Juros devem continuar subindo

Ata do Copom é marcada por uma só palavra: "incerteza"
Pontos-chave:
  • Foco ainda é o controle da inflação
  • Há uma distância entre a expetativa de inflação feita pelo mercado financeiro e a do BC

A ata do Copom, divulgada nesta semana depois de o Comitê elevar os juros básicos do país para 12,75%, trouxe alguma luz para os investidores entenderem o que deve acontecer daqui para frente, ainda que essa luz esteja bem fraquinha. “Esta ata é mais clara do que a anterior, principalmente no que diz respeito aos próximos passos do Banco Central (BC). O mercado ficou com muitas dúvidas. O que temos agora é um documento mais claro”, disse Victor Vietti, especialista líder em investimentos do Itaú Unibanco, no Manhã Inteligente desta quarta-feira (11).

Segundo Victor, a ata reforça que os juros devem continuar subindo, mas em magnitude menor para controlar a inflação. “Desta vez, o BC põe peso nos indicadores de inflação para tomar uma nova decisão para a próxima reunião. Isso é bastante positivo porque fica claro que estão monitorando esses indicadores bem de perto”, afirma Victor.

De fato, o documento divulgado pelo Copom ressaltou que os dados de crescimento da economia estão dentro do esperado, mas que para os próximos meses deve se observar uma desaceleração devido ao aumento das taxas de juros. O Comitê menciona ainda os riscos globais, como a guerra na Ucrânia e a política de covid zero na China, que tem pressionando a inflação global.

Palavra de ordem é “incerteza”

“Mas o destaque da ata foi a quantidade de vezes que as palavras “incerto” e “incerteza” aparecem: nove vezes. Na ata anterior, eram 8. E na de fevereiro, 4. Ou seja: o próprio BC coloca dúvida sobre indicadores a serem divulgados. Há um gap entre expetativa de inflação feita pelo mercado financeiro, que vai de 8% a 8,5% para 2022, enquanto o BC trabalha com 7,3%”, pondera Victor. “De toda forma, nossa expectativa é de que haja mais dois aumentos nos juros brasileiros, que devem chegar a 13,75% no final do ano.”