Black Monday faz 35 anos: conheça a história da queda de 22,61% em um dia da Bolsa de NY

O dia em que a NYSE contaminou as bolsas ao redor do mundo

Exatamente hoje, o mundo comemora os 35 anos que a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) passou pela chamada Black Monday – ou Segunda-feira Negra.

No dia 19 de outubro de 1987, o índice Dow Jones da Bolsa norte-americana caiu, pasmem, 22,61%.

Só para você ter uma dimensão da gravidade desse fato histórico na economia, aqui no Brasil a B3 tem um mecanismo chamado circuit breaker, no qual toda vez que o Ibovespa cai 10% na comparação com o pregão da véspera, as negociações param por 30 minutos.

Aliás, não foram apenas naquelas terras em que o problema ocorreu. Mas também em outros locais, como Hong Kong, Austrália, Espanha, Reino Unido e Canadá.

O que foi a Black Monday?

Tudo começou entre o fim do ano de 1986 e início de 1987.

Isso porque, nesta época, a economia dos Estados Unidos vinha se recuperando de uma forte recessão, com rápido crescimento.

Porém, essa aceleração passou a ficar mais lenta já nos primeiros meses de 1987. Mesmo com o Dow Jones avançando de forma significativa.

Inclusive, para se ter uma noção, entre janeiro e agosto de 1987, o índice Dow Jones acumulava uma valorização de 44%.

Afinal de contas, no dia 25 de agosto daquele ano, o índice atingiu, até aquela data, o patamar histórico de 2.722 pontos.

Por outro lado, em outubro do mesmo ano, tudo mudou.

Tanto que em 14 de outubro de 1987, o Dow Jones caiu 3,8%. Já no dia seguinte, a queda foi de 2,4%. O que começou a gerar uma certa apreensão entre os economistas, investidores e analistas de mercado.

Já no dia 16 de outubro, mísseis iranianos atingiram um navio-tanque com bandeira dos EUA na costa do Kuwait.

Para se ter uma ideia, até a sessão de 16 de outubro, o Dow Jones já havia perdido 17% de seu recorde. Tanto que fechou a sexta-feira anterior a Black Monday com queda de 4,6% e 2.246 pontos.

A chegada de 19 de outubro de 1987

Depois de tantos índices negativos, a segunda-feira não poderia ter começado de outra forma. Ou seja, com forte pressão do mercado financeiro.

Além disso, os mercados asiáticos despencaram logo na abertura. A Bolsa de Hong Kong, por exemplo, estava em queda por conta da notícia de que navios militares norte-americanos haviam bombardeado uma plataforma de petróleo iraquiana no Golfo Pérsico.

Então, nessa data, a Bolsa de Nova York acabou seguindo a mesma tendência de queda, chegando ao patamar, considerado histórico, de 22,61% de declínio.

Aliás, com a chegada do fim de outubro, alguns dos principais mercados do mundo atingiram as seguintes quedas:

  • Hong Kong: 45,5%;
  • Austrália: 41,8%;
  • Espanha: 31%;
  • Reino Unido: 26,45%;
  • Estados Unidos: 22,68%;
  • Canadá: 22,5%.

E se você achou essas quedas assustadoras, vale lembrar que o mercado acionário da Nova Zelândia caiu 60%. E isto fez com que o país levasse anos para se recuperar.

Ainda faltam explicações concretas para a Black Monday

Com certeza você deve estar se perguntando os motivos que levaram à Segunda-feira Negra.

Porém, entre os especialistas, não existe ainda uma razão concreta para tantas quedas.

Para alguns, o problema pode ter sido causado por um aumento no preço do petróleo no ano anterior, desencadeado pelo colapso do cartel da OPEC (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

Por outro lado, há quem acredite que a Black Monday se deu por conta do uso da ferramenta “program trading”, que se tornou popular entre os grandes investidores juntamente com o crescimento do uso dos computadores pessoais.

Isso porque, o programa, ao verificar fortes baixas, acabava acionando diversas vendas para limitar as perdas. E isto pode ter sido um forte fator para o ocorrido em outubro de 1987.

Existe também outra teoria de que a queda das principais Bolsas de Valores do mundo foi causada, em sua maior parte, por uma crise de confiança em relação ao dólar.

Isto depois da quebra da Bolsa de Hong Kong e da disparidade de política monetária entre as nações desenvolvidas.