IF Hoje: Tragédia no Oriente Médio pode manter alta do petróleo e disfarçar pressões

Ibovespa foi salvo ontem pela Petrobras, que avançou diante de dois fatores, um deles foi a alta na cotação do petróleo causada pelos terremotos na Turquia e Síria

O número de mortos em decorrência ao terremoto na Turquia e Síria deve passar de 5 mil pessoas.

O terremoto na região foi o mais forte desde 1939, com magnitude 7,8. Com isso, o presidente da Turquia, Recep Tayip Erdogan, declarou nesta terça-feira (7) estado de emergência por três meses nas dez cidades mais afetadas pelo terremoto. 70 países já ofereceram ajuda para as buscas a sobreviventes nos escombros.

A tragédia deve impactar os mercados financeiros do mundo.

O Ibovespa já não ia bem nos últimos dias e o que tem mantido as perdas em níveis menores são as ações da Petrobras.

Por isso, é importante você ficar atento às notícias vindas do Oriente Médio. Além da tragédia, a produção de petróleo deve ter consequências.

Se continuar em suspensão, novas altas na commodity ocorrerão e poderão impulsionar ainda mais os papéis da estatal brasileira.

Além disso, hoje é dia de divulgação de inflação de janeiro no Brasil (IGP-DI), relatório de empregos na França e balanço financeiro do Itaú Unibanco, maior instituição financeira do Brasil e América Latina, após o encerramento das negociações na B3.

Fatores de desconfiança

Voltando a falar da situação do Ibovespa. São muitos os ruídos que fazem com que os investidores – especialmente os estrangeiros, donos do dinheiro parrudo – passem a cobrar uma taxa maior de juros para investirem aqui o (muito) dinheiro que administram.

E não sejamos enganados, é basicamente o fluxo estrangeiro de compra e venda que dá a direção ao índice. Isso é o que costumam intitular como fosse uma entidade, o tal do “mercado”.

Pois bem, desde o início de fevereiro a bolsa já perdeu 4,15% de valor, zerando inclusive os ganhos de janeiro, pois desde o início do ano o Ibovespa está quase 1% no negativo.

A maré ruim da bolsa brasileira tem culpados internos e externos

Por aqui, as falas do presidente Lula em descompasso com uma política fiscal mais responsável afugentam o investidor, que busca outros mercados.

Ontem mesmo, Lula atacou a taxa de juros em meio à posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apenas algumas semanas após criticar o Banco Central e sua independência.

Lá fora, a taxa de juros dos Estados Unidos e a economia da China são os outros fatores. O primeiro porque, dois dias após o presidente do Federal Reserve dizer que poderia encerrar o ciclo de alta da taxa de juros americana ainda neste ano, o relatório de empregos (Payroll) mostrou um mercado de trabalho aquecidíssimo, que pode causar pressão inflacionária.

Com relação à China, a reabertura da economia após meses de política de Covid-zero não está sendo tão robusta como se esperava. O minério de ferro está em seu menor nível em três semanas, ontem fechou a US$ 125 a tonelada, puxando consigo as ações da Vale e das siderúrgicas brasileiras.

Petrobras segurando o índice na unha

E as perdas não estão sendo maiores porque as ações da Petrobras estão segurando o índice diante da expansão do valor do petróleo no mercado internacional.

Ontem, um estudo da consultoria StoneX apontou que o preço da gasolina da Petrobras está sendo vendido com um ágio de R$ 0,38 sobre o mercado internacional, ou seja, a estatal tem espaço para cortar 11,6% nos preços, mas está utilizando essa diferença para fazer caixa.

Em relação ao Diesel, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis estima que o diesel da Petrobras esteja 18% acima da paridade, com necessidade de um corte de R$ 0,68 por litro, em média. Para a StoneX, o valor é ainda maior. O diesel da Petrobras está R$ 0,76 acima das cotações internacionais, o que indica espaço para redução de 16,8%.

Ou seja, a população inteira está pagando esse “prêmio”.

Tragédia na Turquia e Síria

Nesta segunda, o barril petróleo fechou em alta de 1,31% após dois fortes terremotos, um com magnitude 7,9 e outro de 7,6, atingirem a Síria e a Turquia entre domingo e segunda e causar a suspenção da operação de um terminal de petróleo na cidade turca de Ceyhan, principal plataforma de exportações do petróleo turco.

Como consequência dessa paralisação, fluxos do óleo vindos do Iraque e Azerbaijão também foram temporariamente interrompidos.

Até a noite de ontem o número de mortos já passaram de 4.300 mortos. Milhares de pessoas estão feridas e outras milhares seguem desaparecidas. O tremor foi o mais violento na região desde 1939, e foi sentido também em Israel, Chipre, Líbano e Iraque.

Agenda dos indicadores

Pela madrugada a Austrália anuncia sua decisão de taxa de juros, com a projeção do mercado de que haja um aumento de 0,25 ponto percentual, para 3,35% ao ano. Às 4h, saem números do desemprego na Suíça, a projeção é que fique entre 1,9% e 2%.

Na França, pela manhã, tem o relatório de empregos não-agrícolas, desemprego e folha de pagamentos, basicamente o “Payroll” francês. Ainda na Europa, saem dados de produção industrial na Alemanha e na Espanha.

No Brasil, às 8h será divulgada a inflação pelo IGP-DI referente ao mês de janeiro, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna registra a variação nos preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços ao consumidor final.

Nos Estados Unidos saem os dados da balança comercial e de crédito ao consumidor de dezembro. No Canadá, balança comercial de dezembro.

Balanços do dia

Entre os balanços do dia, destaque para o Itaú Unibanco, após o fechamento.

De acordo com a mediana das projeções coletadas pela IF, o Itaú terá um lucro líquido recorrente na casa dos R$ 8,2 bilhões, um aumento de 15% na comparação com o 4º trimestre de 2021. O ROE (retorno sobre o patrimônio) é projetado entre 20% e 21%.

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