CSN: XP vê CMIN3 valorizando mais de 100%, mas BofA alerta sobre CSNA3

Bradesco BBI também se manifestou sobre os papéis e disse que CSN traz mensagens positivas, mas que setor pode ter opções melhores

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) apresentou um cenário otimista para as operações da CSN Mineração, com aumento de produção e redução de custos em meio às perspectivas de manutenção dos preços elevados do minério de ferro, diz a XP.

Os analistas André Vidal, Guilherme Nippes e Helena Kelm escrevem que a companhia deve produzir até 41 milhões de toneladas de minério ano que vem, ante 34 milhões neste ano, impulsionado por melhor desempenho da Usina Central e menos efeitos climáticos.

No lado negativo, a CSN revisou os planos de crescimento da CSN Mineração (CMIN3), esperando um crescimento significativo de volumes somente a partir de 2026 e necessitando de um maior desembolso de investimentos.

“Ainda esperamos um ambiente positivo para commodities, principalmente devido ao relaxamento das restrições da covid na China e um melhor desempenho do setor imobiliário em relação a 2022”, comentam.

A preferência dos analistas no setor de mineração ainda continua com Vale (VALE3), mesmo com os papéis da CSN Mineração com múltiplos atrativos, devido ao desembolso de capital, preocupações com riscos de execução e ceticismo sobre a futura alocação de capital.

A XP tem recomendação de compra para CSN Mineração, com preço-alvo em R$ 7,80, potencial de alta de 102% sobre o fechamento de ontem.

BofA: alavancagem traz preocupações

A CSN está focada em trabalhar alternativas de crescimentos nos próximos anos, ao mesmo tempo em que mantem a alavancagem controlada e aumenta o retorno aos acionistas, avalia o Bank of America (BofA). Porém, o banco alerta sobre a alocação de capital da CSN e o seu endividamento.

“Embora retornos mais altos para os acionistas sejam geralmente bem-vindos pelos investidores, o foco simultâneo no crescimento pode levar a alavancagem a níveis além da zona de conforto”, afirma o BofA.

A projeção de investimentos da CSN para 2023 ficou em R$ R$ 4,4 bilhões e depois passa para uma faixa entre R$ 5,5 – R$ 6,5 bilhões por ano entre 2024 e 2027.

A empresa pretende manter a alavancagem em 2x dívida líquida/Ebitda e com o tempo, reduzi-la para 1x dívida líquida/Ebitda. Porém, o BofA projeta que o indicador deve subir acima dessa meta, considerando uma perspectiva cauteloso para o mercado de minério de ferro, o desempenho operacional decepcionante na divisão de mineração e as preocupações com a alocação de capital da CSN.

Perspectivas para os dividendos

Sobre dividendos, a CSN reafirmou que busca pagar dividendos mais generosos, em linha com o que pagou em 2022, mas não se comprometeu com uma política oficial.

O banco observa que a empresa está negociando em cerca de 5,5x EV/Ebitda para 2023 e, portanto, haveria alternativas mais atraentes.

O BofA mantém a recomendação de venda sobre as ações da CSN (CSNA3), com um preço-alvo de R$ 16, uma valorização potencial de 16% sobre o preço atual dos papéis.

Bradesco: mensagens são positivas

A CSN deu ao mercado mensagens positivas para seus negócios de aço, minério de ferro e cimento, com alguns contratempos no plano de expansão do minério de ferro, avalia o Bradesco BBI em relatório.

“O crescimento está claramente de volta à agenda da empresa, depois de anos focando no endividamento e na venda de ativos, com oportunidades orgânicas/inorgânicas em todas as divisões, visando a aprimorar o mix de produtos e diversificar geograficamente”, afirmam os analistas Thiago Lofiego, Isabella Vasconcelos e Camilla Barder.

O banco avalia que os investimentos anunciados para os próximos anos foram maiores do que o esperado pelo Bradesco. A administração da siderúrgica enfatizou, no entanto, que continuará buscando manter a alavancagem (medida pela dívida líquida sobre o Ebitda) entre 1 vez a 1,5 vez e manter uma posição de caixa de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões.

China e mercado local animam

Os analistas destacam ainda que as mensagens sobre as tendências do mercado para 2023 são construtivas, apoiadas pela reabertura da China, com preços do minério de ferro em US$ 100 a US$ 110 por tonelada e preços internacionais do aço também se recuperando.

A perspectiva para demanda doméstica de aço é de alta, com um aumento de preço de 10% anunciado a partir de 1º de janeiro.

No mercado de siderurgia, o banco avalia que o plano de modernização de R$ 7,5 bilhões até 2028 visa melhorar a competitividade e a produtividade e crescimento da companhia, com foco na melhoria do mix e diversificação.

No minério de ferro, o Bradesco aponta os projetos adiados e o investimento de até R$ 13,8 bilhões para a fase 1, contra a meta anterior de R$ 12 bilhões. Em cimento, a expectativa é que sinergias relevantes comecem a ser capturadas em 2023, sem descartar maior crescimento.

O Bradesco BBI mantém a recomendação neutra para as ações da CSN e da CSN Mineração, com preço-alvo de R$ 17 para a CSN, alta potencial de 20% sobre a cotação anual. No segmento de aço e minério, o banco tem preferência por Gerdau e Vale.