Copa do Mundo e o seu bolso: churrasco em casa ou torcer fora?

Levantamento aponta a variação de preços dos bens e serviços que serão mais consumidos para acompanhar o mundial de futebol
Pontos-chave:
  • A energia ficou mais barata nos últimos 12 meses
  • Mas o preço da carne bovina está mais caro

A poucos dias da Copa do Mundo de 2022, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) levantou a inflação dos últimos 12 meses de bens e serviços que serão mais consumidos para acompanhar o esporte mais popular do mundo: itens de churrasco, eletrodomésticos e serviços de alimentação e comunicação.

A média da cesta registrou uma variação ligeiramente negativa (-0,94%), liderada pela forte deflação em energia elétrica (-19,59%) e nos serviços de comunicação (-3,07%).

O economista Matheus Peçanha, pesquisador responsável pelo estudo, aponta questões tributárias e climáticas para esse resultado. “O recente corte de ICMS foi fundamental para a queda desses dois setores. No caso da energia elétrica, a adoção da bandeira verde em abril de 2022, em substituição à bandeira de escassez hídrica — com a melhora do cenário climático e hidrológico — foi essencial para essa forte queda no preço”.

Dentro do grupo das comunicações, apenas os serviços de streaming registraram alta de quase 4%, movimento permitido devido ao aumento consistente de demanda durante e após a pandemia.

Porém, nem tudo serão flores para acompanhar a seleção canarinho rumo ao hexa, sobretudo na hora de celebrar com aquele churrasco. O aumento médio das carnes bovinas, suínas e bebidas ficou em 5,8% nos últimos 12 meses, acima da inflação geral medida pelo IPC-M que acumulou 5,02% no mesmo período.

Os vilões do churrasco ficam por conta das bebidas (10,36%), com destaque para a cerveja que subiu quase 11%; da linguiça (6,38%); do contrafilé (5,56%) e da picanha (4,69%).

No entanto, ainda é possível encontrar cortes que caíram de preço ou se mantiveram minimamente estáveis, principalmente entre os suínos, como o carré/bisteca (-3,88%), o pernil (-1,73%), a costela suína (-1,54%), o lombo (-0,12%), além do fígado bovino (-11,63%) e da costela bovina (-0,04%).

E quem decidir sair para torcer fora de casa, vai pagar mais caro: a alimentação na rua subiu em média 8,06% desde novembro passado, com destaque para as refeições em restaurantes (8,82%).

Peçanha explica que “após a pandemia, com o fim das restrições sanitárias e do retorno do trabalho presencial, muitos desses serviços tiveram a oportunidade de recompor suas perdas no período com o aumento da demanda”. “Além disso, os alimentos continuaram subindo em 2022, com foco para os laticínios no inverno, hortifrutis no primeiro quadrimestre e, mais recentemente, desde setembro deste ano”, disse.

Por fim, quem quiser trocar de eletrodomésticos ou eletroeletrônicos, ou mesmo comprar objetos de decoração ou esportivos para “entrar no clima”, encontrará os itens ligeiramente mais caros, mas com variação abaixo da inflação geral: eletrônicos e eletrodomésticos subiram em média 2,51%, enquanto itens de decoração acumulam 2,69% de aumento e os esportivos, 1,68%.

O único item que destoa dessa regra é a geladeira, que acumulou alta de 8,29%, nos últimos 12 meses.