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Crise de energia faz bolsas fecharem em queda na Europa; só Londres se salva
A semana começou com as bolsas fechando em queda na Europa nesta segunda-feira (5), pressionadas pelos temores relacionados à crise energética no continente, depois que a estatal russa Gazprom anunciou que interromperá indefinidamente os fluxos de gás natural para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1, citando problemas técnicos.
A exceção foi Londres, que teve suporte da eleição da nova primeira-ministra, Liz Truss. Durante seu discurso de vitória, Truss prometeu “entregar” as promessas de seu partido, porém ela assume o país em momento crítico. O Reino Unido atualmente está à beira de uma recessão, com uma crescente alta nos custos de vida.
Congelamento de preços
“Precisamos mostrar o que vamos entregar nos próximos anos. Vamos cortar impostos e fazer a economia crescer. Vamos lidar com a alta dos preços de energia do momento e lidar com problemas de longa data no fornecimento de energia”, disse Truss em seu discurso de vitória.
É esperado que uma de suas primeiras ações como primeira-ministra seja o congelamento dos preços das contas de energia.
Entre os índices europeus, apenas o FTSE 100, da bolsa de Londres, conseguiu fechar o pregão em alta, recebendo algum suporte das expectativas de que a futura primeira-ministra do Reino Unido ofereça uma série de cortes tarifários quando assumir o cargo e de relatos de que ela estaria também considerando a possibilidade de implementar um pacote de gastos de 100 bilhões de libras para combater a disparada nos preços de energia.
Bolsas em queda
O índice Stoxx Europe 600 fechou em queda de 0,62%, a 413,39 pontos, enquanto o DAX, de Frankfurt, recuou 2,22%, a 12.760,78 pontos, e o CAC 40, de Paris, caiu 1,20%, a 6.093,22 pontos. Em Milão, o FTSE MIB recuou 2,01%, a 21.480,19 pontos, e o Ibex 35, de Madri, caiu 0,88%, a 7.862,70 pontos. Na contramão de seus pares, o FTSE 100, índice de referência da bolsa de Londres, subiu 0,09%, a 7.287,43 pontos.
A interrupção do fornecimento de gás pelo Nord Stream 1 eleva os temores sobre uma crise energética europeia e pressionou tanto os mercados acionários do continente quanto o euro, que recuou a novas mínimas de duas décadas.
“A decisão da Gazprom de fechar o Nord Stream 1 indefinidamente elevou os riscos enfrentados pela economia alemã, mas o tamanho do dano à economia ainda é altamente incerto”, disse Jack Allen-Reynolds, economista sênior para a Europa da Capital Economics.
“O pacote fiscal de 65 bilhões de euros anunciado pelo governo [alemão] reduzirá os impactos sobre a atividade econômica e limitará o efeito sobre a inflação. Esperamos que o BCE eleve os juros em 0,75 ponto percentual de qualquer maneira na quinta-feira.”
As perdas no Stoxx 600 foram bastante amplas, com quase todos os setores fechando o dia em terreno negativo. As ações de energia foram a exceção, acompanhando a alta nos preços do petróleo e subindo 2,17%, enquanto o setor automotivo liderou as perdas, com queda de 4,80%, e o bancário, de maior peso no índice pan-europeu, recuou 1,13%.
Aumento de 800% no gás
O gás natural apresenta um aumento de 800% em 12 meses para os consumidores europeus. Os preços praticados no velho continente operaram em nível recorde nesta segunda-feira, e a alta ultrapassou os 35% em relação a sexta-feira.
Os preços praticados na Europa operam em nível recorde nesta segunda-feira a 279,50 euros por megawatt, alta de 25% em relação a sexta-feira, embora abaixo dos 349 euros registrados há uma semana, na sequência do fechamento do gasoduto Nord Stream 1, responsável por levar até a Europa o gás importado da Rússia.
Ainda não há previsão para o gasoduto Nord Stream 1 voltar a operar. Ele deveria ter sido reaberto no sábado depois de um período de manutenção, mas, de acordo com autoridades russas, problemas técnicos forçaram o gasoduto a permanecer fechado sem previsão para reabertura.
Resposta russa
O fechamento do gasoduto ocorre em meio a discussões sobre corte de produção de petróleo e de imposição de teto de preços, dois pontos a que a Rússia se opõe.
Além disso, líderes europeus estavam preocupados que a Rússia estaria cortando o suprimento de gás em retaliação das sanções impostas pela invasão da Ucrânia, o que foi confirmado por autoridades russas. Nesta segunda, o governo Putin disse que o fornecimento de gás será retomado após fim das sanções do Ocidente.
Embora abaixo dos picos registrados há uma semana, o preço da energia está elevando as perspectivas de um agravamento da crise à medida que as famílias precisam de gás natural para aquecer suas casas no inverno no hemisfério norte, que se aproxima.
Muitas empresas estão interrompendo suas operações devido ao alto custo da energia no continente, sendo a última delas a ArcelorMittal, que fechou duas unidades de siderurgia na Alemanha, que anunciou neste fim de semana um pacote de 65 bilhões de euros para reduzir o impacto dos preços.
Queda do euro
Além de causar a queda das bolsas, a crise energética desvalorizou o euro para seu menor patamar em 20 anos após os investidores reagirem às notícias da paralisação do Nord Stream, o que aumenta a perspectiva de uma inflação ainda mais severa dos preços da energia e uma recessão na Europa.
O euro caiu abaixo da paridade com o dólar americano, para pouco mais de 99 centavos de dólar. “Tudo isso ofuscou um pouco uma grande semana para os bancos centrais”, observou Jim Reid, estrategista do Deutsche Bank.
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