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O que o mercado – consumidor – quer saber após o rombo de R$ 2̶0̶ ̶ 40 bilhões na Americanas está aqui
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Compras? Você pode se arrepender e devolver – mas tem prazo
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Se sumir dinheiro no AME, dá pra reclamar no Bacen
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BBB? Sem comida os brothers não vão ficar, te garanto
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A essa altura da semana você já deve estar sabendo do rombo de 2̶0̶ (mais sobre isso abaixo…) 40 bilhões de reais na Americanas (AMER3).
Descobertas não se sabe exatamente quando, as “inconsistências contábeis” (sic) foram anunciadas pelo departamento de relação com os investidores – na quarta, 11 de janeiro, e desde então, perguntas de todos os tipos pipocam nos neurônios dos mercados – tanto o financeiro, quanto o consumidor.
Com dúvidas, muita gente fez como você que está nos lendo e googlou, muuuito, fazendo com o que o termo que dá nome à marca (e às pessoas nativas do nosso continente, vale lembrar) atingisse o pico de interesse nos últimos 7 dias.
Reunimos aqui neste post as perguntas, identificadas com ajuda das ferramentas do oráculo da web, e algumas respostas, antes espalhadas pela web, devidamente creditadas. Bora lá?
Pra começar, a campeã de audiência.
O que aconteceu com a Americanas?
No vídeo abaixo, você pode ouvir do próprio Sérgio Rial porque em apenas 10 dias ele assumiu e renunciou o cargo de presidente da empresa.
Sem tempo, irmão?
Com a transcrição do vídeo, você também pode fazer como eu e pedir educadamente ao ChatGPT: “Por favor, pode me explicar o que aconteceu com a Americanas resumindo a transcrição do pronunciamento abaixo?“.
Ou que sabemos? Acompanhe os pontos e explore os links à seguir:
- Comparando rapadura com rapadura, R$ 20 bilhões da Americanas é uma dívida três vezes maior que da Vale. Já quando comparamos com o valor de mercado de uma empresa, o número é maior que o valor da própria Americanas – e também o de outras companhias, como Natura e Braskem. Veja outros comparativos para visualizar o tamanho do buraco.
- Quer se aprofundar na contabilidade? Entenda no detalhe o que é o tal de forfait, ou risco sacado, um serviço de antecipação de recebíveis oferecido por bancos e que seria uma das principais razões do enrosco ser uma bola de neve.
- Um plano chegou a ser apresentado por Sérgio Rial para começar a ̶d̶e̶s̶enrolar a situação com os bancos. No entanto, pouco após o fechamento do mercado, na sexta à noite, nova bomba: estaria próximo dos 40 bilhões o montante das dívidas.
- Essa info apareceu primeiro em um pedido feito à Justiça que concedeu uma liminar que suspende o pagamento antecipado aos credores. A relação azedou de vez e a Americanas tem 30 dias para entrar com um pedido de recuperação judicial. Os bancos, entretanto, já recorreram contra a decisão.
- Na segunda, 16, Sérgio Rial foi substituído por Luiz Muniz, sócio e chefe da América Latina do banco de investimentos Rothschild & Co.
Quem é “o contador” da Americanas?
Trending topic dentro e fora da comunidade contábil, esta questão também deve ter engatilhado sua curiosidade e possivelmente despertado o stalker de redes que todos temos. LinkedIn tem algumas pistas. Por lá, a ferramenta aberta de pesquisa contabiliza (trocadilho não intencional) entre os mais de 62 mil autodeclarados funcionários da Americanas, o número de 172 profissionais que inseriram contabilidade como setor de atuação em seus perfis.
Memes à parte, a pergunta é legítima. A resposta, no entanto, não é tão simples.
Para uma parte dos leitores que está começando agora no mundo dos investimentos é importante explicar que empresas negociadas na B3, a bolsa de valores brasileira, precisam cumprir uma série de regras para serem listadas por lá. Entre os requisitos para abrir o capital, elas precisam prestar contas de 3 em 3 meses em balanços financeiros divulgados de forma pública, disponíveis inclusive também via CVM, a autarquia que regula o mercado de valores no Brasil.
É óbvio, portanto, que empresas gigantes como a Americanas tem departamento financeiros parrudos e, além dele, também contam com terceiros para auditar seus balanços. Terceiros esses como a empresa que é protagonista da nossa próxima questão.
O que é a PwC?
Em suas palavras, a PwC é uma empresa de “auditoria e asseguração, consultoria tributária e societária, consultoria de negócios e assessoria em transações”. É ela quem presta serviços auditando as contas da holding fluminense Americanas S.A. e é responsável pelo último balanço.
Respeitada globalmente, as competências de alguns dos profissionais da subsidiária brasileira estão agora em cheque. Profissionais do mercado questionam como foi possível essa situação. Segundo o portal Dedução, referência no setor, a conduta dos envolvidos será investigada no Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro.
Além das questões técnicas que interessam principalmente ao mercado financeiro, há pelo menos três perguntas que o seu “eu consumidor” pode ter feito desde a quarta-feira.
