Posso fazer outros investimentos enquanto monto a reserva de emergência?

E mais: será que dá para guardar dinheiro mesmo ganhando pouco?

Ilustração: Renata Miwa
Ilustração: Renata Miwa

Vira e mexe aqui, na Inteligência Financeira, a gente fala da importância de se ter uma reserva de emergência. Afinal de contas, ninguém sabe o que pode acontecer amanhã. E aí, a dúvida que paira para milhares de brasileiros é: como guardar dinheiro, mesmo ganhando pouco?

Então, antes de mais nada, é preciso entender de uma vez por todas para que serve a reserva de emergência.

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“A reserva de emergência é a parcela do seu patrimônio destinada a imprevistos. Uma batida de carro, uma reforma emergencial não planejada, um período em que você precisa se ausentar do trabalho para cuidar de um parente querido… É um recurso aplicado em segurança e de fácil resgate”, esclarece Davi Ramos, CEO e sócio-fundador da Vante Invest.

Inclusive, qualquer pessoa pode e deve ter uma reserva de emergência. Em contrapartida, para pessoas que tenham menos estabilidade de emprego e salário, como no caso dos profissionais autônomos, micro e pequenos empreendedores individuais (MEIs), ela é ainda mais importante.

“Neste caso, recomendamos que nos melhores meses de trabalho alguma quantia dos lucros seja destinada à reserva de emergência, para que os piores meses nem sejam tão piores assim”, aponta Maria Rosenberg, CCO da Pontte.

Nem tudo é emergência

Aliás, é de extrema importância compreender o que são imprevistos.

Afinal de contas, comprar uma roupa nova, fazer uma viagem ou trocar de carro, por exemplo, não são emergências.

E o motivo de ter esse cuidado, veja só, é você não ficar sem dinheiro quando um imprevisto de fato aparecer.

Entretanto, diferentemente dos outros investimentos, na reserva de emergência, a prioridade não é a busca pela rentabilidade. Pelo contrário!

O intuito aqui é a segurança e a liquidez do produto no qual esse dinheiro estará investido.

Diante disso, a pergunta de milhões é….

Como guardar dinheiro ganhando pouco?

Parece uma matemática um tanto quanto complexa, mas não é bem assim.

Isso porque, o primeiro passo para conseguir guardar dinheiro ganhando pouco é examinando seus gastos e receitas.

“É hora de entender de onde dá para reduzir gastos – o famoso supérfluo – para conseguir guardar o que sobrar”, ensina Maria.

Ótimos exemplos para diminuir o valor do boleto todo santo mês é passar a comer mais em casa ao invés de almoçar fora ou cortar assinaturas que você pouco usa.

“Quanto as receitas, busque estratégias de como aumentá-las, formas de chegar a mais clientes ou maneiras de cobrar mais pelo seu serviço”, fala Ramos.

Quanto colocar na reserva de emergência

Inclusive, já aproveita esse estudo aprofundado que você fez sobre suas contas mensais para definir o montante mensal que irá guardar.

Afinal de contas, o que os especialistas recomendam é que você tenha guardado uma quantia equivalente a seis meses – pelo menos – de despesas fixas.

“Ou seja, se você ganha R$ 5 mil, por exemplo, e têm como despesas fixas R$ 3.200, você precisa de uma reserva de R$ 19.200”, ensina Maria.

Então, ao saber o quanto você precisa ter nessa reserva é que conseguirá delimitar o tempo exato para juntá-la.

“Você pode começar com uma porcentagem pequena dos seus ganhos, como uns 10%, por exemplo, e conforme for sentindo o impacto disso na sua vida, você diminui ou aumenta esse percentual”, acrescenta  a CCO da Pontte.

Qual o melhor investimento para reserva de emergência?

Como você já deve ter percebido, esse montante para os imprevistos deve estar alocado em um ativo financeiro mais conservador, sem chances de grandes perdas, e de rápida liquidez.

Ou seja, que você consiga resgatar parte ou o valor inteiro no mesmo dia, ou no máximo no dia seguinte.

