Galípolo sobre Campos Neto: ‘Está exercendo o cargo na plenitude’

Diretor de Política Monetária está entre os cotados para ser presidente do Banco Central a partir do ano que vem

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse na quinta-feira (4) que a sucessão na presidência da autarquia não é tema para ele tratar. “Sucessão não é tema para diretor de política monetária”, disse Galípolo.

Ele foi incitado a comentar fala feita pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, em defesa da realização da sabatina do seu sucessor ainda neste ano para não correr o risco de o comando da autarquia ter de ser ocupado por um interino, já que seu mandato termina em 31 de dezembro, quando o Senado estará em recesso.

Segundo Campos Neto, até mesmo um diretor na presidência interina precisaria ser sabatinado pelo Senado. Para Galípolo, Campos Neto “está exercendo o cargo na plenitude”.

“Não vejo a fala do Campos Neto como antecipação da sucessão. Campos Neto mais alertou questão técnica sobre sabatina neste ano. Indicação de diretor e presidência do BC é do presidente da República”, afirmou.

Rumos da Selic

O diretor disse também, em evento promovido pela Necton, que não houve mudança no pensamento, dentro do comitê dos diretores da autarquia, sobre o ritmo e o orçamento do ciclo de cortes de juros.

Galípolo reforçou a mensagem de que, diante do aumento das incertezas, tanto domésticas quanto internacionais, o Comitê de Política Monetária (Copom) buscou graus de liberdade para tomar suas decisões, retirando a indicação (forward guidance) ao corte da Selic a partir de junho.

Apesar disso, observou, o cenário-base não mudou, de modo que a linha do colegiado segue igual.

“O que se pensava antes da reunião em pace ritmo e orçamento tamanho do ciclo não foi alterado”, disse Galípolo.

Durante o evento, o diretor do BC pontuou que, dada a correlação não usual entre variáveis, como a queda da inflação apesar do mercado de trabalho aquecido, a autoridade monetária tem evitado estabelecer mecanicidade – ou seja, relação direta – entre movimentos econômicos.

Recusou-se também a dar pistas sobre qual seria a taxa terminal do BC. “Da mesma forma que o cenário-base não mudou, seguimos sem sinalizar a terminal”, declarou o diretor do BC.

Ele limitou-se a dizer que o BC não está mirando o que os economistas e o mercado estão pensando sobre a Selic terminal. Galípolo assegurou também que o compromisso em perseguir a meta de inflação, de 3%, não foi flexibilizado.

“Não se flexibiliza compromisso com a meta, a meta é 3%.”

Guidance

Galípolo disse que o momento é de reforçar que a retirada do forward guidance de sua comunicação foi para ganhar mais alguns graus de liberdade.

No comunicado e na ata do Copom mais recentes, o BC mudou sua orientação de cortes da Selic em 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões (no plural) para apenas mais um corte na mesma magnitude na reunião de maio.

Para Galípolo, que participa nesta noite de evento promovido pela Necton, em São Paulo, “retirar o guidance sem nenhuma dor é impossível”.

Mas de acordo com ele, a retirada do guidance foi para o BC ganhar mais espaço para reagir com menos custo o desenrolar dos fatos.

“A intenção foi ganhar mais liberdade em função de aumento das incertezas. Olhamos para o máximo de dados possíveis e não há um dado que será o farol”, disse, acrescentando que as incertezas aumentaram, mas não a ponto de mudar a trajetória do BC.

Com informações do Estadão Conteúdo