Investimentos no exterior: conheça 9 mitos e verdades de investir fora do país

Há riscos, mas a estratégia pode funcionar para diversificação da carteira

Você já parou para pensar sobre investimentos no exterior? Também chamados de investimentos offshore, ao contrário do que muitas pessoas ainda acreditam, estes produtos não são mais aplicações para quem tem muito dinheiro, ou que entenda tudo do mercado financeiro.

Afinal de contas, há algum tempo o mercado de capitais tem passado por grandes transformações, derrubando burocracias, o que facilita a vida dos investidores.

E isto é perceptível quando a gente analisa a quantidade de ativos financeiros atualmente disponíveis aqui no Brasil.

Inclusive, alguns veículos que facilitam o acesso a ativos estrangeiros, como é o caso dos BDRs, ETFs, entre outros. Aliado a isto, temos também a maior preocupação dos brasileiros em relação à educação financeira.

Assim, o próximo passo nessa dinâmica das finanças pessoais é justamente a internacionalização, ou seja, investir fora do Brasil.

“A partir do momento em que você passa a aplicar no exterior, começa a acessar produtos diferentes do que a maioria dos brasileiros acessava há alguns anos”, analisa Ian Caó, sócio-fundador e CIO da Gama Investimentos.

Tipos de investimentos disponíveis no exterior

Diante disso, quando a gente pensa nos ativos financeiros que são mais procurados por quem quer investir no exterior, o primeiro que vem à cabeça são as ações.

“Porém, investimento direto em ações a gente recomenda que seja feito para o investidor que já tenha hábito em investir neste tipo de produto”, explica Marcela Ouang Greve, sócia e diretora de marketing da GeoCapital.

De acordo com a especialista, “o investidor assume as responsabilidade desta escolha, além de ter que fazer todo o controle tributário. Por isso, acaba exigindo um pouco mais de envolvimento direto com o produto”.

Mas se falta tempo para se dedicar às ações, existem também outras opções, como é o caso dos ETFs. “São fundos atrelados a algum índice de referência e que acabam facilitando o acesso ao mercado lá fora de forma massiva”, aponta Marcela.

Agora, se o seu perfil é um pouco mais moderado ou até mesmo conservador, fique tranquilo. Também existem opções para investir no exterior para quem é avesso a tantos riscos. Como é o caso dos produtos de renda fixa.

“Os investimentos em renda fixa têm sido os mais procurados. Isso porque a gente tem um cenário onde a taxa de juros americana atingiu o maior patamar, que não é visto há décadas. E aí, muita gente vem querendo aproveitar este cenário”, William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue e colunista da Inteligência Financeira.

Ele diz ainda que “desse modo, mais e mais brasileiros têm procurado preservar o seu capital em moeda forte e investindo em produtos de renda fixa global”.

Países mais procurados para investir fora do Brasil

Com certeza, os Estados Unidos estão em primeiro lugar quando o assunto é investir no exterior. “Afinal, querendo ou não, os EUA são o maior mercado do mundo. E os brasileiros, claro, querem investir na maior economia do mundo”, aponta Alves.

Mas fique sabendo que o dinheiro não fica só aplicado na terra do Tio Sam, não. Diversos brasileiros também têm diversificado sua carteira com aplicações na Europa e na Ásia.

“Quando você pensa em empresas, provavelmente a maioria delas que as pessoas vão conhecer em nível mundial vão estar nos Estados Unidos, e depois na Europa e algumas na China. Sem esquecer que estes são os maiores mercados e que possuem o maior capital do mundo. Então, é natural que esse lugares acabem atraindo mais dinheiro dos brasileiros”, afirma Caó.

Mitos e verdades de investir no exterior

Já deu para perceber que existem diversos motivos para investir fora do Brasil, certo? Mas não para por aí.

Por isso, nós, da Inteligência Financeira, com a ajuda de especialistas, separamos os principais mitos e verdades que permeiam o mundo dos investimentos no exterior. Confira!

