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Análise: Na discussão do governo sobre o novo arcabouço fiscal, proposta de Haddad deve vencer
Para o plano do ministro da Fazenda prevalecer, a proposta concorrente de Rui Costa, da Casa Civil, tem que perder
Já se sabe que Lula voltou ao poder com a promessa de resgatar a política.
Mas como controlar gastos?
A pergunta que será respondida pelo presidente da República, aparentemente, coloca em lados opostos os dois principais ministros do governo: Fernando Haddad e Rui Costa.
O ministro da Fazenda não quer que uma regra econômica sufoque decisões políticas que influenciam na escolha de onde gastar.
Mas, sabe que precisa dar sinais firmes de redução da dívida suficientes a ponto de agradar agentes econômicos e o Banco Central.
Haddad confia na proposta que saiu do próprio ministério, e aposta que se a regra ficasse conhecida antes da reunião do Copom, que começa amanhã, teria potencial para provocar da autoridade monetária, a sinalização de que o corte de juros poderia ocorrer ainda neste semestre, quem sabe na próxima reunião do Copom.
Ao longo das últimas semanas, Haddad se empenhou nas negociações com outros ministérios da ‘ala econômica’ e até mesmo com o presidente da Câmara, Arthur Lira.
Mas não discutiu o texto com a Casa Civil. E é Rui Costa quem puxa a pressão da ala mais expansionista de petistas por alterações no texto.
Dizem até que um rigor fiscal poderia fazer com que Lula seja acusado de cometer estelionato eleitoral.
Rui Costa vai cuidar do novo programa de investimentos do governo, um novo PAC, e não quer que a regra limite as entregas que precisa fazer.
Tudo indica que Lula vai tomar a decisão antes de viajar à China, no final da semana.
O presidente da República chegou ao terceiro mandato mais convicto da agenda social. Mas tem demonstrado em episódios recentes que não perdeu o pragmatismo que o caracteriza.
Assim como o marco fiscal, o debate sobre a reoneração de combustíveis colocou em lados opostos as alas econômica e política, no caso, Haddad e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Na ocasião, Lula escolheu não tornar Haddad um ex-ministro em exercício. De lá pra cá, o ministro da Fazenda vem se fortalecendo. Lula até deixou de falar sobre o Banco Central.
São sinais que, na aposta de integrantes do Planalto, tornam Haddad favorito na nova disputa. Se o ministro da Fazenda se mostrar incapaz de conseguir prevalecer no desenho final da regra de gasto, todo o governo sairá derrotado.
Barbara Baião é analista de política do JOTA
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