Valorização do real deve ser uma das características de 2024, diz Itaú Asset

Entenda os motivos para o otimismo com o real para 2024

A valorização do real deve ser uma das tônicas do mercado no ano que vem. Segundo projeções para 2024 dos gestores da Itaú Asset Management, as divisas de países emergentes devem ganhar força, com a moeda brasileira sendo o grande destaque.

“O otimismo com a moeda brasileira vai além de questões como o Fed continuar cortando os juros”, disse Thomas Wu, economista-chefe da gestora Itaú Asset em evento promovido sobre projeções para 2024.

Wu destaca o agronegócio e o setor petrolífero entre alguns dos maiores responsáveis pela valorização do real no ano que vem. Os setores já haviam colaborado para a valorização da moeda brasileira anteriormente.

Segundo Bruno Serra, gerente de portfólio da gestora Itaú Asset e gestor do fundo Itaú Janeiro, “o real passou de R$ 5,80 para R$ 5,30 depois que a Petrobras (PETR3; PETR4) terminou o processo de desavalacagem. No meio de 2022, ela concluiu o processo e voltou a pagar dividendos enormes, quase R$ 200 bilhões naquele ano. Isso tudo é dólar que entra no país”.

Serra destaca ainda que, antes disso, o real estava descolado das demais moedas emergentes. Mais recentemente, a “safra espetacular” ajudou a dar novo fôlego ao real, com o câmbio passando para R$ 4,80. Nesse sentido, ele acredita em um “cenário bastante positivo para o real”, em 2024. “Além do que a gente conseguia imaginar seis meses atrás”.

Agro, petróleo e a valorização do real em 2024

Com relação ao agro, nos últimos anos, o setor aumentou seu investimento e viu crescer também a disponibilidade do crédito rural. O resultado disso já tem aparecido, com sustentação das exportações e resiliência do setor mesmo diante do cenário global adverso.

Além disso, o aumento da produção local de petróleo incluiu mais US$ 10 bilhões na balança comercial a favor do Brasil. E as projeções para 2024 são de novo crescimento da ordem de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões.

Com isso, o Brasil deve registrar um saldo comercial de US$ 85 bilhões a US$ 90 bilhões para o ano que vem, depois de um saldo comercial de US$ 95 bilhões em 2023. E sem risco de que intempéries climáticas afetem esse resultado, como acontece quando ele é baseado exclusivamente no desempenho do agro.

Esse movimento deve render ao Brasil déficit em conta corrente de 0,5% em 2024. “Isso é um patamar super baixo para o Brasil”, destaca Bruno Bak, gestor do Itaú Artax. Esse patamar de déficit em conta corrente havia acontecido pela última vez em 2008, pré-crise, quando o câmbio estava perto de R$ 1,60.

Isso tudo gera aumento da reserva de dólares por parte do Brasil e, portanto, valorização do real.

PIB, juros e inflação

Além disso, Bak destaca o desempenho do PIB para 2024, que não deve ser tão fraco quanto o imaginado pelo mercado anteriormente. O que deve incrementar o desempenho do real ante outras moedas.

Mariana Dreux, gestora do Itaú Hedge Plus, acrescenta que uma queda definitiva nos juros, como esperado para o ano que vem, “dá sinais de que a virada de ciclo dessa vez é de verdade”, com o aperto monetário global dos últimos anos arrefecendo, finalmente. Isso deve aumentar o interesse por ativos de países emergentes.

Além disso, a queda da inflação no mundo é outro fator que deve favorecer esses ativos, com destaque para a valorização do real. “O externo está mais benigno, o que dá mais conforto aos emergentes, em particular, ao Brasil”, diz Pablo Salgado, gestor do Itaú Optimus, fundo que tem migrado parte do seu portfólio da classe de ativos atrelados a juros para a relacionada com moedas.