Bolsas de NY fecham dia e mês no vermelho; Dow Jones cai mais de 4% em fevereiro

Indicadores divulgados nesta terça impactaram bolsas de NY

Os principais índices acionários de Nova York seguiram caminhos mistos ao longo da maior parte desta terça-feira (28), mas voltaram a caminhar para o campo negativo juntos ao final do pregão, consolidando um mês de perdas no último dia de fevereiro.

No dia, o Dow Jones caiu 0,71%, o S&P 500 cedeu 0,30% e o Nasdaq desceu 0,10%.

No mês, a queda foi de -4,19% para o Dow Jones. O S&P 500 fechou fevereiro com desvalorização de 2,61% e o Nasdaq caiu 1,11%.

Índice de compras tem nova contração

As movimentações do dia estiveram relacionadas à divulgação de índices econômicos, entre eles, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de Chicago, medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), caiu de 44,3 em janeiro a 43,6 em fevereiro, aprofundando seu ritmo de contração, indicado pela leitura abaixo de 50 pontos. O número contrariou a expectativa de alta a 45,0 de analistas consultados pelo “The Wall Street.

Após a divulgação, as bolsas de NY, que abriram todas em queda, passaram a oscilar entre leves ganhos e perdas, ao passo que os investidores aproveitam a última sessão do mês para tentar recuperar parte das fortes perdas das últimas semanas, geradas pela percepção sobre a economia americana e seu impacto na política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano).

“A percepção crescente até fevereiro foi de que, na verdade, a economia dos EUA não está respondendo suficientemente aos aumentos do Fed até agora”, disse Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset Management. “E isso significa que o mercado de trabalho continuou a se contrair e que, como resultado, as pressões inflacionárias ainda estão quentes e pesadas e simplesmente não devem desacelerar”, completa.

Confiança do consumidor cai mais que o esperado

O índice de confiança do consumidor dos EUA medido pelo Conference Board recuou de 106,0 em janeiro (dado revisado) a 102,9 em fevereiro, informou a entidade há pouco.

O resultado contrariou a expectativa de alta a 108,5 de analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”.

Já o índice de condições atuais, baseado em avaliações de consumidores sobre a situação dos negócios e do mercado de trabalho, aumentou de 151,1 a 152,8 no mesmo intervalo.

Por fim, o índice de expectativas de consumidores recuou 76,0 a 69,7. De acordo com o Conference Board, níveis abaixo de 80 costumam sinalizar recessão para o ano seguinte. Fevereiro é o 11° mês dos últimos 12 em que o dado fica abaixo desse patamar.

“Os consumidores podem estar mostrando os primeiros sinais de redução de gastos diante dos preços altos e do aumento dos juros”, comenta o diretor-sênior de economia do Conference Board, Ataman Ozyildirim. ”Menos consumidores planejam comprar casas ou automóveis e também parecem estar reduzindo os planos de comprar grandes eletrodomésticos”, completa.

Custo de moradia sobe aquém da estimativa

O índice da S&P e Case-Schiller que mede o custo de moradias nas 20 principais cidades dos EUA subiu 4,6% no acumulado de 12 meses encerrados em dezembro, divulgou a empresa há pouco.

O número veio abaixo da previsão de analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”, de 5,2%, e desacelerou após a alta anual de 6,8% em novembro.

Considerando apenas as 10 principais cidades americanas, o índice teve alta anual de 4,4% em dezembro, de 6,3% no mês anterior

No índice nacional composto, o custo de moradias nos EUA recuou 0,3% em dezembro ante novembro.

“O esfriamento nos preços das residências que começou em junho de 2022 continuou até o final do ano, já que dezembro marcou o sexto mês consecutivo de quedas em nosso Índice Nacional Composto”, apontou Craig J. Lazzara, diretor administrativo da S&P Dow Jones Índices.

Atividade industrial acima da expectativa

O índice de atividade industrial medido pelo Federal Reserve (Fed) de Richmond recuou de -11 em janeiro a -16 em fevereiro, segundo informou a distrital há pouco.

O resultado contrariou a expectativa de alta a -7 de analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”, além de sugerir aprofundamento da contração na atividade industrial da região.

Entre os três componentes que compõem o índice, o de remessas empurrou a queda ao passar de -3 a -15 no intervalo citado. Já o índice de empregos declinou de -3 a -7, enquanto o de novas encomendas permaneceu em -24 em fevereiro, segundo o Fed de Richmond.

O setor privado da região permaneceu pessimista quanto às condições atuais, cujo índice permaneceu em -13 em fevereiro. No entanto, as expectativas para o período de seis meses à frente mostrou melhora significativa e voltou a território positivo pela primeira vez desde março de 2022, afirmou o Fed de Richmond.

Déficit comercial sobe

O déficit comercial dos EUA aumentou 2%, a US$ 91,5 bilhões em janeiro ante dezembro, segundo dados preliminares divulgados hoje pelo Departamento do Comércio.

As exportações americanas de bens em janeiro somaram US$ 173,8 bilhões, US$ 7,0 bilhões acima do volume de dezembro. Já as importações subiram US$ 8,8 bilhões no mesmo intervalo, a US$ 265,3 bilhões.

Segundo o economista-sênior para EUA da Pantheon Macroeconomics, Kieran Clancy, o déficit comercial veio US$ 500 milhões acima do que apontava o consenso de analistas.

O “pequeno aumento” no déficit comercial em janeiro vem após as enormes oscilações do ano passado, destaca Clancy. Segundo ele, isso apoia sua visão de que o comércio exterior dará uma contribuição muito menor para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)dos EUA em 2023.

Já os economistas Matthew Martin e Ryan Sweet, da Oxford Economics, destacam os aumentos de 4,2% no volume de exportações e de 3,4% nas importações em janeiro ante dezembro.

Eles, no entanto, não esperam que isso marque uma recuperação sustentada no fluxo comercial americano, embora sugira que a economia do país carregou o impulso do fim do ano passado no começo de 2023.