Mitos de investir dinheiro fora do Brasil

1. Investir no exterior é caro

Antigamente, os valores indicados para que os investidores pudessem começar a aplicar fora do país eram muito altos. “Existiam investimentos com aplicação mínima de US$ 500 mil, US$ 1 milhão, e assim vai”, lembra o estrategista-chefe da Avenue.

Só que estas regras já não existem mais. “Dependendo da instituição financeira, é possível começar a investir fora do Brasil com US$ 50 ou US$ 100”, fala Alves.

2. É muito complicado

De acordo com Marcela, é preciso desmistificar esta ideia de que investir no exterior é algo difícil.

“Quando a gente fala em investir em ações fora do país via fundo de investimentos, por exemplo, nada mais é do que uma aplicação em um fundo de ações igual ao do Brasil. Você investe em reais por meio de uma plataforma que compra ações fora do país. Simples assim”, conta.

3. Menor controle sobre os investimentos

Muitas pessoas acreditam que quanto mais próximos estiverem de uma empresa, maior será o controle sobre os investimentos. O que não é verdade.

“Ao pensar desta forma, o investidor acaba investindo em uma empresa brasileira que nem faz tanto parte da vida dele. Ao invés de aplicar em uma companhia norte-americana ou europeia que já conhece bastante. E aí pode sair perdendo”, acredita Marcela.

4. Sempre terá retornos positivos

Se você pensa que investir no exterior só lhe trará ganhos, sabia que não é bem assim.

“O mercado de ações, seja aqui no Brasil ou lá fora, será sempre volátil. Portanto, pode sim de acontecer perdas ao investir em empresas gringas, assim como pode haver riscos ao aplicar em companhias nacionais. É muito importante ficar atento a isso”, alerta Lucca Ramos, assessor de Renda Variável da One Investimentos.

5. É ilegal

Agora, se você já ouviu falar por aí que aplicar parte do patrimônio no exterior não é legal, saiba que é um mito dos grandes.

“Não tem nada de errado fazer este tipo de investimento. Muito pelo contrário. Estas aplicações são superconsolidadas e muito utilizadas como proteção patrimonial de diversas famílias”, argumenta Alves.

Verdades sobre investir no exterior

1. Mais oportunidades

Ao aplicar o seu patrimônio em ativos que estejam em outros países, você aumenta as chances de ganhos. Afinal, muitos destes produtos não existem por aqui.

De acordo com Marcela Ouang Greve, atualmente, o Brasil representa apenas 3% da economia mundial e 1% do mercado de ações do mundo.

“Então, o investidor que opta por aplicar seu patrimônio só no Brasil, naturalmente está deixando de fora da carteira dele 99% de oportunidades do mundo”, conta.

2. Maior diversificação da sua carteira

Quando você passa a olhar para além das fronteiras brasileiras, consegue diversificar muito mais seus investimentos.

“Por exemplo: quando a gente pensa nos setores mais dinâmicos do mundo sem dúvida vem à mente a área de tecnologia, certo? O porém é que este setor – e outros que representam a maior parte do crescimento econômico mundial – possuem pouco acesso no Brasil”, diz Ian Caó.

3. Mais chance de ganhos

Ao ter mais acesso a outros investimentos, você também aumenta sua chance de ter uma carteira lucrativa. Por quê? Porque você não fica limitado aos produtos vendidos no Brasil.

O seu limite passa a ser o que o sistema bancário mundial tem a oferecer, dentro do seu perfil de risco, prazo e sonho.

4. Patrimônio preservado

Ao diversificar sua carteira com investimentos no exterior, você terá a chance de preservar seu patrimônio contra qualquer acontecimento que impacte o mercado brasileiro, como instabilidade política, econômica, entre outros fatores.

Será que investir no exterior é algo bom para você?

A resposta para esta pergunta, com certeza, ficará mais fácil depois destes mitos e verdades que trouxemos. Estude com calma a respeito deste tema e não hesite em buscar ajuda.

E lembre-se: investir fora do Brasil é mais um passo para deixar a sua carteira de investimentos ainda mais diversificada.