“Os CDBs de liquidez e Tesouro Selic, por exemplo, cumprem muito bem seu papel para uma reserva de emergência”, recomenda o CEO da Vante Invest.

Outra alternativa bastante viável são os fundos de investimentos que aplicam o dinheiro exclusivamente em títulos públicos federais.

“Eles são conhecidos como ‘fundos DI’ e possuem taxas e prazos de resgate variados. Então, opte pelos de taxa zero e com resgate D+0 (ou seja, que a retirada do dinheiro acontece no mesmo dia)”, aconselha Nícolas Merola, analista de investimentos da Inv.

E aí, vale seguir a premissa de Hudson Bessa, economista e professor de estratégias financeiras e finanças corporativas da Faculdade Fipecafi, de que essa reserva não é para “render bem”. Ela é para as eventualidades.

“Portanto, é um dinheiro que não é para perder e deve estar protegido da inflação”, afirma.

Anota essa dica aí!

Como guardar dinheiro ganhando pouco agora, já

E é com esse conselho em mente, que fica a dúvida sobre qual ativo financeiro investir para a reserva de emergência nos dias de hoje.

Aliás, atualmente, com a taxa básica brasileira (Selic) mais alta, a 13,75% ao ano, investir em títulos de renda fixa se tornou um pouco mais vantajoso.

“Podem ser interessantes as LCIs, LCAs, os CDBs e algumas contas digitais também oferecem rendimentos sobre o valor guardado por lá. Mas é importante relembrar: invista numa aplicação de liquidez imediata, onde seja possível retirar os valores na hora que quiser”, argumenta Maria Rosenberg.

Para os apressadinhos de plantão

Diante da necessidade de montar uma reserva de emergência o quanto antes, será que tem como guardar dinheiro ganhando pouco e com rapidez?

A resposta é… sim! Mas, tudo isso irá depender principalmente do seu poder de poupança.

“Portanto, quanto maior o percentual da sua renda ser direcionado para a reserva, mais rápido você conseguirá constituí-la. Então, vale o esforço de cortar, mesmo que temporariamente, alguns luxos até que a formação dessa reserva seja concluída. Isso trará mais segurança pra você e pra sua família”, argumenta Merola.

Além disso, enquanto controla os seus gastos, procure formas de aumentar a sua renda e destine uma parcela maior desse montante para os investimentos.

Pode investir em outros ativos?

Muitas pessoas acabam tendo essa dúvida: se é recomendado aplicar parte do patrimônio em outros investimentos enquanto estiver montando a reserva de emergência.

E a resposta para tal questão é: não!

“O correto é primeiro focar todos os esforços na finalização da reserva de emergência. Assim, você fica mais tranquilo caso surja algum imprevisto, e não irá precisar entrar em dívidas. Feito isto, aí sim, pode começar a pensar em montar a sua carteira de investimentos”, ensina Felipe Moura, sócio e analista da Finacap.

Já tenho uma reserva, qual o próximo passo?

Agora que você entendeu como guardar dinheiro ganhando pouco e quais ativos financeiros investir para ter uma reserva de emergência segura, chegamos na próxima fase.

Quando a sua reserva de emergência estiver formada, é hora de pensar em construir suas carteiras de investimentos para outros objetivos.

Sejam eles de curto prazo, como uma viagem, por exemplo, médio prazo (aquisição de um bem), ou longo prazo (aposentadoria).

Caso você tenha um perfil mais conservador, pode dar prioridade a investimentos seguros de maior e menor liquidez, como ativos bancários com vencimento em 1 a 5 anos.

“Agora, se o perfil for mais arrojado, ele pode olhar para ativos de maior risco e, consequentemente, maior potencial de retorno, como fundos de investimento multimercado ou até ações”, indica Davi Ramos.

Para finalizar, lembre-se: se por ventura você precisar usar parte ou toda a reserva de emergência, volte algumas casinhas e retome a aplicação financeira.

Afinal de contas, nada é mais valioso do que botar a cabeça no travesseiro sabendo que você está resguardado de qualquer imprevisto.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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