Camila Farani diz viver momento mais desafiador como investidora de tecnologia

Presidente da boutique de investimentos G2 Capital considera que cenário exige cautela e reavaliação de operações

O cenário macroeconômico afetado por conflitos globais, alta de juros, da inflação, e eleições no Brasil, obriga investidores a serem mais cautelosos em seus investimentos e a repensarem suas operações. No entanto, a cautela tem um lado positivo, disse a empreendedora, investidora e educadora Camila Farani, presidente da boutique de investimentos G2 Capital, na Live do Valor.

A expectativa para o segundo semestre é “cautelosamente positiva”, disse a investidora.

“O momento que a gente vive, nos conselhos dos quais participo, é de cautela positiva. Não conheço nenhuma liderança que tenha um pessimismo grande. São otimistas cautelosos”, completou.

Farani diz viver “o momento mais desafiador de sua carreira como investidora de tecnologia”, mas que ao mesmo tempo vê o cenário atual como “um momento extremamente necessário”.

“O que tenho feito hoje é estar cada vez mais cautelosa para analisar os ativos nos quais vou investir”, disse. “Isso não quer dizer que o dinheiro acabou, pelo contrário”.

Na visão da investidora, o olhar para as startups ficou mais amplo e holístico, indo além da geração de caixa ou de “um movimento de tração via crescimento de usuários e de receita”.

Farani já investiu mais de R$ 40 milhões com co-investidores, pools de investimentos, além da sua própria holding, em cerca de 45 empresas. A empresária também é membro do Conselho de Administração das empresas PicPay e Tem Saúde, do Conselho de Marketing e Growth da NuvemShop, bem como sócia e investidora da Play9.

A queda na atividade de negócios das startups, segundo ela, equilibra um movimento de startups “de crescer muitas vezes em detrimento de preservar minimamente o caixa, com avaliações muitas vezes altíssimas – algumas beirando 100 vezes o múltiplo de faturamento”.

A presidente da G2 Capital diz que não é possível prever o fim do ciclo de cortes de custos e ajustes das startups, incluindo ondas de demissões, desde o início do ano, entre empresas no Brasil e no mundo, incluindo unicórnios com avaliações acima de US$ 1 bilhão.

“Vai durar o tempo necessário para que as empresas consigam equalizar geração de receita e aumento de produtividade de seus times”, disse. “Quando o cenário macroeconômico e as eleições começarem a baixar a poeira”, segundo Farani, os investidores devem retomar o apetite ao risco.

Startups de saúde, varejo, educação e agronegócios são áreas cuja digitalização foi acelerada na pandemia e que têm destaque no olhar dos investidores, segundo Farani.

Do lado das aplicações, blockchain e tokens não-fungíveis (NFTs) também mostram potencial, diz Farani, que foi uma das 25 pessoas escolhidas no Brasil para testar novas funcionalidades de NFTs da Meta, controladora do Facebook.