a moeda norte-americana teve desvalorização de 0,16%, a R$ 4,9374.

No acumulado do mês, no entanto, esse cotação representava uma alta de 2,08% da moeda norte-americana contra a brasileira.

No cenário internacional, o dólar avançou sobre pares internacionais. O índice DXY, que mede a força da moeda contra iene, euro, entre outros, subiu 0,23%, a 103,66 pontos.

Melhores ações do mês na bolsa de valores

A maior alta do mês na bolsa de valores foi a da Gafisa (GFSA3). Em meio a uma disputa entre acionistas de referência e com assembleia geral extraordinária marcada para fevereiro, o papel da incorporadora cresceu 35,22% ao longo de janeiro.

Logo em seguida, a Sequoia conseguiu se recuperar na bolsa de valores. O papel, que tem queda de 85,91% no período de 12 meses, subiu após o anúncio de que o grupo está negociando uma fusão com o grupo Move3

Veja, a seguir, as cinco melhores ações da bolsa de valores considerando todos os índices da Bovespa. A lista tem como critério incluir apenas ativos cujo volume de transação total corresponde a R$ 1 milhão ou mais no intraday.

  • Gafisa ON (GFSA3): +35,22%
  • Sequoia ON (SEQL3): +34,21%
  • Eletromidia ON (ELMD3): +13,67%
  • Marcopolo PN (POMO4): +13,48%
  • Grupo SBF ON (SBFG3): +12,62%

Piores ações da bolsa de valores em janeiro

Por outro lado, na lanterna da bolsa de valores em janeiro, a Gol teve o pior desempenho. O pedido de recuperação judicial fez com que o papel preferencial da aérea despencar 68,45% até esta quarta-feira.

A B3, administradora da bolsa de valores, retirou a Gol (GOLL4) do Ibovespa e de outros nove índices após a companhia entrar com reestruturação de capital via Chapter 11, nomenclatura para processos de recuperação judicial nos Estados Unidos.

Confira abaixo as cinco piores ações da Bovespa em janeiro. A lista segue os mesmos critérios do ranking de melhores ações.

  • Gol PN (GOLL4): -68,45%
  • Qualicorp (QUAL3): -35,88%
  • Tenda (TEND3): -32,84%
  • Casas Bahia ON (BHIA3): -30,67%
  • MRV ON (MRVE3): -29,83%

Bolsas de Nova York

As Bolsas de Nova York fecharam em queda forte hoje, depois do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sinalizar que os juros não serão cortados na reunião de março. Investidores também monitoraram a temporada de balanços em curso, que hoje teve resultados de Mastercard e Boeing.

O índice Dow Jones encerrou em baixa de 0,82%, a 38.150,30 pontos. O S&P 500 cedeu 1,61%, a 4.845,65 pontos. O Nasdaq recuou 2,23%, a 15.164,01 pontos.

Apesar do recuo de hoje, o acumulado do mês foi positivo para os índices, em meio às recentes máximas do Dow Jones e S&P 500, insuflados pelo setor de tecnologia, que também trouxe ganhos robustos ao Nasdaq no somatório do mês. Em janeiro, o Dow Jones subiu 1,22%, o S&P 500 ganhou 1,59% e o Nasdaq avançou 1,02%.

Bolsas da Europa

As bolsas europeias fecharam nesta quarta-feira (31) com desempenhos mistos, com os três principais mercados da região no vermelho diante da cautela antes da decisão do Fed nos EUA e com a reação dos investidores a uma série de balanços.

Em Londres, o FTSE-100 fechou em baixa de 0,47%, na mínima intradiária de 7.630,57 pontos. No continente, o CAC-40, de Paris, perdeu 0,27%, e estacionou nos 7.656,75 pontos, enquanto em Frankfurt, o DAX caiu 0,40%, aos 16.903,76 pontos. Por outro lado, O FTSE MIB, ganhou 0,40%, aos 30.744,24, em Milão.

Por fim, em Madri, o IBEX-35 avançou 0,38%, aos 10.077,70 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 subiu 0,48%, aos 6.322,76 pontos. O FTSE MIB, de Milão, ganhou 0,40%, aos 30.744,24 pontos.

Com informações do Estadão Conteúdo