Como identificar as melhores oportunidades em renda fixa?

Em um cenário de inflação acima da meta do Banco Central e de juros com dois dígitos, os investimentos pós-fixados devem se destacar em 2023

Após um ano em que os ativos de renda fixa voltaram a ganhar a atenção de quem investe, algumas perguntas se destacam: como será o ano de 2023 para essa classe de ativos? Como identificar as melhores oportunidades em renda fixa?

O que saber antes de investir? E quais regras se atentar para ter bons resultados? Em um cenário de inflação acima da meta do Banco Central e de juros com dois dígitos, 2023 promete ser mais um ano favorável para esse investimento.

Como foi 2022 para a Renda Fixa? Vamos recapitular: depois de cinco anos, a rentabilidade dos títulos pós-fixados – aqueles indexados à taxa Selic ou ao CDI– alcançou o patamar de dois dígitos em 2022, com retorno de 12,4% no acumulado do ano.

Aliado à fraca performance do mercado acionário local e a um desempenho ainda pior dos ativos no exterior, a renda fixa ganhou atratividade e destaque nas carteiras de investimento. Contudo, alguns detalhes foram importantes para a composição dos investimentos em Renda Fixa neste período.

O Banco Central vinha elevando a taxa Selic desde março de 2021, buscando controlar a inflação. Assim, no início de 2022 a expectativa era de que a taxa de juros, até então em 9,25%, subisse um pouco mais e atingisse seu pico em 11,75%.

No entanto, os preços de commodities estiveram em alta na primeira metade do ano devido à guerra na Ucrânia e os preços de serviços também subiram, entre outros motivos, pelo processo de reabertura da economia no pós-pandemia.

No balanço dos acontecimentos, o resultado foi mais inflação e mais juros, fazendo com que a Selic chegasse aos atuais 13,75% a partir do mês de agosto.

Eu já te disse que esse cenário foi muito positivo para os títulos pós-fixados, não é? Mas por outro lado, esta surpresa para cima nos juros é negativa para quem já havia prefixado sua taxa de rentabilidade. Assim, os títulos prefixados e mesmo os títulos IPCA+ com prazos de vencimento longos foram os menos rentáveis dentro do universo da renda fixa.

Afinal, qual o cenário para investimentos em 2023?

Se 2022 foi o ano de nos surpreendermos com o patamar atingido pela taxa Selic, 2023 deve ser o ano de vermos os impactos da taxa de juros na economia.

No Brasil, é esperada desaceleração na atividade, com o PIB voltando ao ritmo de 1% de crescimento após ter avançado cerca de 3% em 2022.

Com riscos fiscais no radar, inflação de serviços ainda em patamar elevado e com taxa desemprego nos menores níveis dos últimos 8 anos, a inflação ainda não deve convergir à meta em 2023 e a perspectiva é de que fique pouco abaixo de 6%, assim como em 2022.

Ainda assim deve haver espaço para corte de juros pelo Banco Central, porém, somente no último trimestre do ano e em pequena magnitude, chegando a 12,5% em dezembro.

Quais as melhores opções na renda fixa em 2023?

Com o cenário projetado, parece claro que os investimentos pós-fixados deverão novamente se destacar, apresentando boa rentabilidade ao longo de 2023.

É importante, no entanto, ficar atento à liquidez destes investimentos e, diante de um cenário possivelmente volátil neste ano, dar preferência aos títulos pós-fixados com possibilidade de resgate diário.

Mas para você que já tem uma elevada parcela dos recursos em títulos pós-fixados, com liquidez, e tem um horizonte de investimentos de mais longo prazo, os títulos atrelados à inflação com prazos mais estendidos oferecem excelentes opções de taxa.

As taxas dos títulos prefixados estão elevadas e isso atrai muitos investidores. Contudo, um ponto de atenção! Especialmente os títulos prefixados com prazos de duração longos possuem elevada correlação com o mercado acionário, isto é: eles têm boa rentabilidade geralmente nos mesmos períodos e amargam baixos retornos nas mesmas épocas. Assim, antes de colocar algum deles no carrinho, lembre-se daquela máxima de não colocar todos os ovos na mesma cesta.

Dito isso, acredito que os títulos prefixados de médio prazo, com prazos entre 2 e 3 anos, são uma boa composição às carteiras de investimento.

Quais fatores se atentar antes de investir?

Estamos atravessando um período volátil para os mercados, com notícias constantemente alterando o humor dos investidores não somente no Brasil.

A inflação atingiu o maior nível dos últimos 40 anos nos Estados Unidos e as taxas de juros estão em alta por lá, como há muito tempo não se via.

A Europa também enfrenta muitas dificuldades; na China, a covid-19 ainda é uma realidade e, no Brasil, a discussão fiscal é o que preocupa os investidores.

São muitas variáveis que podem alterar o cenário projetado. Portanto, um pouco mais de conservadorismo nos investimentos e alocações em produtos condizentes com o seu objetivo de retorno e horizonte de investimento são regras mandatórias para navegar nestes momentos.

E para começar o ano bem entendendo tudo sobre essa classe de ativo, a minha dica para você é o curso Renda Fixa além do CDB, disponível gratuitamente na plataforma íon Edu.

Por Lucas Queiroz, CNPI, Analista do Itaú BBA e colunista íon. Texto originalmente publicado na coluna “Ideia Fixa”, no Feed de Notícias do íon Itaú. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.