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Febraban confirma apoio a manifesto empresarial em defesa da democracia
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) confirmou, nesta quarta-feira, que vai subscrever o manifesto empresarial “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, encaminhado à entidade pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O fato foi antecipado pelo GLOBO.
Em nota, a Febraban afirma que a decisão de apoiar o manifesto foi tomada por maioria de membros de suas instâncias de governança interna. A federação reúne 116 bancos, entre os quais estão os maiores do país, como os privados Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Safra e BTG Pactual, além dos estatais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
O manifesto tem sido articulado pelo presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, e um grupo de grandes investidores, empresários e advogados, e deve ser divulgado ainda nesta semana. Gomes consultou, na noite de segunda-feira, a diretoria da federação que preside e obteve, também, apoio majoritário ao texto.
O texto pretende mostrar que quaisquer ataques às instituições e ao estado de direito não têm respaldo das grandes empresas brasileiras e, apesar de não citar diretamente Jair Bolsonaro (PL), é uma crítica à retórica que o presidente tem adotado para questionar, sem provas ou respaldo na realidade, o sistema eleitoral brasileiro.
Diferentemente do manifesto articulado por juristas e pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo de São Francisco, o texto empresarial será mais curto, de até cinco parágrafos. Segundo o advogado e membro da Comissão Arns Oscar Vilhena Vieira, o documento empresarial foi articulado inicialmente por Gomes e por um grupo chamado Comitê de Defesa da Democracia, formado pelo próprio Vilhena e por nomes como a socióloga Neca Setubal; o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga; a cientista política Maria Hermínia Tavares de Almeida; e o ex-ministro da Segurança Pública Raul Jungmann.
Estão nesse mesmo comitê, ainda, figuras que já foram antagonistas na política brasileira, como os ex-ministros da Justiça Miguel Reale Júnior, um dos proponentes do pedido que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e José Eduardo Cardozo, ministro no governo Dilma e advogado da presidente no processo de impedimento.
As assinaturas no documento serão institucionais e, conforme informou O GLOBO, o texto já tem o apoio, além da Fiesp e da Febraban, da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e da Comissão Arns. Segundo pessoas familiarizadas com o assunto, o texto está em análise, ainda, por entidades como o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e o Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP).
Dirigentes empresariais da Abifa (associação que representa a indústria da fundição) e da Abinee (indústria elétrica e eletrônica) também devem analisar o documento.
Carta aos Brasileiros
Apesar de estar em gestação há mais tempo, o texto articulado pelo presidente da Fiesp e pelo Comitê de Defesa da Democracia será divulgado após a Carta aos Brasileiros, manifesto organizado por juristas, advogados e pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Este texto, que comporta adesões individuais, já foi assinado por mais de 70 mil pessoas, entre empresários e executivos, advogados, artistas, políticos, entre outros.
Entre os signatários desse documento estão ao menos dez ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre os quais Celso de Mello, Sepúlveda Pertence, Carlos Velloso, Carlos Ayres Britto e Eros Grau. A Carta aos Brasileiros é uma reedição do documento homônimo lido, em agosto de 1977, em pleno regime militar, pelo professor de direito Goffredo da Silva Telles Junior em frente no Largo de São Francisco, no centro de São Paulo, onde fica a Faculdade de Direito da USP. À época, a carta denunciava o autoritarismo e a ilegitimidade da ditadura militar e o estado de exceção no qual o país se encontrava.
Por Ivan Martínez-Vargas
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