Se comprar na Americanas, vou receber? Posso devolver?
Primeiro, calma.
Em um texto divulgado aos queridos da marca, a holding afirma que os “com 94 anos, a Americanas, através de seus negócios, das lojas à Ame e a Americanas.com, seguirá trabalhando duro para trazer a todos vocês, a melhor experiência no tempo e no preço que cada consumidor busca”.
Ou seja, por enquanto, eles garantem que nada muda nas operações e as atividades seguem normalmente.
Acreditamos no nosso propósito e na nossa responsabilidade, através da tecnologia e da nossa gente, de dar acesso a todos os 210 milhões de brasileiros e brasileiras, a um mundo fascinante de produtos e serviços, que caibam no bolso. Por aqui, seguimos pensando e trabalhando por você.
Americanas S.A. em comunicado aos clientes
Compra
Na prática, com a garantia de que as operações estão funcionando, os cuidados para realizar uma compra seguem os mesmos de qualquer loja e podem ser resumidos em: cheque sua reputação. Além de perguntar pros amigos mais próximos sua experiência com a marca, pela internet você pode contar com o conhecimento coletivo e o melhor lugar para isso continua sendo o ReclameAqui.
Veja abaixo um comparativo das lojas online, física e do marketplace da Americanas.
Pelo comparador do Reclame Aqui fica claro que o maior número de reclamações está no marketplace: quase 3 vezes mais.
Dica: se fosse você, evitaria a compra de produtos em marketplace, principalmente quando muito baratos. Desconfie! Neste modelo, o site é apenas um intermediário que vende produtos de parceiros e, em alguns casos, realiza apenas a entrega. Em outros, nem isso, ficando a cargo dos Correios o transporte.
Como identificar? Preste atenção logo no botão Comprar: “vendido e entregue por…” quem?
Segundo algumas reclamações que li de lá, entre os principais problemas listados no resumo que a ferramenta me trouxe, o atraso ou a não entrega de um produto estão nos mais frequentes. Já aconteceu comigo e, neste caso, melhor a cancelar a compra. Para entender mais do modelo, leia esta página.
Cancelamento, troca e ou devolução
Já fez a compra?
Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados
Artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor
Ou seja, se você se arrependeu e deseja devolver um item que comprou nos últimos 7 dias corridos, isto está garantido. Para mais informações, veja a página de Trocas e Devoluções da Americanas.
E o Procon?
Segundo reportado primeiro no UOL, até quinta, 12 de janeiro de 2023, foram registradas 325 reclamações no Procon-SP. Ou seja, uma média de 27 por dia. Este número está um pouquinho acima da média por dia da registrada em 2022, quando 8623 registros foram colhidos – 23 por dia. A acompanhar.
Segundo comunicado distribuído à imprensa, a entidade notificou a Americanas sobre a situação:
Além de informar até que ponto ficam comprometidas as compras efetuadas pelos consumidores e detalhar quantas pessoas serão afetadas, deverá esclarecer se as reclamações dos últimos 90 (noventa) dias na plataforma do Procon-SP tem relação com os problemas noticiados e, em caso positivo, qual o plano de ação da empresa para solução.
Comunicado do Procon-SP
Tenho cashback no Ame. Preciso me preocupar?
Se você, como eu, também ama um cashback, e tem uma conta com a Ame, fintech da Americanas, não é preciso correria. Como bem lembrou o jornal O Globo, fintechs são entidades reguladas pelo Banco Central, e caso aconteça alguma problema, há canais para botar a boca no trombone. Nesta página da instituição tem todos os caminhos e o fluxo bem explicadinho. Peguei um infográfico de lá que resume.
Quer sair? Open finance já é realidade e você pode também transferir seu dinheirinho para uma outra conta que possua. Em tempo: talvez seja a hora de pagar o IPVA por lá, que tal?
Patrocínio da Americanas no BBB. Como fica o mercaaaado?
Na tarde de sexta, 13 de janeiro, Wesley Gonsalves do jornal Estadão reportou a desistência da Americanas em patrocinar o programa. Segundo ele, a TV Globo foi comunicada da decisão por um grupo de executivos da varejista na manhã do mesmo dia.
Vários sites garantiam que o patrocínio estava de pé. De fato, um anúncio da Americanas estava sendo veiculado nos vídeos presentes na seção do programa na globo.com.
Segundo reportagem do Meio&Mensagem, o valor de uma cota de patrocínio do programa é de R$ 105 milhões de reais.
Um novo mercado no BBB!
Noticiado primeiro também no Estadão, o Mercado Livre assinou com a TVG para entrar na vaga deixada pela Americanas. O patrocínio foi confirmado nesta nota do g1.
Debêntures da Americanas. Devo comprar? Vender?
Esta reportagem do Raphael Coraccini, aqui na IF, traz as respostas. Em resumo: vai depender do seu perfil de investimento.
Esta reportagem será atualizada com novas questões, caso surjam. Tem uma? Me manda um tweet.
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