Dólar: qual é a melhor estratégia para investir na moeda norte-americana?

Entenda se esse é um bom momento para investir na moeda

Chegando a menos de R$ 4,80, a queda do dólar no primeiro semestre de 2023 foi a maior em sete anos: de 9,27%. O que aconteceu com a moeda americana pode ser explicado por alguns fatores, que nós, da Inteligência Financeira, trazemos para você.

De acordo com Bruno Mori, economista e sócio fundador da consultora Sarfin, “o primeiro motivo está ligado ao cenário interno”.

Isto é, “com uma inflação mais controlada, o estabelecimento de novas regras para as contas públicas com o objetivo de gerar superavit e um ambiente político mais estável, com taxas de juros ainda relativamente altas”.

Para o especialista, esse ambiente cria condições para uma maior oferta do dólar no mercado e, portanto, para a desvalorização.

A queda da moeda também está ligada ao cenário externo e do comportamento do dólar em relação às outras moedas. “A cotação da moeda responde, dentre outros motivos, ao nível de taxa de juros que ela proporciona aos aplicadores/investidores”, diz.

“Como o Banco Central dos Estados Unidos parou (mesmo que momentaneamente) de subir as taxas de juros e os outros países continuam subindo, a tendência é de desvalorização do dólar em relação as outras moedas”, ressalta Bruno. 

É um bom momento para investir?

Na visão de Pedro Novaes, analista de ações da Komatu Gestora de Recursos, o dólar está em um patamar muito atrativo.

“É sempre importante dolarizar o patrimônio e não dá para ignorar este momento com a moeda nesses valores. Essa é uma ótima oportunidade para o investidor”, ressalta. 

Os caminhos para investir em dólar 

Além de comprar a moeda diretamente, também é possível investir em dólar via ETFs, fundos cambiais ou até mesmo tendo na carteira empresas com uma exposição grande e uma correlação com a moeda.  

“Comprar dólar físico só é recomendado para quem vai viajar. Para diversificar os investimentos, por proteção ou especulação, o ideal é comprar cotas de fundos cambiais e manter em carteira. É mais fácil, ágil e prático. O fundo vai seguir, basicamente, a cotação da moeda escolhida”, explica Bruno.  

De acordo com o especialista, comprar cotas destes fundos pode se tornar uma boa estratégia quando a cotação do dólar reverter a tendência de baixa. “O mais difícil é saber quando isso vai acontecer. Por isso, a recomendação é fazer com uma parte predefinida da carteira e acompanhar o mercado”. 

Ações lá fora 

Outra forma de investir em dólar é por fundo de investimento que aplica no exterior, como em ações. Na visão de Pedro, analista da Komatu Gestora de Recursos, há boas oportunidades na bolsa lá fora.

“Para quem tem vontade de ter exposição no setor de tecnologia e inteligência artificial, enxergamos na TSMC uma boa opção. Acreditamos que a empresa está com um preço mais atrativo que outras do mercado, como a NVIDIA”, ressalta o analista.  

Na visão dele, não há concorrentes à altura da companhia – o que a torna um bom potencial de investimento. “Ela consegue produzir uma tecnologia que nenhuma outra empresa no mundo consegue, na escala que ela consegue”, destaca. 

Queda do dólar: o cenário pode mudar?

Por mais que o contexto seja favorável, é importante prestar atenção em alguns pontos antes de investir. “Ainda temos grandes assuntos em pauta para o segundo semestre, como a reforma tributária e a dinâmica do fiscal brasileiro, que ainda está nebulosa. Não temos muita clareza, o que tira um pouco da confiabilidade do investidor”, explica Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais. 

O economista Bruno Mori destaca que o cenário de queda do dólar pode mudar rapidamente. “Como ainda é uma moeda que proporciona segurança aos investidores globais, em caso de crise é possível que o dólar passe a valorizar”, afirma.

“Para os investidores que gostam de ter parte do portfólio diversificado em moeda, por especulação ou busca de proteção, é recomendado adicionar uma posição pouco a pouco”, diz. A recomendação do especialista é definir um valor para a alocação e fazer aplicações parciais ao longo do tempo.