Veja quais bancos devem oferecer consignado para beneficiários do Auxílio Brasil

Poucas instituições afirmam que devem aderir e ressaltam que efetivação ainda depende da regulamentação do governo

Pouquíssimos bancos afirmaram, até agora, que devem aderir à possibilidade de oferecer empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil. O mais provável entre todos é a Caixa, que opera os programas sociais do governo. Ainda assim, na internet pipocam ofertas de correspondentes bancários para fazer simulações de desse tipo de empréstimos. Os correspondentes não são bancos, eles apenas prestam serviço para uma instituição financeira.

Entre os bancos mais tradicionais, um dos que permite simular a contratação no seu site é o Pan. “Auxílio Brasil – Um novo empréstimo para melhorar sua vida financeira”, diz o website. O Safra também anuncia a nova linha. “O consignado Auxílio Brasil com a Safra Financeira é crédito na mão, na hora!”. E o mesmo acontece com a Facta Financeira. “Empréstimo Auxílio Brasil – Com a Facta você sempre sai na frente!”.

Correspondentes bancários que atuam em nome do Bmg e do Daycoval também já fizeram anúncios, mas não há informações oficiais ainda dessas instituições. Segundo o Valor apurou, mesmo bancos que permitem a simulação ainda não bateram o martelo de que devem mesmo oferecer o empréstimo e ainda aguardam como será a regulamentação da nova lei pelo governo. Alguns, mesmo com a simulação ainda no site, já teriam decidido que no fim das contas não vão aderir. “Estamos olhando com interesse pra viabilizar a operação”, diz o Daycoval.

Um dos únicos que já confirma que deve mesmo oferecer o produto é o Agi (antigo Agibank). “O Agi já oferece crédito consignado para beneficiários do INSS e agora passa a oferecer também para beneficiários do Auxílio Brasil. A sanção dessa medida representa a possibilidade de acesso ao crédito a milhões de brasileiros que precisam do recurso para realizar algum projeto específico ou até mesmo para as demandas básicas do dia a dia. Entendemos ser um importante mecanismo de inclusão financeira para esse público”, disse em posicionamento enviado ao Valor.

Pela nova lei, quem recebe o Auxílio Brasil vai poder pedir um empréstimo até 40% do valor do benefício. Significa que quem recebe R$ 600 vai poder pagar parcelas de até R$ 240 por mês do consignado. O prazo é limitado a 24 meses e não há limite para a taxa de juros cobrada. Conforme o Valor Investe mostrou no fim do mês passado, anúncios em sites de bancos e nas redes sociais ofereciam empréstimos de R$ 2.000 e R$ 2.500, com taxas de 5,63% e 5,91% ao mês, quase 100% de juros ao ano.

Procurada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que o aumento da margem consignável e a extensão da consignação ao Auxílio Brasil e o BPC permite que recursos de benefícios sociais estejam à disposição das pessoas que necessitem de recursos financeiros de forma rápida e mais barata. “Após a publicação das portarias e decretos que regulamentarão a operação de crédito consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil, caberá a cada instituição financeira estabelecer os critérios para a concessão do crédito.”

A entidade reforçou que a procura por uma operação de crédito deve ser avaliada cautelosamente por parte do beneficiário, a fim de não incorrer em superendividamento. “A contratação da operação, quando do início de sua oferta, seguirá os principais canais já disponibilizados pelas instituições financeiras que operarem com o produto”.

Já a agência de rating Moody’s divulgou nota afirmando que, de modo geral, o aumento das margem de consignação tem uma implicação positiva para os bancos brasileiros, estimulando o crescimento de linhas de menor risco e taxa de juros menores, reduzindo o custo de crédito.

“Já o consignado com benefícios sociais, pelas próprias características, está mais alinhado à estratégia dos bancos públicos, que detêm a base dos beneficiários e têm uma função de promover a inclusão financeira destes consumidores. Este produto tem um risco de crédito e também um risco regulatório maior do que o consignado tradicional, por estar atrelado ao um benefício social, e todas as questões relacionadas, inclusive a falta de histórico financeiro do beneficiário, na grande maioria dos casos, o que torna muito complexa a gestão do produto”, diz Lucas Viegas, vice-presidente da Moody’s Investors Service.

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